“Estamos num país com um povo de uma grande relação com Deus e crença muito bem definida”, afirmou Dom Mol.
André Cunha
Enviado especial a Aparecida
Na tarde desta quinta-feira, 7, o bispo auxiliar de Belo Horizonte, Dom Joaquim Giovani Mol; e o Arcebispo de Londrina (PR), Dom Orlando Brandes, concederam entrevista coletiva à imprensa, durante a 54ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil.
Dom Mol fez a apresentação das ideias chaves das análises que o episcopado tem feito com relação ao cenário sócio-religioso e sócio-político do Brasil.
Segundo Dom Mol, não há uma mudança substantiva da realidade cenário social da religião no Brasil. De acordo com os dados apresentados pelo bispo, a Igreja Católica permanece com a maioria dos que se declaram com religião: 64% da população brasileira é católica. Entre os outros grupos religiosos, há um destaque para os da linha pentecostal, com 18%.
Para o bispo, o que mais chama a atenção é o número relacionado aos que se consideram sem religião; eles são 8,9% da população. Segundo ele, as razões das pessoas sem religião são basicamente estas: possuem uma religiosidade própria sem vínculo com uma instituição; não possuem crenças religiosas ou não frequentam nenhuma Igreja. Dentre estes 8,9%, 0,5% dizem não acreditar em Deus.
“Nós, portanto, estamos num país que tem um povo com uma grande relação com Deus e com uma crença muito bem definida nesse aspecto”, afirmou o bispo.
Ainda segundo Dom Mol, mais de 68% da população nunca transitou de religião. O restante, uma vez que transitam a primeira vez, o fazem outras tantas. “Normalmente, as pessoas vão com sentido de busca, de realização, de solução dos problemas e etc. Mas aí ela começa a transitar muito, quem sabe como um indicativo de uma procura muito intensa”, explicou Dom Mol.
Já o nível de compromisso e de participação das pessoas em suas religiões não é o ideal, de acordo com Dom Mol, porém, “é muito significativo”. Segundo ele, 23% dos que se declaram católicos têm um compromisso com a Igreja. Com os protestantes o percentual varia.
“Nós estamos num cenário de pluralismo religioso muito grande. Portanto, precisamos cultivar a capacidade de diálogo uns com os outros, de respeito com as diferenças religiosas, para que, assim, a somatória da vivência religiosa possa contribuir com cada pessoa individualmente, como também marcar a sua família e a realidade brasileira.
Realidade social e política do Brasil
Dom Joaquim Giovani Mol também reafirmou a posição da Igreja Católica no Brasil, bem como a de todos os bispos da CNBB:
“A Igreja Católica no Brasil, através da CNBB, mas também dos padres e seus fiéis, repudia com veemência toda e qualquer atitude, ação ou plano de corrupção em nosso país. E por considerar a corrupção como algo que fere, e mais do que fere, desmancha o tecido social, a CNBB considera que a apuração de toda a corrupção deve ser implacável; que as pessoas envolvidas devem ser julgadas; as pessoas consideradas culpadas, devem ser punidas, rigorosamente dentro da legislação que temos no país”, disse.
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