Novo ciclo de catequeses é inspirado na Carta aos Gálatas
Da Redação, com Vatican News
Nesta quarta-feira, 23, o Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses. O tema agora é inspirado no apóstolo Paulo, mais precisamente em Carta aos Gálatas.
“É uma Carta muito importante, diria até decisiva, não só para conhecer melhor o Apóstolo, mas sobretudo para considerar alguns dos temas que ele aborda em profundidade, mostrando a beleza do Evangelho. Parece escrita para os nossos tempos”, explicou o Pontífice.
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As primeiras comunidades cristãs
Entre os temas a serem explorados nas próximas semanas, estão a conversão, a liberdade, a graça e o modo de vida cristão. A primeira temática abordada por Francisco foi a obra de evangelização realizada pelo Apóstolo, que visitou as comunidades da Galácia pelo menos duas vezes durante as suas viagens missionárias.
Sabe-se que os gálatas eram uma antiga população celta que, através de muitas vicissitudes, se estabeleceu na extensa região da Anatólia. A capital era na cidade de Ancira, hoje Ankara, capital da Turquia.
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Paulo relata apenas que, por causa de uma doença, viu-se obrigado a permanecer naquela região. Um fato que, segundo o Papa, indica que o caminho da evangelização nem sempre depende da nossa vontade e dos nossos projetos, mas requer a disponibilidade a deixar-nos plasmar e seguir outros caminhos que não estavam previstos.
A chegada dos “abutres”
Para o Papa, é interessante notar a preocupação pastoral de Paulo, pois havia muitos infiltrados semeando teorias contrárias aos seus ensinamentos, chegando ao ponto de o difamar. Como alguém dizia, notou o Pontífice, “vêm os abutres a destruir a comunidade”.
“Como podemos ver, é uma prática antiga apresentar-se em certas ocasiões como o único possuidor da verdade e procurar menosprezar o trabalho dos outros, até com a calúnia”, afirmou.
Entre as intrigas, os adversários argumentaram que os Gálatas teriam de renunciar à sua identidade cultural e os mesmos se encontravam numa situação de crise. Para eles, que conheceram Jesus e acreditaram na obra de salvação realizada através da sua morte e ressurreição, foi verdadeiramente o início de uma nova vida, mas se sentiam desorientados e incertos sobre como se comportar e a quem ouvir.
“Pensemos em alguma comunidade cristã ou diocese: começam as histórias e depois acabam por desacreditar o pároco, o bispo. É precisamente o caminho do maligno, dessas pessoas que dividem e não sabem construir. E nesta Carta aos Gálatas vemos este procedimento.”
Uma situação que se apresenta também hoje, constatou Francisco. “Ainda hoje, não faltam pregadores que, especialmente através dos novos meios de comunicação, se apresentam não para anunciar o Evangelho de Deus que ama o homem em Jesus Crucificado e Ressuscitado, mas para reiterar com insistência, como verdadeiros ‘guardiães da verdade’, qual é a melhor maneira de ser cristão”.
A liberdade oferecida por Cristo
Estas pessoas afirmam que o verdadeiro cristianismo é aquele a que estão ligados, frequentemente identificado com certas formas do passado, e que a solução para as crises de hoje é voltar atrás para não perder a genuinidade da fé. Também hoje, como outrora, existe a tentação de se fechar em algumas certezas adquiridas em tradições passadas.
O traço distintivo dessas pessoas, segundo o Papa, é a rigidez. “Diante da pregação do Evangelho que nos torna livres, nos faz alegres, estes são rígidos”.
Mas é o próprio Apóstolo que indica o caminho a seguir. É o caminho libertador e sempre novo de Jesus Crucificado e Ressuscitado. É o caminho do anúncio, que se realiza através da humildade e da fraternidade. “Os novos pregadores não conhecem o significado da humildade, da fraternidade”, pontuou. É o caminho da confiança mansa e obediente, que os novos pregadores não conhecem, na certeza de que o Espírito Santo age em cada época da Igreja.
“Em última instância, a fé no Espírito Santo presenta na Igreja nos leva avante e nos salvará.”