INTRODUÇÃO
1. A Assembleia Plenária da Congregação para a Educação Católica solicitou a publicação de orientações pastorais para promover as vocações ao ministério sacerdotal.
Para responder a tal solicitação, a Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais, em colaboração com os seus Consultores, com os representantes da Congregação para a Evangelização dos Povos, da Congregação para as Igrejas Orientais e para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica e da Congregação para o Clero, elaborou um Inquérito sobre a pastoral do ministério sacerdotal com a finalidade de obter um quadro atualizado da pastoral vocacional nas diferentes regiões do mundo, especialmente no que diz respeito ao sacerdócio ministerial.
O Inquérito foi enviado no dia 15 de Maio de 2008, por meio das Representações Pontifícias, a todos os delegados da pastoral vocacional das Conferências Episcopais e aos diretores dos “Centros Nacionais Vocacionais”, para que pudessem fornecer informações acerca da situação das vocações e formular propostas de ações pastorais.
Examinadas as respostas das Conferências Episcopais e dos Centros Nacionais ao Inquérito, surgiu o pedido de orientações para a pastoral vocacional, com base numa clara e fundamentada teologia da vocação e da identidade do sacerdócio ministerial.
I. A PASTORAL DA VOCAÇÃO AO MINISTÉRIO SACERDOTAL NO MUNDO
2. Atualmente a situação das vocações presbiterais é muito diversificada no mundo. Ela apresenta-se caracterizada por luzes e sombras. Enquanto no Ocidente se enfrenta o problema da diminuição das vocações, nos outros continentes, não obstante os poucos meios, nota-se um crescimento promissor das vocações sacerdotais.
Nos países de antiga tradição cristã a preocupante diminuição numérica dos sacerdotes, o crescente aumento da sua média de idade e a necessidade da nova evangelização esboçam a apresentação de uma nova situação eclesial.
A diminuição do índice de natalidade também contribui para a diminuição das vocações de especial consagração. A vida dos fiéis católicos sofre o contragolpe da procura desenfreada dos bens materiais e da diminuição da prática religiosa, que desviam das escolhas corajosas e comprometidas com o Evangelho.
Assim sendo, como escreveu o Santo Padre Bento XVI: «Precisamente no nosso tempo conhecemos muito bem o “dizer não” de quantos foram convidados primeiro. De fato, a cristandade ocidental, isto é, os novos “primeiros convidados”, agora em grande parte se recusam, não têm tempo para se encontrar com o Senhor».
Por mais que a pastoral vocacional seja estruturada e criativa na Europa e nas Américas, os resultados obtidos não correspondem ao empenho amplamente despendido. Todavia, ao lado de situações difíceis, que devem ser vistas com coragem e verdade, registram-se alguns indícios de progressos, especialmente onde se formulam claras e consistentes propostas de vida cristã.
3. A oração da comunidade cristã sempre reforçou, no povo de Deus, a consciência comum para as vocações, na forma de uma “solidariedade espiritual”.
Ali onde amadurece e se fortifica uma pastoral integrada, seja ela familiar, juvenil ou missionária, juntamente com a pastoral vocacional, assiste-se a um florescimento de vocações sacerdotais. As Igrejas locais tornam-se realmente «responsáveis pelo nascimento e pela maturação das vocações sacerdotais». A dimensão vocacional não se propõe assim como um simples acréscimo de programações e de propostas, mas torna-se natural expressão de toda a comunidade.
Os dados estatísticos da Igreja Católica e algumas pesquisas sociológicas mostram que, quando são propostas iniciativas de nova evangelização nas paróquias, nas associações, nas comunidades eclesiais e nos movimentos, os jovens demonstram disponibilidade para responder ao chamamento de Deus e para oferecer a própria vida ao serviço da Igreja.
A família permanece a primeira comunidade para a transmissão da fé cristã. Constata-se, por toda a parte, que muitas vocações presbiterais nascem nas famílias, nas quais o exemplo de uma vida cristã coerente e a prática das virtudes evangélicas fazem brotar o desejo de uma doação total. A solicitude com as vocações pressupõe, de fato, uma válida pastoral familiar.
É necessário ainda acrescentar que, muitas vezes, a interrogação sobre a vocação presbiteral nasce nos adolescentes e nos jovens graças ao alegre testemunho dos presbíteros.
O testemunho de sacerdotes unidos a Cristo, felizes do próprio ministério e fraternalmente unidos entre si, suscita nos jovens um forte chamamento vocacional. Os Bispos e os sacerdotes oferecem aos jovens uma elevada e atraente imagem do sacerdócio ordenado. «A própria vida dos padres, a sua dedicação incondicional ao rebanho de Deus, o seu testemunho de amoroso serviço ao Senhor e à sua Igreja – testemunho assinalado pela opção da cruz acolhida na esperança e na alegria pascal -, a sua concórdia fraterna e o seu zelo pela evangelização do mundo são o primeiro e mais persuasivo fator de fecundidade vocacional».
