É na pequena cidade de Patrocínio Paulista, na região de Franca, que vive um verdadeiro exemplo de amor de mãe e filha. Aos quatro meses de gestação, dona Cacilda ficou sabendo que seu bebê nasceria anencéfalo. Contrariando e surpreendendo a todos, inclusive os médicos, que deram pouco tempo de vida para a criança, ela levou a gestação até o final, e hoje, a pequena Marcela, com quatro meses, vive na Santa Casa da cidade.
E a criança têm recebido todo o carinho da mãe e dos funcionários do hospital. Mesmo convivendo com a anencefalia, Marcela expressa sentimentos e sensibilidade. Segundo a pediatra que cuida da pequena garotinha, não existe na literatura médica, exemplos iguais a este. "A Marcela não possui cérebro. Demos meia hora de vida e hoje ela está viva e com saúde.
Os movimentos dela são provocados pelo sistema nervoso da coluna cervical, que está fazendo o trabalho do cérebro", explica a pediatra Márcia Beoni Barcellos. A família de dona Cacilda é de uma fé inabalável.
A notícia sobre o diagnóstico da má formação genética foi dada ao marido pelo médico que acompanhava a gestação de dona Cacilda. Antes de contar para a esposa, ele reuniu a família e rezou o terço.
Mesmo diante da triste realidade ela não hesitou e gerou Marcela até o fim. "Eu ficava triste quando voltava dos médicos com as notícias que eles davam, mas depois, ela (Marcela) chutava a minha barriga e tudo ficava certo. Parecia que ela estava me consolando", conta dona Cacilda emocionada e feliz com a decisão que tomou.
E a cada dia que o pequeno bebê ia crescendo em seu ventre, crescia também a força que move todas as mães na defesa da vida de seus filhos. "Quando as pessoas vinham me visitar em casa´, eu já falava no portão: se veio para me consolar e dar força, tudo bem, se não pode ir embora daí mesmo!", comenta. Desde o dia em que nasceu, Marcela está na Santa Casa de Misericórdia de Patrocínio Paulista que fica a 420 Km de São Paulo e está bancando todos os custos dela e da mãe. Só em fevereiro eles chegaram a R$ 1.800,00, o que é muito para um hospital que enfrenta problemas financeiros.
Mas para o provedor, a vida de Marcela e o bem estar da mãe são mais importantes. "O que nós queremos e manter as duas bem. A gente dá um jeito mas temos medo que aconteça alguma coisa caso a menina deixe o hospital", comenta Emílio Bertoni. Segundo ele, o hospital e a Assistência Social da cidade estão se mobilizando para encontrar uma casa próxima a unidade. "Assim poderemos dar mais atenção para as duas num caso de emergência.
Mas está difícil alugar uma casa por aqui. Não tem imóvel disponível”, acrescenta o provedor. A fé de dona Cacilda e o valor que ela e toda a sua família dão para o dom mais importante que Deus nos concede nos deixam o exemplo de que vale a pena lutar pela vida até o fim. "Ela está aqui, estou cuidado dela com muito amor, mas sei que ela é de Deus.
Enquanto estiver comigo, vou cuidar muito bem dela.
Eu a amo muito", desabafa a mãe carinhosa de uma filha muito especial.
Luciano Batista – Patrocínio Paulista, SP Canção Nova Notícias