Pontífice recebeu jovens economistas da fundação “A Economia de Francisco” em audiência e pediu mudanças no atual contexto econômico
Da Redação, com Vatican News
Nesta quarta-feira, 25, o Papa Francisco recebeu, em audiência, uma delegação de jovens economistas da fundação “A Economia de Francisco”. Em seu discurso, pediu uma mudança no atual contexto econômico, em um mundo ferido por guerras, onde “a democracia é ameaçada” e “o populismo e a desigualdade crescem”.
“Vocês não o mudarão apenas tornando-se ministros, ganhadores do Prêmio Nobel ou grandes economistas, coisas que são boas”, afirmou o Pontífice, “vocês mudarão o mundo amando-o, à luz de Deus, injetando nele os valores e a força da bondade com o espírito evangélico de Francisco de Assis”.
O Santo Padre recordou que a instituição nasceu há cinco anos a partir de ideais, os quais precisam ser defendidos. “Vocês não serão apenas seus beneficiários, mas também protagonistas, assumindo as tarefas que lhes foram atribuídas com entusiasmo e senso de disponibilidade”, expressou.
Além disso, agradeceu pelo empenho dos presentes e pela aceitação das indicações que, enquadradas no âmbito da Doutrina Social da Igreja, têm suas raízes no Evangelho. “Muitos podem ser seus mestres conhecidos no decorrer de seus estudos ou das experiências profissionais, mas a referência ao Evangelho, mesmo num diálogo sincero com todos, garante a vocês um Mestre excepcional, Jesus”, explicou.
Amar concretamente
Na sequência, Francisco enfatizou que a fundação entra em uma nova fase. A “bela realidade” recentemente estabelecida precisa crescer e fortalecer-se, alcançando “cada vez mais jovens” e levando “os frutos típicos do Evangelho e do bem”. “O que foi feito até agora pelos jovens economistas foi além das expectativas”, manifestou.
Neste contexto, o Papa recordou a figura de São Francisco de Assis, filho de um comerciante que foi capaz de tomar consciência dos “méritos e defeitos daquele mundo” e, “se despojando de tudo por amor a Jesus e aos pobres, deu também um novo impulso ao desenvolvimento da economia”. “Amem a economia, amem concretamente os trabalhadores, os pobres, privilegiando as situações de maior sofrimento”, acrescentou.
O Pontífice apresentou então três conceitos-chave: “Ser testemunhas, não ter medo e esperar sem se cansar”. Detendo-se ao primeiro deles, o Santo Padre destacou a importância de compartilhar ideais com outros jovens por meio do testemunho de vida.
“Empreendedores de sonhos”
“Sejam coerentes: a coerência é algo que não está na moda, em suas escolhas. Façam-se valorizar por seus projetos e realizações. Não para se tornarem muitos e poderosos, mas para transmitir a muitos aquilo que receberam, ou seja, a ‘boa nova’ de que, inspirados pelo Evangelho, também a economia pode mudar para melhor”, exortou Francisco.
Em relação ao segundo conceito, o Papa recordou sua exortação aos participantes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, quando os pediu que “não sejam administradores de medos, mas empreendedores de sonhos”. “Dói-me ver os cristãos que se escondem nas sacristias porque têm medo do mundo”, pontuou, acrescentando que “esses não são cristãos, mas ‘aposentados derrotados’”.
Por fim, o Pontífice reconheceu as dificuldades em “propor uma nova economia num cenário de guerras novas e antigas, enquanto a indústria armamentista prospera tirando recursos dos pobres”. Diante disso, ele relembrou o incentivo de Jesus aos apóstolos para que “não tenham medo”.
Encerrando seu discurso, o Santo Padre reiterou o apoio do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que “acompanhará também as atividades da Fundação”. “Que nasça entre vocês uma nova forma de estar juntos e fazer economia, que não produza descartes, mas bem-estar material e espiritual para todos”, concluiu.