De fato, os sacerdotes são frequentemente testemunhas de dedicação à Igreja, capazes de uma alegre generosidade, de uma humilde adaptação às diversas situações nas quais se encontram e trabalham. O seu exemplo suscita o desejo de grandes compromissos na Igreja e a vontade de doar a própria vida ao Senhor e aos irmãos. Exerce uma forte atração, especialmente nos jovens, o compromisso dos sacerdotes com as pessoas sedentas de Deus, dos valores religiosos e que se encontram na condição de grande pobreza espiritual.
Nota-se também que muitos jovens descobrem o chamamento ao sacerdócio e à vida consagrada depois de terem vivido uma experiência de voluntariado, um serviço de caridade para com os que sofrem, os necessitados e os pobres, ou depois de se terem dedicado por algum tempo nas missões católicas.
A escola é outro ambiente da vida dos adolescentes e dos jovens, no qual o encontro com um sacerdote professor ou a participação em iniciativas de aprofundamento da fé cristã têm proporcionado o início de um caminho de discernimento vocacional.
4. A difusão da mentalidade secularizada desencoraja a resposta dos jovens ao convite de seguir o Senhor Jesus, com mais radicalidade e generosidade.
Ao Inquérito promovido pela Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais, as Igrejas locais enviaram muitas respostas que evidenciam uma série de motivos pelos quais os jovens ignoram a vocação sacerdotal e a reenviam a um futuro incerto.
Além disso, os pais, com as suas expectativas acerca do futuro dos filhos, reservam espaços limitados à possibilidade de vocações de especial consagração.
Outro aspecto que desfavorece a vocação presbiteral é a gradual marginalização do sacerdote na vida social, com a consequente perda da relevância pública. Além disso, em muitos lugares a própria escolha celibatária é colocada em discussão. Não somente uma mentalidade secularizada, mas também opiniões erradas no interior da Igreja conduzem ao desprezo do carisma e da escolha celibatária, mesmo se não podem ser silenciados os graves efeitos negativos da incoerência e do escândalo, causados pela infidelidade aos deveres do ministério sacerdotal entre os quais, por exemplo, os abusos sexuais. Isso cria confusão nos próprios jovens que, não obstante isso, estariam dispostos a responder ao chamamento do Senhor.
A própria vida presbiteral, arrastada no turbilhão do ativismo exagerado com a consequente sobrecarga de trabalho pastoral, pode ofuscar e enfraquecer a luminosidade do testemunho sacerdotal. Em tal situação, a promoção dos caminhos pessoais e o acompanhamento espiritual dos jovens tornam-se uma ocasião propícia para a proposta e o discernimento da vocação, especialmente da vocação presbiteral.
II. VOCAÇÃO E IDENTIDADE DO SACERDÓCIO MINISTERIAL
5. A identidade da vocação ao ministério sacerdotal coloca-se no íntimo da identidade do cristão enquanto discípulo de Cristo. «A história de cada vocação sacerdotal, como, aliás, de qualquer outra vocação cristã, é a história de um inefável diálogo entre Deus e o homem, entre o amor de Deus que chama e a liberdade do homem que no amor responde a Deus».
Os Evangelhos apresentam a vocação como um maravilhoso encontro de amor entre Deus e o homem. Este é o mistério do chamamento, mistério que envolve a vida de cada cristão, mas que se manifesta com maior evidência naqueles que Cristo convida a deixar tudo para O seguir mais de perto. Cristo sempre escolheu algumas pessoas para colaborarem de maneira mais direta com Ele na realização do desígnio salvífico do Pai.
Jesus, antes de chamar os discípulos a um serviço particular, convida-os a deixar tudo, para viver em profunda comunhão com Ele, ou melhor, para “estar” com Ele (Mc 3,14).
Também hoje o Senhor Ressuscitado chama os futuros presbíteros para transformá-los em verdadeiros anunciadores e testemunhas da sua presença salvífica no mundo.
É no exemplo daquela experiência que nasce a necessidade de ser companheiro de viagem de Cristo Ressuscitado, de empreender um percurso de vida que nada dá como certo, mas que, com docilidade, se abre ao Mistério de Deus que chama.
6. Cristo Pastor é origem e modelo do ministério sacerdotal. Ele mesmo decidiu confiar a alguns dos seus discípulos a autoridade de oferecer o Sacrifício eucarístico e de perdoar os pecados.
«E assim, enviando os Apóstolos tal como Ele tinha sido enviado pelo Pai, Cristo, através dos mesmos Apóstolos, tornou participantes da sua consagração e missão os sucessores deles, os Bispos, cujo ofício ministerial, em grau subordinado, foi confiado aos presbíteros, para que, constituídos na Ordem do presbiterado, fossem cooperadores da Ordem do episcopado para o desempenho perfeito da missão apostólica confiada por Cristo».
Por isso, o sacerdote, como afirma claramente a doutrina do caráter da Ordem sacra, é configurado a Cristo Sacerdote que o habilita a agir na pessoa de Cristo Cabeça e Pastor. O ser e o agir do sacerdote, no ministério, provém da fidelidade de Deus, marcada pelo dom espiritual que, no sacramento da Ordem, passa a habitar no sacerdote de maneira permanente e o diferencia dos batizados participantes do sacerdócio comum. O sacerdote, de fato, enquanto unido à Ordem episcopal, participa da autoridade com a qual Cristo «edifica, santifica e governa o seu corpo».
