Catequese

União com Cristo salva do gelo da indiferença, afirma Papa

Na primeira Audiência Geral do ano, Francisco retomou o ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos e comentou a experiência do naufrágio vivida por São Paulo 

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante Catequese na Sala Paulo VI/ Foto: Daniel Ibanez – CNA

A primeira Audiência Geral do ano foi realizada nesta quarta-feira, 8, na Sala Paulo VI. Na ocasião, o Papa Francisco deu prosseguimento ao seu ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos e comentou a experiência do naufrágio vivida pelo Apóstolo Paulo e sua chegada a Malta.

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Na parte final do livro dos Atos, explicou o Pontífice, o Evangelho continua a sua corrida não só por terra, mas também por mar; no barco que levava Paulo, prisioneiro, de Cesareia para Roma. As condições da travessia eram desfavoráveis e a viagem tornou-se perigosa, tendo o barco que atracar em Creta. De acordo com o Pontífice, Paulo aconselhou os tripulantes a esperarem que a situação melhorasse, mas o centurião não lhe deu ouvidos e continuou o percurso.

Desencadeou-se, porém, um vento fortíssimo, que fez a tripulação perder o controle do barco e o mesmo ficou à deriva. Quando já o desespero se apoderava de todos, Paulo interviu; mesmo na provação e apesar de não lhe terem dado ouvidos, não cessou de ser guardião da vida dos outros e animador da sua esperança, destacou o Papa.

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Homem de fé, Francisco relata que Paulo soube que Deus o queria em Roma, como havia lhe confirmado um Anjo: “É necessário que compareças diante de César e, por isso, Deus concedeu-te a vida de todos quantos navegam contigo”. A viagem de Paulo terminou com o barco encalhado e completamente desfeito. Os náufragos alcançaram, a nado, a ilha de Malta, onde foram beneficiados pela hospitalidade dos habitantes. “Os malteses são hospitaleiros desde aquele tempo”, elogiou o Pontífice.

“O naufrágio, de uma situação de desgraça, se transforma em oportunidade providencial: é uma imersão nas águas que evoca a experiência batismal de morte e ressurreição e que faz experimentar o cuidado de Deus e a sua poderosa salvação”, refletiu o Santo Padre.

Em Malta, chovia e fazia frio e também Paulo, como verdadeiro discípulo de Cristo, se colocou a serviço para alimentar o fogo da fogueira. O apóstolo foi então mordido por uma cobra, e nada lhe aconteceu, relembra Francisco. O fato fez com que as pessoas o confundissem com um malfeitor ou uma divindade. A lenda, acrescentou o Papa, diz que desde então não existem cobras venenosas em Malta.

A estadia na ilha se tornou para Paulo a ocasião propícia para dar ‘carne’ à palavra que anunciava e exercitava, e assim, manifestou um ministério de compaixão na cura dos doentes, conta o Pontífice. “Esta é uma lei do Evangelho”, disse o Santo Padre: “Quando um fiel experimenta a salvação, não a mantém para si, mas a coloca à disposição. Um cristão ‘provado’ pode certamente fazer-se mais próximo e tornar o seu coração aberto e sensível à solidariedade para com os outros”.

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A lição que Paulo dá neste trecho do Evangelho é, segundo Francisco, a necessidade de homens e mulheres unirem-se a Cristo durante as provações, com a certeza de que Deus pode atuar em qualquer circunstância, mesmo no meio de aparentes fracassos, e que toda a pessoa que se entrega a Deus por amor, seguramente será fecunda.

“O amor é sempre fecundo. O amor a Deus é sempre fecundo. Se você recebe os dons do Senhor, isso o levará a doar aos outros. Sempre vai além”. O Pontífice então concluiu: “Peçamos hoje ao Senhor que nos ajude a viver todas as provas amparados pela energia da fé; a ser sensíveis aos muitos náufragos da história que desembarcam exaustos nas nossas costas, para que também nós saibamos acolhê-los com aquele amor fraterno que vem do encontro com Jesus. É isto que salva do gelo da indiferença e da desumanidade”.

Na Audiência, aos fiéis de língua portuguesa, o Papa desejou feliz Ano Novo: “Amados peregrinos de língua portuguesa, a minha cordial saudação para vós todos, desejando a cada um que sempre resplandeça, nos vossos corações, famílias e comunidades, a luz do Salvador, que nos revela o rosto terno e misericordioso do Pai do Céu. Abracemos o Deus Menino, colocando-nos ao seu serviço: Ele é fonte de amor e serenidade. Ele vos abençoe com um Ano Novo sereno e feliz!”.

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