Terá início amanhã a Semana de oração pela unidade dos cristãos, que concluirei pessoalmente na Basílica de São Paulo fora dos Muros, no próximo dia 25 de janeiro, com a celebração das Vésperas, a qual estão convidados também os representantes de outras Igrejas e Comunidades eclesiais de Roma.
Durante os dias 18 a 25 de janeiro, em outras partes do mundo, a semana, ao redor de Pentecostes – é um tempo forte de empenho e de oração da parte de todos os cristãos, os quais podem valer-se de subsídios elaborados em conjunto do Pontifício Conselho pela Promoção da Unidade dos Cristãos e da Comissão "Fé e Constituição", do Conselho Ecumênico das Igrejas.
Posso destacar o quanto é sentido o desejo da unidade nos encontros que tive com vários representantes de Igrejas e comunidades eclesiais ao longo deste ano e, de modo muito comovente, na recente visita ao Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, em Istambul, na Turquia. Sobre esta e outras experiências, que têm dilatado meu coração à esperança, retornarei de maneira mais delongada na próxima quarta-feira.
O caminho da unidade é, sem dúvida, longo e não fácil; é preciso, todavia, não desanimar e continuar a percorrê-lo contando, em primeiro lugar, sobre o seguro sustento Daquele que, antes de partir para o céu, prometeu aos seus: "eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos tempos" (Mt 28,20). A unidade é dom de Deus e fruto das ações de Seu Espírito. Por isso é importante rezar.
Quanto mais nos aproximamos de Cristo, convertendo-nos ao seu amor, mais aproximamo-nos também uns com os outros. Em alguns países, entre os quais na Itália, a Semana de oração pela unidade dos cristãos vem preceder a Jornada de Reflexão hebraico-cristã, que é celebrada propriamente no dia de hoje, 17 de janeiro. Há duas décadas atrás a Conferência Episcopal Italiana dedica esta Jornada ao hebraico com o objetivo de promover a consciência e a estima, e para incrementar a relação de recíproca amizade entre a comunidade cristã e aquela hebraica, relação que cresceu positivamente após o Concílio Vaticano II e após a histórica visita do Servo de Deus, João Paulo II na Sinagoga Maior de Roma. Também a amizade hebraico-cristã, para crescer e ser frutuosa, deve fundar-se sobre a oração.
Convido, portanto, a todos voltarem-se neste dia a uma insistente invocação ao Senhor para que hebreus e cristãos se respeitem, se estimem e colaborem juntos pela justiça e pela paz no mundo. Este ano o tema bíblico proposto à comum reflexão e oração nesta "Semana" é: "Faz os surdos ouvirem e faz os mudos falarem" (Mc 7,31-37). São palavras do Evangelho de Marcos e se referem à cura de um surdo-mudo da parte de Jesus.
Nesta breve ação, o evangelista narra que o Senhor, após ter posto o dedo nas orelhas e após ter tocado com saliva na língua do surdo-mudo, operou o milagre dizendo: "Effatà", que significa "Abre-te!". Recuperado o ouvido e reavivado o dom da palavra, aquele homem suscitou a admiração dos outros, recontando o quanto lhe acontecera. Cada cristão, espiritualmente surdo e mudo, por causa do pecado original, com o Batismo, recebe o dom do Senhor, que põe o dedo sobre sua face, e assim, transmite as graças do Batismo, torna capaz de escutar a palavra de Deus e de proclamá-la aos irmãos. Então, a partir daquele momento, é seu dever amadurecer na consciência e no amor de Cristo, para assim poder anunciar e testemunhar eficazmente o Evangelho.
Este tema, pondo em luz dois aspectos da missão de cada comunidade cristã – o anúncio do Evangelho e o testemunho da caridade -, destaca também o quanto é importante traduzir a mensagem de Cristo em concretas iniciativas de solidariedade. O que favorece o caminho da unidade, para que se possa dizer, que cada conforto, mesmo pequeno, que os cristãos conduzem junto ao sofrimento do próximo, contribui para tornar mais visível também sua comunhão e sua fidelidade ao comando do Senhor. A oração pela unidade dos cristãos não pode, todavia, limitar-se a uma semana do ano.
A invocação unida ao Senhor, para que seja Ele a realizar, nos tempos e nos modos somente notórios Dele, à plena unidade de todos os seus discípulos, deve estender-se em todos dias do ano. Por outro lado, a harmonia de intuitos na diaconia para aliviar os sofrimentos do homem, a busca da verdade na mensagem de Cristo, a conversão e a penitência, são fases obrigatórias, através das quais cada cristão, digno desta exortação, deve transcorrer estes dias em um clima de orante escuta do Espírito de Deus, para que obtenham significativos passos sobre a vida da comunhão, plena e perfeita entre todos os discípulos de Cristo. Que a Virgem Maria, a qual invocamos como Mãe da Igreja, obtenha sustento a todos os cristãos, em nosso caminho até Cristo.