Desta forma, o sacerdócio ministerial diferencia-se essencialmente do sacerdócio comum e está ao seu serviço. De fato, o sacerdote ministerial, «pelo seu poder sagrado, forma e conduz o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico fazendo às vezes de Cristo e oferece-o a Deus em nome de todo o povo; os fiéis, por sua parte, concorrem para a oblação da Eucaristia em virtude do seu sacerdócio real, que eles exercem na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa». Para isto «tende e nisto se consuma o ministério dos presbíteros».
É claro que o dom transmitido pela imposição das mãos deve ser sempre “reavivado” (cf. 2 Tm 1,6), porque os sacerdotes «quer se entreguem à oração e à adoração quer preguem a Palavra de Deus, quer ofereçam o sacrifício eucarístico e administrem os demais sacramentos, quer exerçam outros ministérios favor dos homens, concorrem não só para aumentar a glória de Deus mas também para promover a vida divina nos homens».
A primeira dimensão do sacramento da Ordem, de caráter cristológico, funda a dimensão eclesiológica. Enquanto é necessário que a própria Igreja seja convocada pelo Cristo Ressuscitado, os sacerdotes são habilitados pelo sacramento da Ordem a ser instrumentos eficazes para a edificação da Igreja, através do anúncio da Palavra, da celebração dos sacramentos e da orientação do povo de Deus. Sem estes dons a Igreja perderia a própria identidade. O sacerdócio ministerial é assim o ponto nevrálgico e vital para a existência da Igreja, enquanto sinal eficaz da prioridade da graça com a qual Cristo Ressuscitado a edifica no Espírito.
Deste modo os sacerdotes, representando Cristo Pastor, encontram na total dedicação à Igreja o elemento unificante da própria identidade teológica e da própria vida espiritual. Por isso, «a caridade do padre se refere primariamente a Jesus Cristo: só se amar e servir a Cristo Cabeça e Esposo, a caridade se torna fonte, critério, medida, impulso de amor e de serviço do sacerdote para com a Igreja corpo e esposa de Cristo». Se o sacerdócio ministerial não tem nesse amor a sua origem, acaba por tornar-se uma tarefa funcional, em vez de propor-se como o serviço de um pastor que dá a vida pelo rebanho. É, portanto, o amor a Cristo que constitui a motivação prioritária da vocação ao presbiterado.
7. O ministério presbiteral, conferido com o sacramento da Ordem, está marcado na sua natureza pela vida trinitária, vida que é comunicada por Cristo e pela sua união com o Pai no Espírito Santo. Esta vida determina essencialmente a identidade presbiteral.
Cada sacerdote vive na comunhão real e ontológica do Presbitério unido ao próprio Bispo. De fato: «O ministério ordenado, em virtude da sua própria natureza, pode ser exercido somente na medida em que o presbítero estiver unido a Cristo mediante a inserção sacramental na ordem presbiteral e, por conseguinte, enquanto se encontrar em comunhão hierárquica com o próprio Bispo. O ministério ordenado tem uma radical “forma comunitária” e pode apenas ser assumido como “obra coletiva”».
O sacerdote serve a communio da Igreja em nome de Jesus Cristo. O Senhor chama o presbítero pessoalmente e associa-o à relação pessoal consigo, à experiência da fraternidade apostólica e à missão pastoral de exemplar origem trinitária. O “nós” apostólico, reflexo e participação da comunhão trinitária, marca a identidade do ministério ordenado.
É claro que o caminho vocacional e a própria formação deverão retomar os elementos essenciais dessa mesma vida trinitária, própria do ministério ordenado, no qual o chamamento pessoal de Cristo está ao serviço de uma vida de comunhão-missão, reflexo da vida trinitária.
Uma tarefa importante da pastoral vocacional, portanto, será aquela de oferecer aos adolescentes e aos jovens uma experiência cristã, por meio da qual se possa experimentar a realidade própria de Deus na comunhão com os irmãos e na missão evangelizadora.
Sentindo-se parte de uma família de filhos e filhas que têm o mesmo Pai, que os ama imensamente, são chamados a viver como irmãos e irmãs e, perseverando na unidade, se coloquem ao serviço da nova evangelização «para proclamar e testemunhar a verdade maravilhosa do amor salvífico de Deus».
A pastoral da vocação ao ministério ordenado tende a gerar homens de comunhão e missão, capazes de se inspirar no “mandamento novo” (cf Jo 13,34) fonte da “espiritualidade de comunhão”.
A promoção vocacional e o consequente discernimento levam em grande consideração essa experiência cristã, fundamento de um caminho de graça inscrito no sacramento da Ordem e condição para uma autêntica evangelização.
8. Um prudente e sábio discernimento das condições essenciais para aderir ao sacerdócio será oportunamente aprofundado para certificar a idoneidade dos “vocacionados”. A pastoral vocacional está consciente de que a resposta ao chamamento fundamenta-se na progressiva harmonização da personalidade nos seus diversos componentes: humano e cristão, pessoal e comunitário, cultural e pastoral.
