Caríssimos irmãos e irmãs, Neste domingo celebra-se a anual Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado. Por ocasião, volto-me a todos os homens de boa vontade e, em particular, à comunidade cristã uma especial Mensagem, dedicada à família migrante.
Podemos guardar à Sagrada Família de Nazaré, ícone de toda família, pois esta reflete a imagem de Deus presente no coração de cada família humana, ainda quando está debilitada e às vezes, desfigurada pelas provas da vida. Narra o evangelista Mateus que, pouco tempo após o nascimento de Jesus, São José foi obrigado a partir para o Egito, levando consigo o menino e sua Mãe, a fim de fugir da perseguição de Herodes (cf. Mt 2,13-15).
No drama da Família de Nazaré, vislumbramos a dolorosa condição de tantos migrantes, especialmente dos refugiados, dos exilados, dos rejeitados, dos excluídos, dos perseguidos. Reconheçamos, em particular, as dificuldades da família migrante como tal: os transtornos, as humilhações, as dificuldades, a fragiliade. Na realidade, o fenômeno da mobilidade humana é muito amplo e diversificado.
Segundo recentes estimativas das Nações Unidas, os migrantes, por razões econômicas, são hoje quase 200 milhões, cerca de 9 milhões os refugiados e cerca de 2 milhões os estudantes internacionais. A este grande número de irmãos e irmãs devemos nos agregar aos aprisionados internos e os irregulares, levando em conta que cada um pertence, de um modo ou de outro, a uma família. É importante, ainda, tutelar os migrantes e suas famílias mediante o auxílio de autoridades legislativas, jurídicas e administrativas específicas, e também através de uma rede de serviços, de pontos de escuta e de estruturas de assistência social e pastoral.
Desejo que unam-se rapidamente a uma gestão adequada aos fluxos migratórios e da mobilidade humana em geral, para assim adquirir benefícios à toda família humana, começando com medidas concretas que favoreçam a emigração regular e a reestruturação familiar, com particular atenção pelas mulheres e pelos menores.Com efeito, ainda no vasto campo das migrações internacionais, a pessoa humana deve ser sempre colocada no centro.
Sobretudo o respeito da dignidade humana de todos os migrantes, por um lado, e o reconhecimento da parte dos próprios migrantes, dos valores da sociedade que lhes acolhe, do outro, tornando possível a justa integração das famílias nos sistemas sociais, econômicos e políticos dos países de acolhida. Caros amigos, a realidade das migrações não tem sido mais vista, sobretudo, como um problema, mas ainda e sobretudo, como um grande recurso para o caminho da humanidade.
E um recurso é, de modo especial, a família migrante, para que esta seja respeitada como tal, não sofra tormentos irreparáveis, mas possa permanecer unida ou estruturada, e cumprir a sua missão de origem da vida e o primeiro âmbito de acolhida e de educação da pessoa humana. Entregamos junto ao Senhor, por intercessão da Santíssima Virgem Maria e de Santa Francisca Savério Cabrini, padroeira dos migrantes.