Papa quis manifestar solidariedade a padre com esclerose lateral amiotrófica
Da redação, com Agência Ecclesia
Depois de uma pausa durante o Ano Santo da Misericórdia, o Papa Francisco retomou neste domingo, 15, o seu costume de visitar paróquias de sua diocese, especialmente as mais periféricas. A escolhida desta nova série foi a Paróquia de Santa Maria em Setteville, Guidonia, município a cerca de 30 km a nordeste do Vaticano.
Construído em 1973, o município tem cerca de 6 mil habitantes, 20% dos quais participa frequentemente das atividades paroquiais. Em maioria são famílias jovens e numerosas.
O Pontífice chegou à paróquia por volta das 15h e foi diretamente ao apartamento dos sacerdotes, para visitar padre Giuseppe Berardino, 47, acometido por Esclerose Lateral Amiotrófica (doença neurodegenerativa progressiva) acamado há dois anos, mas consciente.
Testemunhas da fé
Francisco passou por diversas salas do edifício, encontrando-se com jovens escoteiros e crismandos, casais com bebês batizados neste ano, agentes de pastoral e lideranças comunitárias, aos quais disse que quem se diz católico tem de dar testemunho da sua fé com “a palavra, o coração e as mãos”.
“Eu posso falar do Senhor, mas se não falo com a minha vida, dando testemunho, não serve. ‘Mas, padre, eu sou cristão e falo do Senhor’. Sim, mas tu és um cristão-papagaio, apenas de palavras”, advertiu.
Falando aos jovens, Francisco falou de momentos na vida em que se vive uma “escuridão da alma”, dando como exemplo um pai, viúvo, com quem se encontrou este sábado na capela de Santa Marta, onde batizou 13 crianças que nasceram nas regiões atingidas pelos recentes sismos na Itália.
“Percebia-se que há ali escuridão e é preciso respeitá-la”, observou.
Missa
Já na homilia da Missa a que presidiu na igreja paroquial, o Papa sublinhou a necessidade de “testemunho” de Cristo para que outros acreditem, como fez São João Batista.
A intervenção partiu do “testemunho e martírio” dos cristãos, evocando os que chegam a “dar a vida” por causa da sua fé. “Ser cristão, acima de tudo, é dar testemunho de Jesus”, prosseguiu Francisco.
Numa homilia improvisada, o Papa referiu que os apóstolos também eram “pecadores”, fugiram quando Jesus foi preso e chegaram mesmo a traí-lo.
Apesar das suas fraquezas, acrescentou, “eram testemunhas da salvação que Jesus traz”, que se “deixaram salvar”. “Ser testemunha não quer dizer ser santo”, mas dar testemunho de que “Jesus é o Senhor” e procurar fazer o bem, realçou Francisco.
O Papa alertou os participantes na celebração para o risco de se acharem “superiores aos outros”.
“Somos todos pecadores, mas uma comunidade que tem bisbilhoteiros e bisbilhoteiras é incapaz de dar testemunho”, sustentou.
“Quereis uma paróquia perfeita? Nada de bisbilhotices”, concluiu o Papa Francisco.
Santa Maria a Setteville é uma paróquia criada há 40 anos e a igreja foi inaugurada a 15 de janeiro do ano 2000.