Francisco visitou Pontifícia Universidade Gregoriana nesta terça-feira, 5, e deixou uma série de recomendações à comunidade acadêmica
Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco visitou a Pontifícia Universidade Gregoriana nesta terça-feira, 5, e encontrou-se com a comunidade acadêmica. A visita se deu por ocasião do Dies Academicus e também da incorporação do Collegium Maximum, do Pontifício Instituto Bíblico e do Pontifício Instituto Oriental numa única universidade.
Em seu discurso aos presentes, o Pontífice fez algumas críticas e sugestões. Entre elas, pediu por “menos cátedras, mais mesas sem hierarquias”; palavras, olhares e pensamentos “desarmados”; uma doutrina que seja “viva” e não “aprisionada num museu”, e um ensino que seja um “ato de misericórdia” e nunca algo feito “de cima para baixo”, ciente também dos riscos da Inteligência Artificial; uma “Teologia da esperança” enquanto “o mundo está em chamas” e “a loucura da guerra cobre toda esperança com a sombra da morte”.
O Santo Padre também falou sobre o aspecto da missão, sublinhando que “é o Senhor quem a inspira e sustenta”. “Este é um lugar onde a missão deve ser expressa através da ação de formação, mas colocando o nosso coração nisso. A formação é, sobretudo, cuidar das pessoas e, portanto, discreta, preciosa e delicada ação de caridade. Caso contrário, a ação formativa transforma-se num intelectualismo árido ou num narcisismo perverso, numa verdadeira concupiscência espiritual onde os outros existem apenas como espectadores que aplaudem, caixas a serem enchidas com o ego de quem ensina”, expressou.
Olhar e sentir a história concreta
Na sequência, Francisco refletiu sobre a situação atual em que o mundo se encontra, especialmente em relação às guerras. “A promessa de salvação está ferida, esta palavra ‘salvação’ não pode ser refém de quem alimenta a ilusão, declinando-a com vitórias sangrentas”, afirmou, pedindo que “desarmemos as nossas palavras” e indicando que “precisamos recuperar o caminho de uma teologia encarnada”.
O Papa também recomendou que seja gerada uma sabedoria que não nasça de ideias abstratas, concebidas apenas em uma escrivaninha, mas que olhe e sinta as dificuldades da história concreta. “Agora é a hora de todos nós sermos humildes, de reconhecer não saber, de precisar dos outros, especialmente daqueles que não pensam como eu”, observou.
O Pontífice insistiu ainda no diálogo para criar pontes e em uma “diaconia da cultura a serviço da recomposição contínua dos fragmentos de cada mudança de época”. Mais uma vez, recordou a importância da oração, fundamental para toda missão, e pediu que o humor não seja esquecido, pois “um homem que não tem senso de humor não é humano”.
Por fim, o Santo Padre exortou a comunidade acadêmica a ajudar os alunos a não se perderem nos “labirintos intelectualistas” e na “acumulação nocional”, mas a “continuarem com o gosto pela ironia” para saborearem o mistério. No final do encontro, o Papa atribuiu prêmios acadêmicos a alguns estudantes pelas três missões da Universidade.