Entre 2000 e 2015, a expectativa de vida aumentou cinco anos globalmente, evolução mais rápida desde a década de 1960
Da redação, com ONU
A expectativa de vida no mundo tem aumentado significativamente desde 2000, mas as desigualdades persistem entre os países, apontou o relatório anual “Estatísticas Globais de Saúde: Monitorando a Saúde para os ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável)”, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na última semana.
Entre 2000 e 2015, a expectativa de vida aumentou cinco anos globalmente, evolução mais rápida desde a década de 1960. O indicador havia tido forte declínio nos anos 1990, afetado pela queda da expectativa de vida na África devido à epidemia de AIDS, e na Europa Oriental após o colapso da União Soviética.
Nos últimos 15 anos, o aumento maior ocorreu na Região Africana da OMS, onde a expectativa de vida subiu 9,4 anos, passando para 60 anos. Apesar do avanço, que ocorreu principalmente devido a melhoras na sobrevivência infantil, aos avanços no controle da malária e a um maior acesso aos antirretrovirais para o tratamento de HIV, a região continua com as taxas mais baixas do mundo.
Desigualdades entre os países
Em 12 países do mundo, a expectativa de vida superava os 82 anos em 2015: Suíça (83,4 anos), Espanha (82,8), Itália (82,7), Islândia (82,7), Israel (82,5), França (82,4), Suécia (82,4), Japão (83,7), Cingapura (83,1), Austrália (82,8), Coreia do Sul (82,3) e Canadá (82,2).
Do lado oposto, os 22 países com expectativa de vida de menos de 60 anos eram todos da África Subsaariana, entre os quais Serra Leoa (50,1 anos), Angola (52,4), República Centro-Africana (52,5), Chade (53,1), Costa do Marfim (53,3), Lesoto (53,7) e Nigéria (54,5).
O Brasil tem um indicador intermediário, com uma expectativa de 75 anos, acima da média global. Nas Américas, o Brasil está à frente de países como Bolívia (70,7 anos) e Paraguai (74), mas bem atrás de Chile (80,5), Cuba (79,1), Estados Unidos (79,3) e Uruguai (77).
“O mundo tem feito grandes progressos na redução do sofrimento desnecessário e mortes prematuras decorrentes de doenças evitáveis e tratáveis”, afirmou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan. “Mas os ganhos foram desiguais. Apoiar países para avançar na cobertura universal de saúde baseada na atenção básica é a melhor coisa que podemos fazer para nos certificar que ninguém seja deixado para trás”, completou.
Situação brasileira
A OMS alertou para a necessidade de os países melhorarem os dados disponíveis. A organização estima que 53% das mortes em todo o mundo não sejam registradas, apesar de vários países — incluindo Brasil, China, República Islâmica do Irã, África do Sul e Turquia — terem registrado progressos consideráveis nessa área.
A organização divulgou alguns números do Brasil na comparação com os demais países-membros da OMS.
Segundo o levantamento, a taxa de mortalidade materna no país é de 44 a cada 100 mil nascimentos, enquanto em países da América Latina como Uruguai e Chile esse indicador está em 15 e 22, respectivamente. Por outro lado, o Brasil está mais bem posicionado que a Argentina nesse tema, cuja taxa é de 52.
O estudo mostrou ainda que a taxa de mortalidade infantil brasileira (16,4 para cada 1 mil nascimentos) está pior que a da Argentina (12,5), assim como em relação ao México (13,2), mas o país fica à frente de países como Peru (16,9) e Paraguai (20,5) nesse quesito.
A taxa de suicídio no Brasil é baixa quando comparada a outros países das Américas, com seis a cada 100 mil, enquanto em países como Argentina e Canadá a taxa está em cerca de 11, assim como na Bolívia, onde chega a 11,7.
No entanto, as taxas de homicídio no Brasil são alarmantes, chegando a 32,4 para cada 100 mil pessoas, ficando à frente do Haiti (26,6) e do México (22), por exemplo, perdendo para Honduras (103,9) e Venezuela (57,6).
Publicado anualmente desde 2005, o relatório da OMS é a principal fonte de informações sobre a saúde das pessoas no mundo. O documento contêm dados de 194 países em uma série de indicadores de mortalidade, doenças e do sistema de saúde, incluindo expectativa de vida; morte por doenças-chave; serviços de saúde e tratamentos; investimentos financeiros em saúde; e fatores e comportamentos de risco que afetam a saúde.