«O conhecimento da natureza e da missão do sacerdócio ministerial – lê-se na Pastores dabo vobis – é o pressuposto irrecusável, e ao mesmo tempo o guia mais seguro bem como o estímulo mais premente para desenvolver na Igreja a ação pastoral de promoção e discernimento das vocações sacerdotais e da formação dos chamados ao ministério ordenado».
Por esta razão a pastoral vocacional tende, em primeiro lugar, ao desenvolvimento da pessoa na sua totalidade e integralidade, com a finalidade de preparar os que são chamados ao sacerdócio a serem conformes a Cristo Pastor, no contexto de uma profunda experiência comunitária.
Cada “vocacionado” deve ser colocado em condições de viver uma relação íntima de amor com o Pai que o chama, com o Filho que o configura e com o Espírito que o plasma, por meio da educação à oração, da escuta da Palavra, da participação à Eucaristia, do silêncio adorador.
A proposta vocacional caminha a par e passo com a assunção gradual, por parte do “vocacionado”, de tarefas, escolhas e responsabilidades, também com o objetivo de consentir um discernimento profundo e amplo da autenticidade da vocação.
A integração e a maturação afetiva são uma meta necessária para saber acolher a graça do Sacramento. Convém evitar as propostas vocacionais dirigidas a sujeitos que, mesmo sendo louváveis no seu caminho de conversão, são marcados por fragilidades humanas profundas.
É importante que o “vocacionado” perceba com clareza os compromissos que deverá assumir, particularmente no celibato.
É oportuno que o chamamento tenha raízes num contexto eclesial preciso que dê consistência aos motivos da escolha vocacional e que contribua para sanar os possíveis desvios individualistas dessa mesma escolha. Assume uma fundamental importância, neste sentido, a qualidade da experiência paroquial e diocesana, a frequência e a participação ativa em associações e movimentos eclesiais.
Normalmente, antes que o adolescente ou o jovem entre no seminário, é prevista uma experiência de vida comunitária.
9. Um papel decisivo é realizado pelos acompanhadores vocacionais que, frequentemente, sucedem ao sacerdote que favoreceu e sustentou os inícios da vocação. Tanto a relação educativa com os animadores, como o estilo de fraternidade com os outros “vocacionados”, torna mais autêntico e válido o discernimento da escolha vocacional.
Sem dúvida, a vida de cada sacerdote e de todo o presbitério diocesano, capaz de forjar a imagem ideal do sacerdote e as condições do seu ministério na vida ordinária também através da sua visibilidade, favorece o caminho de crescimento do chamamento à vocação presbiteral.
Os exemplos de sacerdotes, venerados como santos, contribuem muito ao encorajamento e à generosidade dos “vocacionados”. Sacerdotes totalmente dedicados ao cumprimento do seu ministério pastoral constituem os modelos referenciais seguros para a consolidação das razões da escolha da ordem presbiteral.
Basta lembrar São João Maria Vianney, o Santo Cura d’Ars, indicado pelo Santo Padre Bento XVI a todos os sacerdotes como modelo luminoso durante o ano sacerdotal de 2010. Com ele se poderiam recordar muitos outros sacerdotes exemplares que têm acompanhado, com abnegação, o caminho do povo de Deus nas igrejas locais durante muito tempo.
Certamente é de grande importância a invocação, confiante e insistente, dirigida à Virgem Maria, Mãe dos Sacerdotes, para se ser ajudado a acolher, com disponibilidade, o projeto de Deus na própria vida e a responder “sim”, com fé e com amor, ao Senhor que chama sempre novos operários para a difusão do Reino de Deus.
10. O crescimento e a maturação de uma vocação presbiteral requer o amor concreto à própria Igreja particular e a completa disponibilidade total para qualquer serviço pastoral, experimentando a liberdade interior ao não sentir-se proprietário da própria vocação.
A participação ativa na vida de uma comunidade cristã pode contribuir para que se evitem novas formas de clericalismo, situações de centralizações pastorais inoportunas, serviços pastorais em part-time, escolhas ministeriais ajustadas às necessidades individuais, incapazes duma visão de conjunto e de unidade da comunidade.
Para edificar uma Igreja em estado permanente de missão, a vocação do presbítero realiza-se quando este faz crescer uma comunidade rica em ministérios, na qual existem amplos espaços para a participação ativa e responsável dos fiéis leigos.
Para se tornarem capazes de animar e de sustentar uma comunidade, é oportuno que os jovens chamados ao sacerdócio aprendam a colaborar e a confrontar-se com toda a comunidade cristã e a estimar cada vocação.
A dimensão universal é intrínseca ao ministério sacerdotal. A ordenação torna o presbítero idôneo para a missão, que constitui um aspecto essencial da identidade presbiteral.
Neste sentido, é importante educar o “vocacionado” a preocupar-se dos que estão próximos e, ao mesmo tempo, ter presente aqueles que estão distantes.
