Santo Padre conversou com jornalista e abordou temas como o Sínodo da Família, Reforma da Cúria e o seu “ser Papa”
Da Redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco concedeu entrevista ao jornal argentino “La Nacion”, publicada neste domingo, 7. Falando à jornalista Elisabetta Piqué, o Pontífice abordou temas que vão desde o Sínodo da Família até a Reforma da Cúria; do Instituto para as Obras de Religião (IOR) até sua vida na Casa Santa Marta.
O Sínodo não é um parlamento, mas um espaço aberto protegido pelo Espírito Santo, disse o Papa ao responder perguntas sobre o Sínodo da Família. Ele considerou que é “simplificatório” dizer que os padres sinodais estão divididos em dois setores, um contra o outro, e reiterou a importância de falar claramente e escutar com humildade.
Com relação às posições do Sínodo sobre uniões homossexuais, o Papa esclareceu que ninguém falou de união homossexual, mas sim de famílias que têm um filho ou uma filha homossexual e de como é possível ajudar tais famílias.
Em seu discurso final no Sínodo, o Papa disse que não tocou nenhum ponto da doutrina da Igreja sobre matrimônio. No caso dos divorciados que se casam novamente, ele reconheceu que há muitas questões pastorais. Ele citou as diversas limitações vividas por essas pessoas na Igreja, como não poder ser padrinho de Batismo, de forma que até parece que elas foram excomungadas, mas não foram.
Francisco disse que é preciso mudar um pouco as coisas. E a quem falou de confusão, respondeu: “continuamente pronuncio discursos, homilias e este é o Magistério”. Isto, comentou, “é aquilo que eu penso, não aquilo que os jornais dizem que eu pense”, “Evangelii gaudium é muito clara”.
Cúria Romana
Francisco não deixou de responder perguntas sobre a reforma da Cúria, afirmando que esse é um processo lento e ele pensa que não estará concluído em 2015. Ele explicou que uma das propostas em discussão é o agrupamento dos dicastérios dos Leigos e da Família e Justiça e Paz.
De resto, o Papa reiterou que a reforma que mais tem no coração é aquela espiritual, a reforma do coração. Ele contou que, para o Natal, está preparando um discurso aos membros da Cúria e um para os trabalhadores do Vaticano com as famílias, que encontrará na Sala Paulo VI.
O Pontífice disse não ser preocupado pelas divergências que emergem na reforma da Cúria Romana e recordou que esse processo foi decidido pelos cardeais nas Congregações Gerais que precederam o Conclave. Tanto o IOR quanto a reforma econômica estão indo bem, disse.
Ser Papa
Francisco falou do seu “ser Papa”, contando que, quando foi eleito no Conclave, disse a si mesmo: “Jorge, não mude, continua a ser você mesmo porque mudar na tua idade é ridículo”.
Sobre saúde, ele afirmou que tem alguns mal-estar próprios da idade, mas está nas mãos de Deus e até agora pode ter um ritmo de trabalho mais ou menos bom. Brincando, ele disse que Deus lhe deu um “sano dote de inconsciência”.
Sobre as próximas viagens apostólicas, disse que talvez irá para a Argentina em 2016, enquanto em 2015 está no programa uma visita a três países da América Latina e África.
Tendo em vista as próximas eleições na Argentina, o Pontífice disse que não receberá políticos argentinos, para não interferir. Porém, afirmou que, neste momento, a quebra do sistema democrático, da Constituição, seria um erro para o país.