Especialista em mariologia explica significado do dogma e salienta a importância do católico ter o conhecimento sobre ele
Fernanda Lima
Da Redação
Neste domingo, 8, a Igreja celebra os 170 anos da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, um dos pilares da fé católica. A definição do dogma foi realizada por meio da bula papal “Ineffabilis Deus“, na qual o Papa Pio IX declarou que a Virgem Maria, desde o primeiro instante de sua concepção, foi preservada do pecado original por uma graça especial concedida por Deus.
A Solenidade da Imaculada Conceição é celebrada em meio ao tempo do Advento, próximo ao Natal do Senhor. A Virgem Maria, na sua aparição em Lourdes, em 1858, confirmou a definição dogmática dizendo para Santa Bernadete: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
O especialista em mariologia, padre Rafael Augusto Linhares, afirma que o dogma é uma verdade de fé eterna. “O dogma não é uma invenção da Igreja, que num determinado tempo decide declarar com verdade alguma coisa. A declaração de um dogma é a ratificação de uma verdade eterna”, declara.
De acordo com o sacerdote, para que a Igreja possa declarar um dogma, alguns critérios são fundamentais. “Primeiro, a Igreja investiga se aquela crença está na história da Igreja, na tradição viva do povo de Deus, e isso mostra se aquilo que está sendo estudado como dogma é fé tradicional da Igreja Católica em todos os lugares do mundo. A segunda coisa é se este tema possui embasamento na Sagrada Escritura. Por fim, é importante refletir com o Magistério da Igreja sobre o tema, tendo em vista a unidade do depósito da fé”, pontua.
Após esses passos, a Igreja sente-se segura de desenvolver, com o auxílio dos bispos e teólogos, os argumentos razoáveis para que os fiéis adquiram o mínimo entendimento sobre os mistérios da fé.
Dogmas Marianos
Segundo padre Rafael, os dogmas referentes ao papel da Virgem Maria na história da salvação têm a sua origem na Cristologia. Por isso, se um fiel nega algum dogma mariano, estará ferindo a sua fé em Cristo. O sacerdote explica que, desde a antiguidade, a Igreja chama Maria de ‘Imaculada’ ou ‘Toda Santa’. Porém, sempre foi difícil dizer que Maria foi concebida sem pecado original. Por isso, os santos e doutores da Igreja, naquela época, não ousavam em usar o termo “Imaculada Conceição”, pois ainda não havia um desenvolvimento teológico que explicasse como Maria teria participado da obra redentora.
“Por isso, a Igreja caminha neste mundo na penumbra da fé, isto é, caminhar com uma convicção de fé tão grande que não é preciso de provas científicas para afirmar ou comprovar a existência ou a veracidade de tal mistério. Isto é viver de fé”, enfatiza.
Padre Rafael recorda que ter um bom conhecimento da fé é essencial para os católico e faz com que ele tenha uma vida equilibrada segundo o Evangelho, sem extremismos e todos os males que eles trazem para a Igreja. “Todo católico possui um dever moral de conhecer minimamente a sua fé. Não é necessário fazer uma graduação de teologia, mas estudar o Catecismo da Igreja Católica. O católico bem formado será alguém que terá uma fé profunda e uma prática de vida segundo o Evangelho”, conclui.