Em vista do aniversário do lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, Igrejas cristãs lembram que a guerra com armas atômicas constitui “um pecado contra Deus e uma degradação do homem”
Vatican News
O Conselho Mundial de Igrejas (CMI), na triste recordação da experiência devastadora de Hiroshima e Nagasaki em 6 e 9 de agosto de setenta e cinco anos atrás, lança um renovado apelo a abandonar toda e qualquer forma de investimento nuclear e sua utilização. Através de posts em seus blogs, o organismo ecumênico apresentou reflexões e experiências daqueles que se preocupam com o futuro do planeta, livre do pesadelo da bomba atômica.
O Conselho enfatiza que, durante anos, os sobreviventes das radiações trouxeram em seus corpos os sinais do impacto presente na atmosfera e nos recursos hídricos, com mortes que ocorreram após sofrimento atroz.
“Um pecado contra Deus e uma degradação do homem”
O Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (Tpnw), adotado pelas Nações Unidas em 2017 e que envolve mais de 135 países, contém novos padrões de direito internacional contra a posse, o desenvolvimento e a utilização de artefatos atômicos.
Um acordo no qual, ressalta o Conselho Mundial de Igrejas, foram lançadas sementes de esperança, vez que, ao longo do tempo, muitos bancos e instituições financeiras têm progressivamente desinvestido de empresas envolvidas na produção de armas nucleares.
Em vista do aniversário, as Igrejas cristãs também lembram o princípio afirmado durante a primeira assembleia do Conselho Mundial de Igrejas, em 1948, quando foi declarado que a guerra com armas atômicas constitui “um pecado contra Deus e uma degradação do homem”.
Países aderiram recentemente à ratificação dos Tratado
Desde aquele ano, o organismo jamais deixou de manter grande atenção sobre um tema fundamental para os destinos da humanidade, alertando também que jamais como neste tempo de contágio global da covid-19 foi possível vislumbrar como seria a vida na Terra após um ataque nuclear. De fato, a pandemia, observa o Conselho Mundial de Igrejas, está hoje afetando fortemente a saúde, o meio ambiente e as economias ligadas entre si, com efeitos que durarão anos da mesma forma que uma explosão atômica.
“Daí, portanto, a necessidade de, cada vez mais, Estados reconhecerem a importância do Tratado, ajudados nisso pelo “fardo pesado” imposto aos governos do mundo inteiro pelo coronavírus, com as congratulações das Igrejas cristãs à Namíbia, Lesoto, Botsuana, Belize e Ilhas Fiji por terem recentemente aderido à ratificação do documento.”
“Bem-aventurados os pacificadores”
Num dos vários blogs do Conselho Mundial de Igrejas sobre o tema encontra-se o testemunho do presidente do Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha (Ekd), o bispo Heinrich Bedford-Strohm, que recordou sua peregrinação ecumênica ao Japão por ocasião do 70º aniversário do lançamento da bomba.
“Vim a Hiroshima”, escreveu o prelado, “para ouvir os sobreviventes do bombardeio atômico. Suas histórias deram rosto ao enorme número de mortes e do sofrimento inimaginável dos habitantes de Hiroshima e Nagasaki que morreram ou, como sobreviventes, sofreram durante toda a vida as consequências das bombas lançadas. Juntos, renovamos a luta contra as armas nucleares”, nas quais muitos países ainda continuam confiando em suas políticas de defesa.
“Bem-aventurados os pacificadores”, disse Jesus no Sermão da Montanha, reiterou o bispo. “Devemos entender esta frase como uma tarefa de longo alcance para nós cristãos ao seguirmos o Senhor. Todos sabemos que, no mundo globalizado, ‘fazer a paz’ nem sempre é fácil e nem sempre é claro.”