"As esperanças de um futuro melhor incluem também uma nova ordem política", declara a carta pastoral dos Bispos católicos cubanos. O Documento publicado nesta semana em Cuba tem como tema "A esperança jamais desilude" e convida o governo do presidente Raul Castro a realizar reformas políticas democráticas para acompanhar as mudanças econômicas que abriram um espaço à iniciativa privada. Há cerca de 20 anos, a Igreja cubana não se expressava em termos tão diretos sobre este tema.
Na mensagem, os bispos destacam ser imprescindível à realidade cubana uma atualização da legislação nacional no que diz respeito à "ordem política". A Conferência Episcopal, presidida pelo Bispo de Santiago de Cuba, Dom Dionísio Garcia, evidencia que Cuba é chamada a ser uma sociedade pluralista, pois é a nação de todos os cubanos, com suas diferenças e aspirações.
"Deve existir o direito à diversidade em relação ao pensamento, à criatividade, à busca da verdade. Da diversidade nasce a necessidade de diálogo", alerta a carta.
A visita do Papa Bento XVI ao país, a devoção a Nossa Senhora "Madre de El Cobre", o bem comum e liberdade como fontes de esperança, são os temas citados nos 43 pontos do documento.
Os Bispos pedem ainda ao presidente Raul Castro “que encoraje novas iniciativas de diálogo” com os Estados Unidos, com os quais não existem relações diplomáticas e mantêm o embargo econômico à ilha há meio século.
A Igreja Católica em Cuba iniciou, em 2010, importantes encontros com o governo da ilha. O Arcebispo de Havana, Cardeal Jaime Ortega, após meses de diálogo com o presidente Raul Castro conseguiu a libertação de cerca de 130 prisioneiros políticos.