A disponibilidade para a missão define a verdade do presbítero em cada uma das suas atividades. Isto significa plasmar uma estrutura interior e um modo de ser, mais que um modo de fazer, que se caracteriza pela coragem de sair de toda a forma de particularismo, para abrir o coração às necessidades da nova evangelização.
III. PROPOSTAS PARA A PASTORAL DAS VOCAÇÕES SACERDOTAIS
11. As vocações sacerdotais são o fruto da ação do Espírito Santo na Igreja. Nalguns países registra-se um vigoroso e promissor florescimento das vocações sacerdotais, que encoraja o prosseguimento no caminho da promoção vocacional.
A Igreja, consciente da necessidade das vocações ao sacerdócio, reconhece que elas são um dom de Deus e roga, com súplicas incessantes e confiantes ao Senhor, para que Ele as conceda com generosidade.
«É o próprio Cristo, o “Senhor da messe”, que escolhe os seus operários. A sua chamada é sempre imerecida e inesperada. E, contudo, no mistério da aliança de Deus conosco, somos chamados a cooperar com a Sua Providência e a utilizar o poderoso instrumento que Ele confiou em nossas mãos: a oração! Eis quanto o próprio Jesus pediu que fizéssemos: “Rogai, portanto, ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a Sua messe” (Mt 9, 38)».
A oração toca o coração de Deus; torna-se uma grande escola de vida para os fiéis, ensina a olhar o mundo e as necessidades de cada ser humano com sabedoria evangélica; e sobretudo une os corações na mesma caridade e na compaixão de Cristo pela humanidade.
A experiência de muitas Igrejas locais atesta que um número considerável de jovens sente o chamamento ao sacerdócio ministerial especialmente nas comunidades nas quais a oração constitui uma dimensão constante e profunda.
12. No Ocidente prevalece uma cultura indiferente à fé cristã e incapaz de compreender o valor das vocações de especial consagração.
Todavia, a Igreja, chamada a viver no tempo, vê com um olhar sapiente, dentro da história, a presença de Deus que acompanha, interpela e chama à aliança, mesmo nos momentos aparentemente menos fecundos e frutuosos; Ela vê «o mundo com grande simpatia porque mesmo se o mundo se sentisse estranho ao cristianismo, a Igreja não pode sentir-se estranha ao mundo, qualquer que seja a atitude do mundo em relação à Igreja».
A Igreja continua, ainda hoje, a anunciar a Palavra de Deus e a comunicar a boa nova da salvação com a coragem da verdade. De modo particular, procura propor aos adolescentes e aos jovens a fé que interpela a vida e responde à sede de felicidade que habita no coração do homem.
Trata-se de propor a experiência da fé como relação pessoal e profunda com o Senhor Jesus Cristo, revelador do Mistério de Deus.
Da resposta de fé nasce a descoberta da vocação, especialmente quando é vivida no interior de comunidades cristãs, que vivem a beleza do Evangelho, e nos ambientes onde trabalham animadores e educadores capazes de perceber os sinais da vocação.
Para que se realize uma proposta de fé cristã, que suscite uma resposta vocacional, é necessário favorecer espaços autênticos de relações humanas, através da ação de educadores e acompanhadores adultos na fé e através de ambientes comunitários de vida cristã atraentes e envolventes.
É positivo propor abertamente a vida sacerdotal aos adolescentes e aos jovens e, ao mesmo tempo, é necessário convidar as comunidades cristãs a rezar com mais intensidade “ao Senhor da Messe” (Mt 9,38) para que suscite novos ministros e novas pessoas consagradas.
Para atingir esse objetivo, nas Igrejas locais é oportuno apoiar uma pastoral geral que trabalhe com impulso evangélico, vocacional e missionário.
13. Todos os membros da Igreja têm a responsabilidade da solicitude das vocações sacerdotais. «O Concílio Vaticano II é explícito, ao afirmar que “o dever de fomentar as vocações sacerdotais pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover, sobretudo mediante uma vida plenamente cristã” (Optatam totius, n. 2). Só na base desta convicção, a pastoral das vocações poderá manifestar o seu rosto verdadeiramente eclesial, desenvolvendo uma ação concorde, servindo-se também de organismos específicos e de adequados instrumentos de comunhão e de co-responsabilidade».
A Santa Sé instituiu, há setenta anos, a Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais com o objetivo de favorecer a colaboração entre a Santa Sé e as Igrejas locais para a formação das vocações ao ministério ordenado.
Esse organismo empenha-se na difusão e no conhecimento da Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que o Santo Padre envia todos os anos à Igreja. Além disso, tem a tarefa de recolher e de difundir as iniciativas vocacionais mais significativas que enriquecem as Igrejas locais; organiza Congressos internacionais; promove e colabora na realização dos Congressos continentais, com o objeivo de favorecer a sinergia entre todos aqueles que trabalham no campo da pastoral vocacional.
A experiência das últimas décadas demonstra que a utilização da Mensagem do Santo Padre ajuda as Igrejas locais a definir, propor e realizar os programas anuais de pastoral vocacional.
