Entrevista do Papa no avião durou cerca de 30 minutos
Da redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco manteve a tradição e na tarde deste sábado, 29, no voo de retorno a Roma de Cidade do Cairo, respondeu a algumas perguntas dos jornalistas que participaram da viagem ao Egito. A conversa durou cerca de 30 minutos e foram tocados vários temas.
Venezuela
Questionado a respeito de como a Santa Sé e ele, pessoalmente, poderiam ajudar a frear a onda de violência na Venezuela, que até agora já deixou cerca de 30 mortos, o Pontífice assegurou que a Santa Sé está disposta a intervir, mas apenas com “condições claras, com as garantias necessárias”.
Em dezembro, quatro ex-presidentes de países hispânicos, José Luiz Zapatero (Espanha), Leonel Fernández (República Dominicana), Martin Torrijos (Panamá) e Ernesto Samper (Colômbia), pediram ao Papa que intervisse em favor de um acordo político na Venezuela. A ação da Igreja, no entanto, foi infrutífera:
“Houve intervenção da Santa Sé, a pedido de quatro presidentes que trabalhavam como patrocinadores. E não deu em nada. Ficou do jeito que estava. Não deu em nada porque as propostas não eram aceitas ou se diluíam. Eram um sim sim, mas não não”, afirmou o Papa. “Todos sabemos sobre a difícil situação da Venezuela, um país que gosto muito”, reconheceu, reafirmando que “tudo o que for possível fazer tem de ser feito”.
Refugiados
Já um jornalista alemão questionou sobre a expressão ‘campos de concentração’, usada pelo Papa para definir alguns campos de refugiados na Europa. Francisco colheu a ocasião para reforçar a sua preocupação com a situação destas pessoas que vivem confinadas “e não podem sair”.
“Há campos de refugiados que são verdadeiros campos de concentração. Alguns talvez estejam na Itália, e em outros locais, mas na Alemanha não, certamente”, disse.
Candidatos à Presidência na França
Sobre as eleições presidenciais na França, o Papa respondeu que desconhece a ‘história’ dos dois candidatos: “Cada país é livre de fazer as suas escolhas. Não posso julgar as escolhas que se fazem e porque se fazem”. No dia 7 de maio, os franceses devem escolher entre o candidato de centro, Emmanuel Macron, e a representante da extrema direita, Marine Le Pen.
Neste sentido, afirmou que “a Europa corre o risco de se desagregar e temos de meditar sobre isso. Há um problema que assusta o continente, que é a imigração. Mas não esqueçamos que a Europa também foi feita de muitos imigrantes”.
Crise Coreia do Norte-EUA
Outra crise mencionada na coletiva a bordo foi a questão dos armamentos e a Coreia do Norte.
“Esta guerra mundial em pedaços, de que tenho falado há mais de dois anos, tem se expandido e se concentrado em questões que já eram quentes. Há um ano e meio que se sabe dos mísseis da Coreia do Norte, mas agora as coisas se aqueceram”, disse.
A este respeito, o Papa voltou a pedir ‘uma solução diplomática’, mas disse que é hora que a ONU retome a sua liderança porque não tem estado à altura, ‘se tornou muito aguada’: “O caminho é a solução diplomática”, acrescentou, sugerindo que um terceiro país deveria tentar mediar a situação entre a Coreia do Norte e Estados Unidos.
“Há tantos facilitadores no mundo, existem mediadores que se oferecem, como a Noruega, por exemplo”.
Francisco alertou: “Uma guerra alargada destruirá – não digo a metade – mas grande parte da humanidade e da sua cultura. Seria terrível. Temos que parar”.
Encontro com Presidente Trump
Enfim, o Papa disse estar pronto para encontrar o Presidente dos EUA, Donald Trump, quando o mandatário estiver na Europa no próximo mês. Trump visitará a Sicília nos dias 26 e 27 maio para uma reunião dos líderes das nações mais ricas do mundo (G7).
Francisco disse não estar ciente de que Washington tenha solicitado um encontro, contudo: “Recebo todos os chefes de Estado que pedem uma audiência”, concluiu.