Aos comunicadores católicos, Papa destaca princípios da verdade, justiça e paz, e os exorta a testemunhar a esperança e a fé no mundo de hoje
Da redação, com Vatican News
“O chamado é para uma tarefa grande e entusiasmante, que é ao mesmo tempo vocação e missão”, afirmou o Papa Francisco aos cerca de 300 participantes da Assembleia Plenária do Dicastério para a Comunicação, recebidos em audiência nesta quinta-feira. 31.
Ele destacou que os comunicadores são chamados à grande tarefa “de construir pontes, quando tantos erguem muros; de promover a comunhão, quando tantos fomentam divisão; de se deixar envolver pelos dramas do nosso tempo, quando tantos preferem a indiferença. E essa cultura da indiferença, essa cultura de ‘lavar as mãos’, do ‘não cabe a mim. Deixe que se virem’… Isso dói muito!”.
Francisco começou seu discurso recordando uma passagem da Liturgia de hoje: “Ficai alerta, à cintura cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça” (Ef 6,14-15), e afirmou que este poderia ser o kit de identidade de um bom comunicador: aquele que é firme na verdade e na justiça e pronto para propagar o Evangelho.
Além de slogans
Criatividade, tecnologia usada de forma “inteligente”, mas, acima de tudo, o coração são ferramentas fundamentais para os colaboradores da mídia do Vaticano, continua Francisco, para que o amor de Deus possa reverberar em cada expressão da vida comunitária, longe de esquemas políticos ou corporativistas.
O Papa também destaca a concretude de uma profissão que também deve lidar com “as dificuldades econômicas e a necessidade de reduzir despesas”. E afirmou que, por trás de tudo isso, há um “sonho”: o sonho de uma comunicação que conecta “pessoas e cultura”, que conte e valorize “cada canto do mundo”.
O convite de Francisco é para sair, ousar, arriscar mais, abrindo mão um pouco de si mesmo para dar espaço ao outro e para contar a realidade “com honestidade e paixão”, com competência e curiosidade:
“Sonho com uma comunicação feita de coração a coração, deixando-nos envolver pelo que é humano, deixando-nos ferir pelos dramas que tantos de nossos irmãos e irmãs vivem. (…) Sonho com uma comunicação que saiba ir além dos slogans e mantenha os holofotes acesos sobre os pobres, os últimos, os migrantes, as vítimas da guerra. Uma comunicação que promova a inclusão, o diálogo e a busca pela paz”.
Encontro real x virtual
O Papa destacou que o desafio é também o das novas linguagens e caminhos que habitam o mundo digital: “os comunicadores não devem temer a mudança, desde que isso não signifique banalizar ou ‘substituir’ no encontro on-line ‘a beleza’ das relações ‘reais, concretas, de pessoa a pessoa’, aquelas tecidas segundo o estilo evangélico”, enfatizou.
Ele pediu aos comunicadores que o ajudem a “tornar o Coração de Jesus conhecido no mundo, por meio da compaixão por esta terra ferida”. (…) E também pediu ajuda para que a “comunicação seja uma ferramenta para a comunhão”.
A esperança das histórias do bem
Finalmente, o último – mas não menos importante – chamado indicado por Francisco é a esperança:
“Apesar do fato de o mundo estar abalado por uma violência terrível, nós, cristãos, sabemos como olhar para as muitas chamas da esperança, para as muitas pequenas e grandes histórias do bem”.
E são a esperança e a fé, portanto, as virtudes que os comunicadores cristãos são exortados a testemunhar no mundo de hoje, especialmente em vista do Jubileu iminente.