A função do Bispo na promoção das vocações, especialmente daquelas sacerdotais, é central e fundamental. «A primeira responsabilidade da pastoral orientada para as vocações sacerdotais é do Bispo (Christus Dominus, n. 15), que é chamado a vivê-la em primeira pessoa, ainda que possa e deva suscitar múltiplas colaborações. Ele é pai e amigo no seu presbitério, e é sua, antes de mais, a solicitude de “dar continuidade” ao carisma e ao ministério presbiteral, associando-lhe novos efetivos pela imposição das mãos. Ele cuidará que a dimensão vocacional esteja sempre presente em todos os âmbitos da pastoral ordinária, melhor, seja plenamente integrada e como que identificada com ela. Cabe-lhe a tarefa de promover e coordenar as várias iniciativas vocacionais».
É compromisso do Bispo favorecer para que a pastoral juvenil e vocacional seja confiada a sacerdotes e a pessoas capazes de transmitir, com entusiasmo e com o exemplo da própria vida, a alegria de seguir o Senhor Jesus na escola do Evangelho.
A nível diocesano, o Bispo constitui o Centro diocesano para as vocações, composto por sacerdotes, consagrados e leigos – como um organismo de comunhão, ao serviço da pastoral vocacional na Igreja local – com a função de promover as vocações de especial consagração, no contexto de todas as vocações.
O Centro diocesano para as vocações ocupa-se da formação dos animadores vocacionais, suscita e difunde no povo de Deus uma cultura vocacional, participa na elaboração do programa pastoral diocesano, colabora especialmente com os organismos diocesanos da pastoral familiar, da catequese e da pastoral juvenil.
Nas dioceses e nas paróquias convém incentivar e sustentar os grupos vocacionais, que propõem itinerários de educação cristã e de preliminar discernimento vocacional.
Os Centros nacionais ou inter-diocesanos para as vocações, sob mandato das Conferências Episcopais e, normalmente, sob a orientação de um Bispo, coordenam os Centros diocesanos para as vocações.
14. A graça do chamamento encontra um terreno fértil numa Igreja que, por meio das suas comunidades e de todos os fiéis, cria condições para respostas vocacionais livres e generosas.
O Beato João Paulo II pediu aos Bispos para «fortificar o tecido social da comunidade cristã por meio da evangelização da família, para ajudar os leigos a difundir os valores da coerência, da justiça e da caridade cristã no mundo juvenil».
O testemunho das comunidades cristãs, que saibam testemunhar a fé, torna-se ainda mais necessário nos dias de hoje para que os cristãos, comprometidos no seguimento de Cristo, possam transmitir o seu amor. A comunhão dos crentes em Cristo predispõe a receber o chamamento do Senhor que convida à consagração e à missão.
A promoção das vocações sacerdotais acontece já nas famílias cristãs; se animadas pelo espírito de fé, de caridade e de piedade, constituem como que o “primeiro seminário” (Optatam totius, n. 2) e continuam «a oferecer as condições favoráveis para o nascimento das vocações».
Ainda que nas famílias cristãs se cultive um sentido de respeito pela figura do sacerdote, todavia, nessas mesmas famílias, particularmente no Ocidente, manifesta-se certa dificuldade em acolher a vocação sacerdotal ou de consagração de um filho.
Existe um espaço educativo comum entre a pastoral familiar e a pastoral vocacional. Tendo presente esse espaço, ocorre tornar mais conscientes os pais do seu ministério de educadores da fé, enraizado no sacramento do Matrimônio, para que no coração da família se desenvolvam as condições humanas e sobrenaturais que tornem possível a descoberta da vocação sacerdotal.
A paróquia é, por sua vez, o lugar por excelência no qual se proclama o Evangelho da vocação cristã e, em particular, onde se apresenta o ideal do sacerdócio ministerial. Ela é o terreno fértil no qual brotam e amadurecem as vocações, com a condição de que seja «a família de Deus em fraternidade animada por um mesmo espírito e, por Cristo e no Espírito Santo» e, portanto, caracterizada pelo estilo de vida das primeiras comunidades cristãs (cf. At 2, 42; 4, 32).
Na paróquia é evidente a variedade das vocações e é mais consciente e viva a urgência das vocações sacerdotais, necessárias para assegurar a celebração da Eucaristia e do sacramento da Reconciliação.
A comunidade paroquial é um seio fecundo, capaz de oferecer a todos os que se encaminham para o ministério sacerdotal um precioso contributo de formação humana e espiritual.
Os presbíteros e os consagrados, especialmente aqueles que trabalham nas comunidades paroquiais, são pessoas decisivas para uma proposta explícita da vocação sacerdotal às crianças, aos adolescentes e aos jovens, graças a uma sapiente e convicta ação educativa, capaz de provocar a questão vocacional.
Também os catequistas e os animadores da pastoral nas paróquias, oferecendo uma proposta global da mensagem cristã, podem individuar e oferecer preciosas conexões entre os temas da catequese e a apresentação das vocações específicas, especialmente da sacerdotal: «em particular, os catequistas, professores, educadores, animadores da pastoral juvenil, cada um segundo os recursos e modalidades próprias, têm uma grande importância na pastoral das vocações sacerdotais: quanto mais aprofundarem o sentido da sua vocação e missão na Igreja, tanto melhor poderão reconhecer o valor e caráter insubstituível da vocação e da missão presbiteral».
