Cristãos fogem da cidade de Qaraqosh após local ser tomado por militantes jihadistas
Da redação, com AIS
A cidade de Qaraqosh, um dos últimos refúgios para os cristãos no norte do Iraque foi atacada e tomada à força, na noite desta quarta-feira, 6, por militantes jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e o Levante.
Pelo menos 50 atentados com mais de 30 mortos e 70 feridos marcou ontem no Iraque a Festa da Transfiguração de Jesus, uma ocasião para celebrar o Dia de Oração no país.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) informa que o ataque provocou a fuga generalizada dos cristãos que viviam na cidade – e que na sua maioria já tinham fugido de Mossul – e estes se encontram agora nas ruas de Erbil.
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As estruturas locais da Igreja tentam ajudar esta nova multidão calculada em mais de 100 mil refugiados, dando-lhes abrigo, alimentos, água potável. Maria Lozano, uma das responsáveis pela estrutura de Comunicação da Fundação AIS em âmbito internacional classificou esta situação como sendo “um desastre”.
Quaraqosh, recorde-se, é a sede do Arcebispado de Mossul, onde está situado o seu Seminário Maior e onde se encontravam também diversas congregações religiosas femininas. A população da cidade era, até ontem à noite, composta por mais de 90% de cristãos.
Ações jihadistas
Já nos últimos dias as notícias provenientes do Iraque não eram positivas. A ocupação de novas aldeias e cidades na região de Mossul pelos jihadistas já tinha levado a uma outra fuga maciça de centenas de milhares de pessoas.
Uma vez mais, os cristãos foram vítimas dessas ofensivas, assim como membros de outras minorias religiosas, como os yezidis. Estas ações militares têm decorrido agora em região controlada pelos Curdos.
Dia de oração pela paz
A urgência de paz no Iraque motivou a realização, nesta quarta-feira, 6, de um Dia Mundial de Oração pela Paz e Reconciliação, promovido pela Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) em sintonia com o Patriarca da Igreja Caldeia, Dom Louis Sako.
A iniciativa procurou sensibilizar o mundo para o drama inqualificável que se verifica no Iraque face à atuação de movimentos jihadistas, como o Estado Islâmico, que têm vindo a ocupar cada vez mais vastas regiões deste país, assim como da Síria, onde autoproclamaram a instauração de um “califado”.
Outras iniciativas
Ontem, o Papa Francisco também se associou a este evento, embora indiretamente, ao pedir orações pela região. “Rezemos tanto pela paz no Oriente Médio. Rezem por favor!”, disse.
Também na última terça-feira, em Bagdá, capital iraquiana, houve um encontro em favor da paz que reuniu, na igreja de St. George, muçulmanos, membros do conselho da cidade, cristãos e muitos outros ativistas, que expressaram solidariedade para com os cristãos de Mossul.
Dom Louis Sako, que esteve presente no evento, afirmou que toda a comunidade está chocada com o que “está acontecendo no país”, referindo-se aos acontecimentos de Mossul em que as “pessoas têm sido arrancadas das suas raízes, saqueadas e humilhadas por causa da sua fé cristã”.
O prelado fez também referência aos mais recentes acontecimentos em Sinjar, onde, nas últimas horas, ocorreu um massacre contra a comunidade Yazidi. “Estou triste e envergonhado com tais atos”, acrescentou.
Centenas de mulheres e crianças, todos da minoria religiosa yazida, foram feitos prisioneiros pelos milicianos do Estado islâmico que massacraram, de acordo com fontes do governo, 500 homens da mesma comunidade.