Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores e Dicastério para o Clero assinaram documento que prevê medidas antiabuso nas Igrejas particulares
Da Redação, com Vatican News
A Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores assinou um acordo com o Dicastério para o Clero. Prevendo espaços de escuta e acolhida dos sobreviventes, colaboração para a tutela nas Igrejas particulares e formação inicial e permanente dos sacerdotes sobre o “ministério da salvaguarda”, o documento foi celebrado na última sexta-feira, 26.
Definido pela Comissão como um “acordo de colaboração e troca de informações”, o documento pretende favorecer um serviço às Igrejas locais, aos sacerdotes e, sobretudo, às vítimas de abusos. Neste contexto, está prevista a troca de informações para a elaboração de um relatório anual que será entregue ao Papa, conforme pedido por ele na audiência privada de abril de 2022 com os membros do organismo e reiterado no encontro promovido neste ano.
Sobre o acordo
O acordo, assinado pelo prefeito do Dicastério, o Cardeal coreano Lazarus You Heung-Sik, e pelo presidente da Comissão e arcebispo de Boston (Estados Unidos), o Cardeal Sean O’Malley, tem três eixos principais. Primeiro, estabelece a criação de “espaços e estruturas de competência do Dicastério para acolher e ouvir os sobreviventes e aqueles que procuram denunciar casos de abuso”.
O segundo ponto acordado é a colaboração “sobre aspectos relativos à proteção contidos na Ratio Nationalis”. Este último é o documento elaborado e adotado por cada Igreja particular que regula todos os aspectos da formação sacerdotal. Por fim, foi combinado “facilitar a promoção de uma formação inicial e permanente do clero, cada vez mais sensível ao ministério da salvaguarda da Igreja”.
Declarações
O Cardeal O’Malley ressaltou que o acordo marca uma importante meta para a Comissão e como essa colaboração abre caminhos para a formação dos religiosos no mundo todo. “Os sacerdotes e os diáconos são, talvez, o rosto mais visível da vida cotidiana da Igreja, por isso é essencial assegurar que a sua vida e o seu ministério estejam sujeitos a boas políticas e procedimentos relativos à salvaguarda das crianças e das pessoas vulneráveis”, afirmou.
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Já o Cardeal You declarou que espera, “por meio do nosso esforço comum, aprofundar a nossa compreensão sobre o impacto do abuso nas vítimas e sobreviventes e como melhor acompanhá-los, bem como oferecer boas práticas de prevenção e assistência aos nossos sacerdotes que são chamados, como disse o Papa Francisco, a serem ‘apóstolos da Salvaguarda’ para suas comunidades”.
Retrospecto da Comissão
Esse é o segundo acordo feito pela comissão antiabuso criada pelo Papa Francisco em 2014, por meio da constituição apostólica Praedicate Evangelium, com uma instituição curial. O dispositivo está incluído no Dicastério para a Doutrina da Fé.
Em 21 de abril, já havia sido firmado um pacto com o Dicastério para a Evangelização, representado pelo Cardeal Luis Antonio Tagle. O objetivo é fortalecer o compromisso de prevenção dos abusos nas Igrejas particulares.