A ideia foi presentear crianças carentes, para que elas pudessem ter a festa de Natal que o marido não teve na infância
Luciane Marins
Da Redação
“A melhor coisa que existe no mundo é o Natal. Jesus nasceu pra gente, né?” A afirmação é de Dona Rosângela Soares Rodrigues dos Santos, 58 anos, que mora em Pouso Alto, Sul de Minas Gerais (MG). Ela não guarda para si o amor que tem pela data, pois além de celebrar a festa cristã com a família e os amigos, há 15 anos promove um evento que reúne cerca de 800 crianças. Mais do que oferecer comes e bebes, brinquedos e brincadeiras, sua intenção é despertar nos pequenos o mesmo amor que ela sente pelo Natal.
Curioso, é que a motivação que levou Dona Rosângela a promover a confraternização foi, justamente, o desamor que seu marido sentia pela festa natalina. “Sempre gostei muito do Natal, mas meu marido não. Ele achava que não era nada, nunca teve festa, na família dele não teve isso.”
A atitude de Rosângela foi então surpreendente. Propôs a solidariedade para superar o trauma do seu esposo. “Por que não fazemos uma festa para crianças que não têm presentes?” A primeira, reuniu umas 20 crianças do bairro, mas a iniciativa deu tão certo, que já se tornou tradição e não para de crescer. Hoje, seu esposo espera ansiosamente pela festa de Natal.
No dia 24 de dezembro, por volta das 15h, a criançada começa a se reunir em frente à casa de Rosângela. Com ajuda do esposo, de familiares, amigos e vizinhos, todas as crianças recebem presente e se fartam com as guloseimas. Nesse ano, o evento terá até um pula-pula.
Rosângela recorda que começou sozinha, mas, com o passar do tempo, muitos foram aderindo à iniciativa. “Cada um dá o que pode. Um paga o bolo, o outro o cachorro-quente, o outro o refrigerante”, conta.
E a ajuda é assim, voluntária. Ela não conta com nenhuma instituição ou ONG. E mesmo trabalhando “fora”, tem tempo e disposição para promover a festa.
Dos muitos fatos marcantes que viveu nesses quinze anos, Rosângela se emociona ao recordar o desejo de um menino. “Lembro que meu cunhado foi Papai Noel. Ele estava fazendo graça com as crianças dizendo: ‘Ah, vou te dar uma moto, um carro, um casa, isso, aquilo’. Chegou um menininho e falou assim: ‘Eu não quero nada, só quero um beijo do Papai Noel’. Até o Noel chorou”.
Para quem nunca pensou em ter um gesto solidário no Natal, Dona Rosângela dá uma dica. Para ela, o maior prazer que se pode ter está em ajudar o próximo. “Se a pessoa experimentar fazer, que seja para uma criança só, eu tenho a certeza de que ela nunca mais vai parar, porque o agradecimento da criança é tanto, que vale a pena!”
E a festa, que há 15 anos acontece em Pouso Alto, Sul de Minas, não tem data para acabar. Dona Rosângela, cheia de vida, dá o exemplo e o incentivo. “Enquanto eu viver vou fazer! Depois, se algum dos filhos quiser continuar…”
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