Após seis meses de paralisação, a mais longa da Europa, as escolas de Roma reabriram com diversas medidas de proteção contra a Covid-19
Da redação, com Reuters
Após uma paralisação de seis meses, a mais longa da Europa, a Itália finalmente reabriu a maioria de suas escolas nesta segunda-feira, 14, colocando à prova as habilidades de organização do governo, os nervos dos professores e o autocontrole de alunos entusiasmados.
As escolas em 13 das 20 regiões do país cautelosamente colocaram em prática as aulas presenciais pela manhã, colocando de volta às salas de aula 5,6 milhões de estudantes. As outras sete regiões decidiram adiar esta volta às aulas para a próxima semana.
Cerca de 1.200 alunos foram confrontados com um cenário totalmente sem precedentes quando entraram na escola primária e secundária “Simonetta Salacone”, em Roma, pela primeira vez desde o isolamento imposto pela pandemia.
Sem abraços, sem beijos, sem andar de mãos dadas nos corredores. Em vez disso, verificadores de temperatura na entrada, carteiras individuais, desinfetantes para as mãos e máscaras de proteção aguardavam as crianças.
As novas políticas rígidas de distanciamento social impostas pelas autoridades italianas a fim de conter a propagação do contágio representam um desafio difícil para crianças e pais, que voltaram à escola preocupados, mas também esperançosos.
“Expliquei para eles evitarem contatos, beijos e abraços, mas não quero que vivam aterrorizados, porque acredito que não precisam disso”, disse Claudia Costantini, mãe de duas crianças do ensino fundamental. “Você tem que fazê-los entender que as coisas vão melhorar”, reiterou.
O novo conjunto de regras imposto pela direção da Simonetta Salacone inclui turnos e rodízios de alunos nas saídas e entradas, salas e membros de equipes designados ao combate da Covid-19.
Zucchetta leciona em escolas primárias há 34 anos. Antes da era do coronavírus, costumava ensinar sentando-se em círculo com os alunos nas salas de aula. Agora, ela está ensinando ao ar livre, com as crianças sentadas em bancos sob as árvores.
“Nosso maior temor, além de que possam aparecer casos de Covid-19, é a dificuldade de trabalhar nessas condições”, disse a professora.
Os pais também expressaram dúvidas sobre os próximos meses. As escolas dizem que as crianças com os menores sintomas de resfriado ou febre devem ficar em casa. Os alunos a partir de seis anos devem usar máscaras fora das salas de aula e devem evitar o contato físico.
Lutando para conter a disseminação do novo coronavírus, o governo fechou as escolas de todo o país no início de março. Os esforços para tornar as salas de aula seguras novamente e limitar a possibilidade de um novo contágio foram cercados de polêmica.
Muitas das novas 2,4 milhões de carteiras individuais necessárias para garantir o distanciamento social não chegaram a tempo, segundo os sindicatos, enquanto milhares de cargos de ensino permanecem vagos e funcionários mais velhos expressaram preocupação com os riscos que enfrentam.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirma que 59% dos professores de ensino fundamental e médio da Itália têm mais de 50 anos — o nível mais alto do Ocidente — o que torna o sistema educacional italiano vulnerável às infecções.
Cerca de 35.500 pessoas morreram na Itália de Covid-19, a maior taxa de mortos na União Europeia, e o número de novos casos cresceu recentemente, aumentando o temor de uma segunda onda da doença.