Para Dom Bernardino as festas juninas são ocasião para construir gestos de paz e união e fazer com que seja superada a dificuldade de acreditar uns nos outros
Luciane Marins e Padre Roger Araújo
O Canção Nova em Foco desta semana destaca as festas juninas, suas tradições culturais e religiosas. O Bispo de Caruaru (PE), Dom Bernardino Marchió, conversa com o jornalista padre Roger Araújo e destaca que o encontro entre as pessoas nesta época é uma maneira para viver o Evangelho, que quer comunhão, paz e fraternidade.
“Somos irmãos que queremos aproveitar desse tempo de festa para estreitar os laços entre as famílias, para reunir as pessoas, lembrar também que no fundo essas celebrações tem uma conotação religiosa. São os santos que estão no coração do povo e santos que nos dizem que viver o Evangelho é uma grande alegria.”
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Quatro santos populares são celebrados em junho: Santo Antônio, no dia 13, São João, no dia 24, e São Pedro e São Paulo, dia 29.
Santo Antônio é padroeiro de três paróquias na Diocese, além de ser celebrado no Convento dos Capuchinhos de Caruaru. Algumas capelas são dedicadas à São Pedro e duas paróquias estão sendo dedicadas a São Paulo. Dos quatro santos, São João é o menos celebrado do ponto de vista religioso e litúrgico.
Para destacar o aspecto religioso da festa do santo, a Igreja em Caruaru organiza, entre outras atividades, uma Missa no dia de São João, 24, às 3h da manhã. Embora seja de madrugada, Dom Bernardino comemora o sucesso da celebração que acontece no mesmo local em que as quadrilhas se apresentam.
“Toda noite tem festas que vão até meia noite, duas horas. Tem um parque de eventos onde os turistas vêm. Durante a noite nem daria para fazer celebrações religiosas, então, começamos a fazer uma celebração com todas as paróquias da cidade e assim conseguimos atrair muita gente para essa celebração. A primeira experiência foi bonita.”
Dom Bernardino acredita que a beleza dessa festa está no encontro entre as pessoas. Ele destaca por exemplo a convivência em bairros, povoados e sítios, a partilha entre os “compadres” e defende que este aspecto deve ser conservado.
“Comunicar boas notícias, estar junto. É claro que hoje isso se perde um pouquinho, porque hoje entraram muitas bandas que nem sempre é aquele forró pé de serra tradicional.”
Outra festa importante celebrada em junho é a de Corpus Christi. Embora não seja ligada as festas juninas, a Diocese de Caruaru aproveita a ocasião para celebrá-la no pátio de eventos. Até 40 mil fiéis se reúnem.
“Há mais de 10 anos conseguimos que na noite de Corpus Christi não venha nenhuma outra banda, somos nós que fazemos a festa. Quando eu pergunto quem é a atração daquela noite? É Jesus Cristo, a Eucaristia!”
Para o Bispo de Caruaru, até mesmo as comidas típicas são ocasião que proporcionam a vivência fraterna e a alegria. Ele conta, de maneira descontraída, que mesmo “sem comer muito” vai às barracas de comidas típicas e atende à convites das famílias, porque acredita que isso é importante para manter laços de fraternidade com os outros.
“As festas juninas nos ajudam a confraternizar, não é tudo perfeito, não é tudo Evangelho. Mas no meio dessas coisas humanas, dessas dificuldades, nós todos queremos sempre mais construir gestos de paz, fazer com que as pessoas se unam, fazer com que as pessoas vençam a dificuldade de acreditar no irmão.”