15. Aos seminaristas deve ser lembrada uma consistente verdade pastoral: «Ninguém está mais apto do que os jovens para evangelizar os jovens. Os jovens estudantes que se preparam para o prebiterado, os jovens e as jovens que se encontram em formação religiosa e missionária, tanto pessoalmente como em comunidade, são os primeiros e imediatos apóstolos da vocação no meio dos outros jovens».
Além disso, deve-se ter em consideração os grupos eclesiais organizados, os movimentos e as associações, enquanto preciosos lugares pedagógicos de proposta da vocação sacerdotal. Nestes ambientes, o encontro com Cristo é favorecido por uma concreta atenção às pessoas, por uma proposta espiritual clara e centrada na oração. Muitas vocações nasceram a partir destas experiências.
Na escola, os professores empenhados num serviço que, por sua natureza, é vocação e missão, podem ampliar a obra educativa da família no horizonte da cultura e nunca negligenciar a dimensão vocacional da vida.
O seu serviço pode abrir para uma escolha de vida de total doação a Deus e aos irmãos, infundindo «no ânimo das crianças e dos jovens o desejo de cumprir a vontade de Deus no estado de vida mais idôneo para cada um, sem nunca excluir a vocação ao ministério sacerdotal».
O período universitário, em muitas nações, está também a tornar-se para muitos jovens um tempo fecundo para as próprias escolhas de vida. Tal fato merece a máxima atenção: os anos da juventude são preciosos e decisivos para a busca do sentido pleno da própria existência.
Os animadores do tempo livre e do desporto, dentro das instituições eclesiais, além dos motivos específicos que inspiram a sua atividade e os valores humanos que permitem realizar, não devem perder de vista o objetivo maior: a formação integral e harmônica da pessoa. Tal formação humana, na medida em que se encontra com a proposta educativa cristã, constitui de fato um terreno fértil para a proposta da vocação sacerdotal.
A direção espiritual é uma forma privilegiada de discernimento e de acompanhamento vocacional. Da parte dos sacerdotes é pedida a convicta disponibilidade à escuta e ao diálogo, a capacidade de suscitar e dar respostas às interrogações fundamentais da existência, uma notável sabedoria no tratar as questões inerentes às escolhas de vida e a vocação ao ministério presbiteral.
A direção espiritual e o counselling vocacional requerem uma preparação específica na formação inicial e permanente dos presbíteros.
16. A promoção da vocação sacerdotal encontra os seus pontos fortes nas propostas de formação à vida cristã, fundamentadas na escuta da Palavra de Deus, participação na Eucaristia e no exercício da caridade.
O anúncio da Palavra passa pela proclamação que inicia e indica os modos e as formas de atuação do Evangelho na vida de cada fiel e das comunidades eclesiais. «É precisa uma pregação direta sobre o mistério da vocação na Igreja, sobre o valor do sacerdócio ministerial, e sobre a sua urgente necessidade para o Povo de Deus».
Também a catequese é um caminho ordinário para a promoção das vocações, quando ajuda os adolescentes e os jovens a considerar a vida como resposta ao chamamento de Deus e os acompanha para acolher na fé o dom da vocação pessoal.
A catequese de preparação para o sacramento da Confirmação é uma ocasião para dar a conhecer aos crismandos os dons do Espírito, os carismas, os ministérios e os diversos chamamentos que lhes estão relacionados.
Em qualquer tipo de catequese não deve ser esquecida a apresentação da vocação sacerdotal. «Uma catequese orgânica e proporcionada a todas as componentes da Igreja, além de dissipar dúvidas e refutar ideias unilaterais e distorcidas sobre o ministério sacerdotal, abre os corações dos crentes à expectativa do dom e cria condições aptas ao nascimento de novas vocações».
A Eucaristia, centro da vida do cristão e da comunidade, favorece a proposta de um itinerário litúrgico sacramental, que possa alimentar ordinariamente o caminho de cada vocação.
A frequência constante e periódica ao sacramento da Reconciliação resulta também decisiva para o discernimento da vocação sacerdotal.
O Ano Litúrgico constitui a escola permanente de fé da comunidade cristã, marca os tempos e os momentos da sua vida ordinária e acompanha o amadurecimento vocacional dos fiéis.
As várias iniciativas de oração, entre as quais sobressai a adoração eucarística, preparadas e realizadas de maneira significativa e com profundo sentido litúrgico, podem colocar em evidência a importância extraordinária da vocação sacerdotal.
O testemunho da caridade tem na Igreja uma expressão multiforme e surpreendente. É fundamental que tal empenho de iniciativas se reforce através de caminhos formativos concretos, que encorajem à gratuidade e ao serviço do Reino de Deus e que tendam à configuração pessoal e comunitária com Cristo.
Cresce a sensibilidade dos jovens para com a condição dos mais fracos e dos pobres; muitos se mostram prontos a servir, a identificar-se com o próximo nas alegrias e nas dificuldades da vida.
