Francisco se encontrou hoje com crianças de hospital pediátrico de Roma, destacando o valor dos sonhos
Da Redação, com Rádio Vaticano
A esperança é a “gasolina” da vida cristã, que nos faz seguir em frente a cada dia. Num ambiente descontraído na Sala Paulo VI, o Papa Francisco encontrou-se na manhã desta quinta-feira, 15, com pacientes, famílias, funcionários e colaboradores do Hospital Pediátrico “Bambino Gesù”. Em primeira fila, 150 crianças provenientes também das tantas “periferias do mundo”.
Presentes no encontro, entre outros, o arcebispo de Bangui, Cardeal Dieudonné Nzapalainga, visto que a Santa Sé está reconstruindo um hospital pediátrico na capital da República Centro Africana, a favor do qual será realizado um concerto no próximo sábado com Claudio Baglione.
Dá muito mais alegria viver “com o coração aberto do que com o coração fechado”. Diante das crianças que sofrem por alguma doença, levando a vida em frente com coragem e que confiam ao Pontífice as suas emoções, Francisco respondeu com a sinceridade que lhe é própria.
Valentina, uma enfermeira, observa que quem trabalha no hospital teve a possibilidade de escolha, enquanto que os pequenos pacientes e seus pais não tiveram a possibilidade de escolher em estar ou não ali. Francisco admitiu não existir uma resposta para o sofrimento das crianças.
“Nem mesmo Jesus deu uma resposta em palavras. Diante de alguns casos, acontecidos na época, de inocentes que haviam sofrido em circunstâncias trágicas, Jesus não fez uma pregação, um discurso teórico. Poderia ter feito, certamente, mas ele não fez. Vivendo em meio a nós, não nos explicou porque se sofre. Jesus – ao contrário – nos demonstrou o caminho para dar sentido também a esta experiência humana: não explicou porque se sofre, mas suportando com amor o sofrimento nos mostrou por quem se oferece. Não porque, mas por quem”.
Neste sentido, Francisco convidou os presentes a se abrirem aos valores dos sonhos, do dom, das pequenas coisas, de um simples “obrigado”. “Ensinamos isto às crianças e depois, nós adultos, não fazemos. Mas dizer obrigado, simplesmente porque estamos diante de uma pessoa é um remédio contra o esfriamento da esperança, que é uma doença contagiosa feia. Dizer obrigado alimenta a esperança, aquela esperança na qual, como disse São Paulo, estamos salvos. A esperança é a ‘gasolina’ da vida cristã, que nos faz seguir em frente a cada dia”.
Serena, de 27 anos, contou que sua história no “Bambino Gesù” teve início quando tinha apenas 13 anos. Uma história de doenças, recaídas, complicações de todo gênero, mas sobretudo de esperança. Agora a jovem estuda medicina. Neste sentido, o Papa convidou a encontrar a beleza das pequenas coisas.
“Pode parecer uma lógica de perdedor, sobretudo hoje, com a mentalidade de aparecer que exige resultados imediatos, sucesso, visibilidade. Ao invés disto, pensem em Jesus: a maior parte da sua vida sobre esta terra passou no escondimento; cresceu na sua família sem pressa, aprendendo a cada dia, trabalhando e compartilhando alegrias e dores dos seus. O Natal nos diz que Deus não se fez forte e poderoso, mas frágil e fraco, como uma criança”.
O Santo Padre destacou ainda que hoje em dia os espaços e os tempos se restringem sempre mais. “Se corre tanto e menos espaços são encontrados: não somente para estacionar os automóveis, mas também locais para encontrar-se; não somente tempo livre, mas tempo para parar e se encontrar. Há grande necessidade de tempos e de espaços mais humanos”.
Francisco também deixou como conselho sempre manter vivos os sonhos. “Os sonhos não são nunca anestesiados, ali a anestesia é proibida! Deus mesmo, o ouviremos no Evangelho de domingo, comunica às vezes por meio de sonhos; mas sobretudo convida a realizar sonhos grandes, mesmo se difíceis. Nos leva a não pararmos de fazer o bem, a não apagar nunca o desejo de viver grandes projetos. Gosto de pensar que o próprio Deus tem sonhos, também neste momento, para cada um de nós. Uma vida sem sonhos não é digna de Deus, não é cristã uma vida cansada e resignada, onde se contenta com isto, se vive à toa, sem entusiasmo, o dia”.