Até 2025, o Brasil deve ser o sexto país do mundo com maior número de idosos, o que requer atenção, cuidado e acolhimento nesta fase da vida
Thiago Coutinho
Da redação
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 29 milhões de brasileiros têm 60 anos ou mais. A estimativa é que, até 2025, o Brasil seja o sexto país do mundo com o maior número de pessoas na terceira idade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O fato é que a população brasileira está envelhecendo rapidamente e medidas são necessárias para que a terceira idade tenha qualidade de vida — fato ainda mais importante no mês de outubro, quando se celebra o Mês dos Idosos.
Por uma definição mais assertiva, segundo a OMS, idoso é quem chegou aos 60 anos de idade ou mais. “O envelhecimento, também conhecido como senescência, é um processo natural em que ocorre uma diminuição progressiva da reserva funcional dos indivíduos. Este declínio, porém, varia de indivíduo para indivíduo e alguns hábitos e comportamentos podem contribuir para um envelhecimento saudável”, explica a geriatra Andrea Brito.
Um dos itens principais a serem levados em conta para se envelhecer com qualidade é a alimentação. Segundo a médica, o ideal é uma alimentação balanceada. “A dieta deve ser variada, rica em fontes de carboidratos complexos, frutas e vegetais, proteínas de alto valor biológico (para evitar perda de massa muscular), alimentos ricos em cálcio e vitamina D (fundamentais para saúde óssea), gorduras de boas fontes alimentares”, explica.
As atividades físicas, importantes em todas as fases da vida, também são imprescindíveis na terceira idade. É importante, de acordo com Andrea, a prática periódica de exercícios físicos (ao menos 30 minutos, três vezes por semana). O ideal é praticar atividades menos intensas e de curta duração.
“Isso facilita a adesão por aqueles que têm baixa motivação para a prática de exercícios. As atividades mais comuns envolvem caminhada, ciclismo ou o simples pedalar da bicicleta, natação, hidroginástica, dança, ioga ou pilates”, aconselha a médica.
A solidão na velhice
Uma das características também presentes no processo de envelhecimento é a solidão. Junto a este sentimento, uma série de problemas emocionais, como a depressão, podem surgir.
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O transtorno depressivo em idosos está relacionado a uma série de fatores: perda da saúde, o falecimento de amigos, cônjuges ou familiares, a diminuição da capacidade econômica, a inatividade e a solidão são os principais fatores.
“No entanto, é errado pensarmos que a depressão faz parte da velhice”, adverte a geriatra. A seguir, algumas dicas propostas por Andrea:
• Mantenha contato com familiares e amigos;
• Utilize recursos tecnológicos disponíveis como videochamadas e aplicativos para conversas on-line;
• Esteja disposto a aprender novas coisas com as outras gerações (filhos e netos);
• Preserve a espiritualidade,
• Reserve tempo para atividades de relaxamento, meditação, ocupe-se dentro de casa com atividades que gosta, como cozinhar, costurar, cuidar de animais e plantas, ler, ouvir música, assistir tevê;
• Mantenha uma rotina saudável por meio de boa alimentação, higiene, do sono, aprenda algo novo, movimente-se;
• Evite excessos de informações de noticiários, principalmente notícias ligadas à pandemia.
Contradições
Embora as pessoas estejam vivendo mais, a velhice, em diversas partes do mundo, ainda é encarada como tabu. A absorção de pessoas idosas no mercado de trabalho, por exemplo, ainda é pouco usual. “Um dos maiores obstáculos dos idosos é vencer esse preconceito que ainda existe no mercado de trabalho. Mesmo com muito a contribuir, eles ainda enfrentam escassez de oportunidades”, afirma Andrea.
Para a geriatra, é importante que a Geração Prateada, composta por homens e mulheres acima dos 60 anos, seja cada vez mais valorizada, capacitada e absorvida. “As empresas precisam adaptar-se aos novos tempos e absorverem essa nova força de trabalho. Essa geração tem muito a agregar ao negócio. Possuem experiência, maturidade, sabedoria, gentileza, paciência e responsabilidade”, pondera a médica.
Não abandonar
O peso da idade avançada pode fazer com que as pessoas, ainda que inconscientemente, excluam os idosos do cotidiano. E assim, eles se sentem menos úteis, por não trabalharem, as doenças, muitas vezes, limitam suas atividades diárias e a própria família tem dificuldade em acolhê-los.
“Acredito que o maior desafio na atenção à pessoa idosa é conseguir contribuir para que, apesar das progressivas limitações que possam ocorrer, ela possa manter-se ativa física, mental e socialmente, autônoma e independente, redescobrindo maneiras de viver sua própria vida com a máxima qualidade possível. Muitas das dificuldades do idoso estão relacionadas a uma sociedade que os desvaloriza, limita e estigmatiza”, analisa Andrea.
Por isso, mais algumas precauções são necessárias se quisermos valorizar e preservar as pessoas mais velhas em nossas vidas:
• Incluir os idosos nas decisões da família, especialmente quando essas decisões se referem a ele. Muitas vezes, a família acaba excluindo-os de maneira inconsciente para poupá-los.
• Criar uma rotina de atividades prazerosas, sejam atividades físicas, manuais, de leitura, escrita, jardinagem, um novo instrumento a ser aprendido, um novo idioma etc.
• Cuidar da aparência
• Delegar responsabilidades: não ter obrigações cria uma sensação de impotência que leva à baixa autoestima.