Alguns escolhem o voluntariado caritativo como forma de serviço aos que sofrem, aos idosos e aos pobres. Outros se empenham na educação das crianças na catequese, nas associações católicas, nas atividades de tempo livre. A eles se unem todos os que vivem o testemunho precioso do voluntariado missionário com a sua entusiasta capacidade de transformar a vida de uma pessoa, abrindo-a as urgentes e graves necessidades materiais e espirituais, fortemente presentes nos países em vias de desenvolvimento.
As vocações que florescem no âmbito do testemunho cristão da caridade resultam sólidas e autênticas, seriamente motivadas ao serviço.
17. Nas comunidades eclesiais ocorre encorajar um verdadeiro movimento de oração para pedir vocações Senhor. «A oração cristã, de fato, nutrindo-se da Palavra de Deus, cria o espaço ideal para que cada um possa descobrir a verdade do ser e a identidade do projeto de vida pessoal e irrepetível que o Pai lhe confia. É necessário, portanto, educar em particular as crianças e os jovens para que sejam fiéis à oração e à meditação da Palavra de Deus: no silêncio e na escuta poderão ouvir o chamamento do Senhor ao sacerdócio e segui-lo com prontidão e generosidade».
Devem ser sustentadas e incrementadas algumas iniciativas que apresentem uma comunidade concorde na oração pelas vocações.
Desta forma, o Centro diocesano para as vocações poderia propor e organizar a iniciativa do “mosteiro invisível”, que envolve muitas pessoas, dia e noite, na oração contínua pelas vocações sacerdotais.
A “quinta-feira vocacional” constitui um momento tradicional de oração comunitária mensal para os sacerdotes e as vocações sacerdotais, centralizado na adoração eucarística.
O “Dia Mundial de Oração pelas Vocações” e o “Dia do Seminário” representam dois momentos de notável relevância para a oração, a catequese e o anúncio vocacional nas comunidades cristãs.
18. O serviço ao altar é, frequentemente, premissa para outras formas de serviço na comunidade cristã. Esta experiência, sabiamente integrada com a educação à oração litúrgica, à escuta da Palavra, à vida sacramental, pode ser configurada como um verdadeiro itinerário aberto à vocação sacerdotal.
Por este motivo a pastoral vocacional ao ministério sacerdotal dedica uma especial atenção aos acólitos. Muitos sacerdotes e seminaristas, antes de entrar no Seminário, fizeram parte dos grupos dos acólitos e prestaram serviço ao altar.
Os retiros e os exercícios espirituais vocacionais, organizados para os jovens, têm uma grande importância e permite-lhes viver a experiência do silêncio, da oração contínua e do confronto com a Palavra de Deus. Tais eventos podem constituir momentos singulares de reflexão sobre o projeto de vida, como descoberta pessoal do próprio chamamento vocacional.
As “comunidades vocacionais residenciais” também ajudam os jovens na orientação e no discernimento vocacional em vista do seminário. Essas constituem uma espécie de “pré-seminário”, com a presença estável de sacerdotes preparados, que propõem uma “regra de vida” marcada por momentos de vida fraterna, de estudo pessoal, de partilha da Palavra, de oração pessoal e comunitária, de celebração da Eucaristia, de direção espiritual.
19. O Seminário menor pode oferecer aos adolescentes e aos jovens a oportunidade de serem acompanhados, educados e formados no discernimento do desejo de se tornarem sacerdotes. Além disso, pela «sua natureza e missão, seria bom que o seminário menor se tornasse na Diocese um válido ponto de referência da pastoral das vocações, com adequadas experiências de formação de jovens em busca do sentido das suas vidas, da vocação, ou que já se decidiram a seguir o caminho do sacerdócio ministerial, mas que ainda não podem iniciar um verdadeiro processo de formação».
CONCLUSÃO
20. A solicitude com as vocações sacerdotais é um desafio permanente para a Igreja. Por ocasião do LXX aniversário de sua constituição, a Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais, para encorajar todas as comunidades cristãs e nelas todos os que estão particularmente comprometidos na pastoral vocacional, oferece às Igrejas particulares este documento, como compêndio para a promoção das vocações ao sacerdócio ministerial.
O ambiente mais favorável para a vocação ao sacerdócio é a comunidade cristã que escuta a Palavra de Deus, que reza com a liturgia e testemunha com a caridade. Em tal contexto, a missão do sacerdote é compreendida e reconhecida com maior evidência.
O documento deseja apoiar as comunidades eclesiais, as associações e os movimentos no seu empenho a favor das vocações, orientando o seu esforço para uma pastoral vocacional capaz de fazer amadurecer cada escolha do dom de si na vida e de favorecer, em particular, o acolhimento do chamamento de Deus ao ministério sacerdotal.
O Santo Padre, durante a audiência concedida ao Prefeito da Congregação para a Educação Católica, aprovou e autorizou a publicação deste documento.
Roma, 25 de Março de 2012, Solenidade da Anunciação do Senhor.
Zenon Cardeal Grocholewski
Prefeito
+Jean-Louis Bruguès
Secretário