Francisco enviou uma mensagem à conferência em Roma que reuniu cardeais e especialistas para discutirem as mudanças climáticas e os efeitos sob os mais vulneráveis
Da redação, com Vatican News
Cerca de 30% da população mundial foi exposta a ondas de calor mortais por mais de 20 dias a cada ano, de acordo com o Programa Ambiental da ONU.
Em um seminário realizado em Roma nesta quinta-feira, 28, organizado pelas embaixadas de Cuba, Bolívia e Venezuela na Santa Sé, vários cardeais e representantes desses países se reuniram para discutir os impactos globais da crise ambiental em andamento.
O Papa Francisco enviou uma carta aos participantes, emitindo-lhes um aviso: a mudança climática afeta as “nações mais pobres” e seus sinais “não podem ser escondidos ou disfarçados”.
O homem não deve ser um tirano
Falando sobre a crise ambiental que se deteriora e que o mundo enfrenta, o Cardeal Robert Francis Prevost, presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina e Prefeito do Dicastério para os Bispos, enfatizou que é hora de passar “das palavras à ação”. O religioso disse que a resposta a esse desafio deve ser baseada na Doutrina Social da Igreja.
“O domínio sobre a natureza” — a tarefa que Deus deu à humanidade — não deve se tornar “tirânico”. Deve ser uma “relação de reciprocidade” com o meio ambiente, disse ele.
O cardeal alertou contra as consequências “prejudiciais” do desenvolvimento tecnológico e reiterou o compromisso da Santa Sé
com a proteção do meio ambiente, enumerando exemplos, como o Vaticano instalando painéis solares e mudando para veículos elétricos.
A mudança climática é ‘inegável’
O cardeal Peter Appiah Turkson, chanceler da Pontifícia Academia de Ciências, enfatizou a vocação da humanidade para cuidar do meio ambiente. “O mundo não é um acidente, mas um ato intencional de Deus” e todos são chamados a ser um “cocriador”.
O cardeal enfatizou que os mais afetados pela mudança climática são os mais vulneráveis. A maneira como o meio ambiente tem sido tratado, disse o cardeal Turkson, é “um exemplo trágico e gritante de pecado estrutural”.
Como encarar o futuro
Várias organizações estão trabalhando para implementar os princípios da Laudato si’ para apoiar os mais vulneráveis em meio à crise climática.
Na Venezuela, Josué Alejandro Lorca Vega, Ministro do Poder Popular para o Ecossocialismo, descreveu como os jovens estão sendo educados sobre sustentabilidade ambiental para receber as ferramentas necessárias para fazer sua parte.
Com a reunião da COP29 recém-encerrada, Pedro Luis Pedroso Cuesta, Diretor Geral Adjunto de Assuntos Multilaterais e Direito Internacional do Ministério das Relações Exteriores de Cuba, chamou sua resposta à crise climática de “fragmentada” e inadequada, pois nenhum “marco financeiro” foi delineado para oferecer ajuda aos países em desenvolvimento.
O Diretor Adjunto aplicou uma frase dos revolucionários cubanos à mudança climática, enfatizando a necessidade de ação imediata: “Amanhã já será tarde demais para abordar o que deveríamos ter feito há muito tempo.”