O professor de História da Igreja dá exemplos de como a oração deve ser, recorda as catequeses do Papa Francisco sobre a oração e diz que tudo na vida pode ser transformado por ela
Mauriceia Silva
Da Redação
O Dia Mundial da Oração é comemorado na primeira sexta-feira do mês de março em mais de 170 países do mundo. Trata-se de um movimento que foi iniciado por mulheres cristãs no século XIX nos Estados Unidos e no Canadá.
A comemoração reúne mulheres cristãs de todo o mundo e está aberta a todos, na observação de um dia comum de oração. Não é à toa que a vida de oração é considerada essencial para se viver bem a espiritualidade. Santa Terezinha a tinha como algo tão importante, que a descreveu como a respiração da alma.
Segundo o professor de História da Igreja, Felipe Aquino, uma alma que não reza é como uma alma que não respira.
Quando se reza, se imita Jesus
“Jesus disse bem claro: ‘sem mim, nada podeis fazer’. E nada é nada, sem a oração a gente não tem a graça de Deus, a gente não tem força para vencer as tentações, os pecados. O corpo respira o ar, o oxigênio. A alma respira pela oração, pela comunhão com Deus. É tão importante a oração na vida diária, que toda a quarta parte do Catecismo, do parágrafo 2558 até o parágrafo 2865, é tudo sobre a oração.”
Para Felipe Aquino, a oração é uma das características mais marcantes da vida de Jesus. Ao rezar, imita-se Jesus, que teve a oração como algo constante em sua vida, algo muito retratado pelos evangelistas. “Rezou no Horto das Oliveiras naquela agonia mortal; rezou no túmulo de Lázaro antes de ressuscitá-lo; rezou na cruz. Jesus orou por Pedro, orou por todos nós, lá em Jo 17,3, naquela oração sacerdotal, Ele rezou pela Igreja e por todos nós.”
O professor explicou que, quando se reza, se imita a Jesus. “Ele também ensinou os apóstolos a rezar, ensinou como rezar o Pai-Nosso. E muitas vezes falou: ‘Orai sem desanimar’.”
Catequeses sobre a Oração
Aquino recorda ainda que o Papa Francisco fez, de maio de 2020 a março de 2021, uma série de catequeses sobre a oração. O Papa falou muitas coisas em todas essas catequeses, por exemplo, ele citou os tipos de oração.
Recorde, abaixo, as temáticas abordadas:
“Nós temos muitos tipos de oração. Existe uma oração vocal, a gente fala em voz alta, existe uma oração mental que você não precisa falar, na qual você só medita e Deus lê os nossos pensamentos, nossas reflexões. Depois, tem os outros tipos de oração também. Nós podemos falar com palavras espontâneas, na intimidade com Deus, mostrando para Ele os nossos problemas.
Professor Felipe salienta que, segundo as catequeses do Papa Francisco, tudo da nossa vida pode ser transformado em oração. “As dificuldades, as alegrias, as tristezas, as dúvidas, os medos, as angústias, tudo pode e deve ser transformado em oração”.
“A gente sabe das dificuldades que acontecem na oração: agitação, ativismo, depressão, desânimo; às vezes, a pessoa pode pedir uma graça a Deus, mas, por não a alcançar, deixa de rezar. Também ocorre a distração. Às vezes, também tem a questão do orgulho, e a preguiça pode atrapalhar a oração, a presunção, às vezes a pessoa pode achar que não precisa rezar, pode acontecer a falta de perdão, uma pessoa que não perdoa os outros também é difícil, tudo isso o Papa colocou nas suas reflexões.”
Relacionamento com Deus que é Pai
Felipe Aquino ressalta a importância do relacionamento com Deus que é Pai. “Esse relacionamento íntimo com Deus é muito importante. A igreja ensina que a oração deve ser humilde, confiante e perseverante. São três características muito importantes na oração.”
Sobre a humildade, o professor recorda a parábola do Fariseu, orgulhoso e autossuficiente, e o publicano que suplicava perdão a Deus. “O que Jesus disse com isso? Que o fariseu saiu dali sem ser justificado, e o pobre homem que era considerado um pecador publicano, saiu dali justificado. A oração tem que ser humilde. Nós temos que nos apresentar diante de Deus como mendigos d’Ele.”
Depois, a oração tem que ser confiante, ressalta Aquino, lembrando que Deus é pai, poderoso e onipotente. “Quando a gente é perseverante na oração, a gente mostra que confia em Deus.” O professor encerrou citando o exemplo de Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho.
“Ela rezou 20 anos, segundo Agostinho conta em sua obra ‘Confissões’. Santa Mônica conseguiu o que ela queria e muito mais, pois ela só pedia para que o seu filho fosse batizado, fosse um bom cristão. Mas Deus tinha mais, por isso deixou-a rezar muitos anos. Santo Agostinho não só se converteu, foi batizado, mas se tornou padre, bispo, santo, santo doutor da Igreja e um dos homens que mais enfrentou as heresias mais perigosas do tempo dele, como o maniqueísmo,” concluiu o professor de História da Igreja.