Nesta quinta-feira, 17, Francisco encontrou ministros e delegados do G7 que participam de encontro sobre Inclusão e Deficiência em Úmbria, na Itália
Da redação, com Vatican News
“Toda pessoa é um dom precioso para a sociedade”, afirmou o Papa Francisco aos ministros e delegados do G7, que participam de encontro sobre Inclusão e Deficiência. Eles foram recebidos em audiência no Vaticano, nesta quinta-feira, 17.
Durante três dias na região da Úmbria, na Itália, o grupo se reuniu com o propósito de assinar a Carta de Solfagnano, um documento de 13 páginas, subdividido em 8 capítulos, que delimita questões prioritárias sobre a inclusão e os direitos das pessoas com deficiência para serem inseridas na agenda política de ministros e delegados dos sete países, além da União Europeia e outras quatro nações: Quênia, Tunísia, África do Sul e Vietnã.
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Os temas tratados no encontro do G7 são fundamentais, como a “inclusão, acessibilidade, vida independente e valorização das pessoas”, disse o Pontífice. Eles “vão ao encontro da visão da Igreja sobre a dignidade humana”.
Habilidades diferentes
Em seu discurso, o Papa também demonstrou gratidão e apreço pelo “compromisso em promover a dignidade e os direitos das pessoas com deficiência”. “Ninguém deve ser vítima da cultura do descarte, ninguém. Essa cultura gera preconceito e causa danos à sociedade”, advertiu.
Francisco afirmou que não gosta muito da “palavra ‘deficiência’”, mas sim do termo “habilidades diferentes”. “Em vez de falar sobre ‘incapacidade’, falemos sobre diferentes capacidades. Mas todos têm capacidades. Lembro-me, por exemplo, de um grupo que veio aqui, de uma empresa, um restaurante; tanto os cozinheiros quanto os que serviam o refeitório eram todos rapazes e moças com deficiência. Mas faziam o trabalho muito bem, muito bem”.
Inclusão deve ser prioridade
O Pontífice, então, ressaltou que a inclusão de pessoas com deficiência deve ser reconhecida como uma prioridade por todos os países. Além de adaptar as estruturas, Francisco destacou que é preciso mudar “a mentalidade” da sociedade com uma “acessibilidade universal”, de modo que todas as barreiras físicas, sociais, culturais e religiosas sejam removidas, desde a infância até a terceira idade.
“Garantir serviços adequados às pessoas com deficiência não é apenas uma questão de assistência – aquela política de assistencialismo: não, não é isso – mas de justiça e respeito à sua dignidade. Todos os países, portanto, têm o dever de garantir as condições para que cada pessoa se desenvolva integralmente, em comunidades inclusivas”.
Mercado de trabalho
O Santo Padre também comentou sobre diferentes ferramentas de acessibilidade, a partir da temática das novas tecnologias até a garantia de um sistema de prevenção e resposta a pessoas com deficiência em emergências ligadas a conflitos e crises climáticas.
Ao tratar da inclusão no mercado de trabalho, o Papa enalteceu a importância de se aproveitar ao máximo as habilidades de cada um, oferecendo oportunidades de trabalho decente:
“Uma forma grave de discriminação é excluir alguém da possibilidade de trabalhar. O trabalho é dignidade, é a unção da dignidade. Se você exclui a possibilidade, você tira isso. O mesmo se pode dizer sobre a participação na vida cultural e esportiva: isso é uma ofensa à dignidade humana.”
Visita
Após audiência com o Papa Francisco, os ministros do G7 sobre Deficiência e Inclusão visitaram o palacete Marconi nos Jardins Vaticanos, sede do museu histórico da Rádio Vaticano. Ao dar as boas-vindas à delegação liderada pela ministra italiana para deficiências, Alessandra Locatelli, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, desejou que os ministros continuem trabalhando juntos “por um futuro no qual cada pessoa, independentemente de suas habilidades, possa se sentir parte integrante da comunidade”.
A visita ao museu da Rádio Vaticano foi acompanhada de um café da manhã oferecido pela Conferência Episcopal Italiana (CEI) e preparado pelos jovens da “Locanda dei Girasoli”, um serviço de bufê que combina culinária de qualidade com a inclusão de jovens com síndrome de Down, síndrome de Williams e outras deficiências cognitivas.
O evento também contou com a presença do vice-presidente da CEI, Dom Erio Castellucci, e da chefe do Serviço Nacional da CEI para a Pastoral das Pessoas com Deficiência e consultora do Dicastério para a Comunicação, Irmã Veronica Donatello. Castellucci e Donatello agradeceram os ministros pelo empenho em colocar – pela primeira vez na história do G7 – a questão da deficiência e da inclusão no centro da agenda internacional.