Chamar Deus de “Pai” é uma grande revolução do cristianismo e exprime relação de confidência com Deus, disse o Papa
Da Redação, com Rádio Vaticano
Na catequese desta quarta-feira, 7, o Papa Francisco abordou o tema “A paternidade de Deus, fonte da nossa esperança”, dando continuidade ao ciclo de reflexões sobre a esperança cristã.
Francisco explicou que chamar Deus com o nome de “Pai” é a grande revolução que o cristianismo imprime na psicologia religiosa do homem. O Evangelho de Lucas é o que melhor documenta o “Cristo orante” e a oração do Pai Nosso revela justamente esta intimidade de Jesus com seu Pai.
“Todo o mistério da vida cristã está resumido aqui, nesta palavra: ter a coragem de chamar Deus com o nome de Pai. Mesmo a Liturgia, quando nos convida a rezar o Pai Nosso na comunidade, utiliza a expressão ‘ousemos dizer’”.
O Santo Padre ressaltou que chamar Deus de “Pai” não é um fato óbvio, uma vez que o normal é que se use “títulos mais elevados”, que pareçam mais respeitosos à sua transcendência. “Ao invés disto, invocá-lo como ‘Pai’ nos coloca em relação de confiança com Ele, como uma criança que se dirige ao seu pai, sabendo ser amada e cuidada por ele. Esta é a grande revolução que o cristianismo imprime na psicologia religiosa do homem. O mistério de Deus, que sempre nos fascina e nos faz sentir pequenos, porém, não causa medo, não nos sufoca, não nos angustia. Esta é uma revolução difícil de acolher em nossa alma humana”.
Este Deus que é um Pai, que sabe ser somente amor por seus filhos, encontra grande expressão na Parábola do Filho Pródigo, narrada em Lucas. “Um Pai que não pune o filho pela sua arrogância e que é capaz até mesmo de confiar a ele a sua parte de herança e deixá-lo ir embora de casa. Deus é Pai, diz Jesus, mas não da maneira humana, porque não existe nenhum pai neste mundo que se comportaria como o protagonista desta parábola. Deus é Pai à sua maneira: bom, indefeso diante do livre arbítrio do homem, capaz somente de declinar o verbo amar”.
“O Evangelho de Jesus Cristo nos revela que Deus não pode estar sem nós: Ele nunca será um Deus ‘sem o homem’; é Ele que não pode estar sem nós, e isto é um grande mistério… Deus não pode ser Deus sem o homem: um grande mistério isto”, exclamou o Pontífice. “Mesmo que nos afastemos, sejamos hostis, nos professemos ‘sem Deus’. E esta certeza é a fonte de nossa esperança’, que está em todas as invocações do Pai Nosso”.
E quando o homem precisa de ajuda, observou por fim o Papa, Jesus não diz para ele se resignar e fechar-se em si mesmo, mas para dirigir-se ao Pai e pedir a Ele com confiança. “Todas as nossas necessidade, desde as mais evidentes e cotidianas, como a comida, a saúde, o trabalho, até aquelas como ser perdoados e sustentados nas tentações, não são o espelho de nossa solidão, pois existe um Pai que sempre nos olha com amor e que, seguramente, não nos abandona”.