A caridade apresentada por Paulo aos Coríntios deve ser a “palavra-orientadora” do ministério cardinalício, diz Francisco
André Cunha
Da redação
A Igreja Católica tem, a partir deste sábado, 14, dezenove novos cardeais, criados em Consistório Ordinário Público, presidido pelo Papa Francisco na Basílica de São Pedro, no Vaticano. O vigésimo cardeal, Dom José de Jesús Pimiento Rodríguez, não pôde comparecer à cerimônia por conta da idade, e receberá o barrete na Colômbia.
Quinze desses novos cardeais são eleitores, ou seja, num eventual Conclave, podem eleger o novo Pontífice. Os outros cinco são eméritos, não têm direito a voto, mas se destacaram pela caridade pastoral no serviço da Santa Sé e à Igreja.
A cerimônia contou ainda com a presença do Papa emérito Bento XVI, que a final recebeu o abraço do Papa Francisco.
A caridade no ministério cardinalício
De acordo com o Santo Padre, o capítulo 13 da carta de São Paulo aos Coríntios – texto lido durante o Consistório – de ser a “palavra-orientadora” do ministério cardinalício.
Durante sua reflexão, o Santo Padre destacou as características da caridade, apontadas por Paulo, e adaptando-as ao ministério do cardeal.
.: Leia a íntegra da homilia do Papa durante o Consistório
“São Paulo começa por nos dizer que a caridade é ‘magnânima’ e ‘benévola’. Quanto mais se amplia a responsabilidade no serviço à Igreja, tanto mais se deve ampliar o coração, dilatando-se de acordo com a medida do coração de Cristo”, disse o Papa.
Em seguida, recordou que a caridade “não é invejosa, não é arrogante nem orgulhosa” e que os cardeais não estão isentos da inveja, arrogância e orgulho. Entretanto, disse-lhes que a força divina da caridade, pode transformar de tal modo o coração a ponto de dizer: “já não és tu que vives, mas Cristo que vive em ti”.
“Além disso, a caridade ‘não falta ao respeito, não procura o seu próprio interesse’. Estes dois traços revelam que, quem vive na caridade, se descentralizou de si mesmo. A pessoa que vive auto-centralizada, inevitavelmente falta ao respeito e, muitas vezes, nem se dá conta disso, porque o «respeito» é precisamente a capacidade de ter em conta o outro, a sua dignidade, a sua condição, as suas necessidades”, continuou.
Depois, lembrando que a caridade “não se irrita”, Francisco também recordou que o cardeal vive em contato com muitas pessoas e sempre corre o risco de se irritar. Mas afirmou que a caridade tem poder para libertar o homem. “Liberta-nos do perigo de reagir impulsivamente, dizer e fazer coisas erradas”, afirmou.
A caridade – acrescenta o Apóstolo – “não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade”. Sobre isso, o Papa disse que quem é chamado na Igreja ao serviço da governança deve ter um sentido tão forte da justiça que veja toda e qualquer injustiça como inaceitável.
Por fim, Francisco destacou que a caridade “tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”, e apontou estas quatro palavras como um programa de vida espiritual e pastoral.
Rito do Consistório
Após a palavras do Papa, iniciou-se o rito de criação dos novos cardeais. O Pontífice recitou a fórmula em latim e o nome dos novos membros do Colégio Cardinalício. Em seguida, os cardeais fizeram a profissão de fé e o juramento diante do Papa e toda a Igreja. O rito conclui-se com a entrega do barrete vermelho e do anel cardinalício, símbolos do amor pela Igreja.
Causas de Canonizações
No final da cerimônia, deu-se o Consistório Ordinário Público, presidido pelo Bispo de Roma, para a votação de três Causas de Canonização das seguintes beatas: Giovana Emília de Villeneuve (França, 1811-1854), Maria de Jesus Crucificado (Palestina, 1846-1878) e Maria Afonsina Danil Ghattas (Palestina, 1843-1927).
A canonização foi marcada para o dia 17 de maio próximo.