Com quase 200 anos de história, centenas de religiosas em todo o mundo radicalizam sua vida por amor ao Evangelho; nesta semana, refletem sobre a realidade das novas gerações
Ronnaldh Oliveira
Da redação
Nesta semana, em Campinas (SP), as irmãs Calvarianas reúnem diversos articuladores de suas juventudes nacionais para refletirem acerca das realidades das novas gerações e os desafios da evangelização. Por meio de palestras e convivências, espaços de espiritualidade e reflexões, acreditam permear na vida dos presentes um olhar mais positivo e realista diante da vida.
“Queremos ser testemunhas do carisma calvariano junto dos jovens e por isso precisamos escutar deles para aprender. Olhar para o novo que vai surgir a partir deles. O espírito tem muito a nos dizer”. A afirmação é da irmã Maria Lilliane Nascimento, religiosa calvariana.
O carisma
Ao ser tocado pelas realidades pobres da França, padre Bonhomme, após ter recorrido a inúmeras congregações e ordens religiosas femininas para auxiliá-lo na missão, confiou com fé e esperança sua ação à Maria. Em 1833, fundou uma congregação de irmãs “hospitalares e educadoras”, o que mais tarde seriam as Calvarianas.
As irmãs de Nossa Senhora do Calvário, desde sua gênese, se dedicaram ao cuidado de idosos, doentes, crianças abandonadas, catequese e instrução de jovens, marginalizados, surdos, doentes mentais, etc. Trabalho não faltava. A congregação expandiu rapidamente, tanto no serviço como também em número de religiosas. Era necessário ser presença significativa no meio dos necessitados. Assim se faz até hoje.
O carisma vivo
A irmã Maria Lilliane afirma que sua maior felicidade é servir a Deus junto dos crucificados e dos que mais precisam. “Viver a espiritualidade do calvário, tendo a esperança na ressurreição, me traz muita força e sentido para minha vida e vocação. O que me deixa mais feliz é saber que nossa presença de consagradas transforma a vida dos crucificados de hoje”.
O carisma inspirado na passagem bíblica da crucificação de Jesus, narrada por São João, direciona para o momento em que Maria torna-se mãe universal: “Eis ai o teu filho, eis aí a tua mãe (Cf Jo19,25-27)”. “Essa mesma frase dita por Jesus a Maria Ele diz a cada uma de nós ainda hoje. A nossa espiritualidade surge dessa experiência no calvário. Entendeu o nosso fundador e isso perpetua em nós até hoje como sinal concreto aos cristãos que as obras fecundas nascem e crescem diante da cruz”, acredita Maria Lilliane.
Padre Bonhomme, mesmo diante da grande expansão das irmãs, pensou em também fundar o ramo masculino de sua congregação. Ao ser aconselhado pelo bispo da época, preferiu centralizar seu ministério acompanhando as religiosas e as inúmeras frentes já validadas pelo carisma da cruz.
A dedicação integral na atualidade
Com a crescente família que até hoje se expande, as consagradas apostam nos leigos como multiplicadores do carisma calvariano. Diante da realidade social que, muitas vezes, impede o olhar positivo para o sofrimento, as freiras acreditam que não há ressurreição sem cruz, vitórias sem quedas, rosas sem espinhos ou sucesso sem processos.
Trabalhando atualmente com obras sociais, ambientes educativos e a missão popular, investem no cuidado dos surdos, indígenas e das pessoas necessitadas. As religiosas buscam ser fiéis ao seu carisma e vocação, sendo presentes em oito países na América, Europa, África e Ásia.