Bispos da Argentina escreveram um documento sobre um dos capítulos da Amoris laetitia, exortação do Papa sobre o amor na família
Da Redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco enviou uma carta aos bispos de Buenos Aires, Argentina, em resposta ao documento “Critérios fundamentais para a aplicação do Capítulo VIII da Amoris laetitia”. Esse capítulo fala da necessidade de acompanhar, discernir e integrar a fragilidade. O Santo Padre expressou seu apreço pela iniciativa dos bispos e acredita que isso fará muito bem sobretudo para a “caridade pastoral” que permeia inteiramente o documento.
O texto elaborado pelos pastores da Igreja argentina é “um verdadeiro exemplo de acompanhamento aos sacerdotes”, avaliou o Santo Padre, reiterando o quanto é necessária a proximidade do bispo com o seu clero e do clero com o bispo. “O próximo ‘mais próximo’ do bispo é o sacerdote e o mandamento de amar o próximo como a si mesmo começa por nós bispos, precisamente com os nossos padres”.
O documento recorda ainda que não convém falar de “permissão” para ter acesso aos Sacramentos, mas de um processo de discernimento acompanhado por um pastor. Este processo deve ser “pessoal e pastoral”. O acompanhamento é, de fato, um exercício da via caritatis, um convite a seguir o caminho de Jesus.
Trata-se de um itinerário – escrevem os bispos – que requer a caridade pastoral do sacerdote, que acolhe o penitente, o escuta atentamente e mostra a ele o rosto materno da Igreja, enquanto aceita a sua reta intenção e o seu bom propósito de colocar toda a vida à luz do Evangelho e de praticar a caridade.
Este caminho – advertem os prelados – não termina necessariamente nos Sacramentos, mas pode orientar-se em outras formas de maior integração na vida da Igreja: uma maior presença na comunidade, a participação em grupos de oração ou reflexão, o compromisso em diversos serviços eclesiais.
“Quando as circunstâncias concretas de um casal o tornam factível, especialmente quando ambos são cristãos com um caminho de fé – lê-se no documento – pode-se propor o compromisso de viver em continência”.
A Amoris laetitia “não ignora as dificuldades desta opção e deixa aberta a possibilidade de ter acesso ao Sacramento da Reconciliação quando se falta a este propósito”.
A exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia é datada de 19 de março de 2016. Ela foi publicada após duas etapas do Sínodo dos Bispos sobre a família.