Palavras do Papa

Discurso de Bento XVI aos bispos europeus e africanos 15/02/2012

 

Discurso
Audiência dos Simpósio dos Bispos da África e da Europa
Sala Clemantina, Palácio Apostólico Vaticano
Quinta-feira, 15 de fevereiro de 2012

 

 

 

 

Senhor Cardeais,
Queridos irmãos no Espiscopado
Queridos irmãos e irmãs!

Tenho o prazer de acolher-vos ao final do Simpósio dos Bispos da África e da Europa e vos saúdo com grande afeto, em particular o Cardeal Péter Erdo, Presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, o Cardeal Polycarp Pengo, Presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da Africa e de Madagascar, agradecendo-os pelas gentis expressoes com as quais introduziram este nosso encontro. Exprimo o meu vivo apreço a quantos promoveram as jornadas de estudo, durante as quais vos destivestes sobre o tema da evangelização de hoje nas vossas terras, à luz de uma recíproca comunhão e colaboração pastoral que instaurou-se durante o primeiro simpósio do ano de 2004.

Convosco rendo graças a Deus, pelos frutos espirituais que brotaram dos relacionamentos de amizade e da cooperação entre as comunidades eclesiais dos vossos Continentes no curso destes anos. A partir dos ambientes culturais, sociais e econômicos diferentes, valorizastes a comum tendência apostólica para anunciar à vossa gente Jesus Cristo e o seu Evangelho, no estilo da “troca de dons”. Continueis sobre esta fecunda estrada de fraternidade operosa e de uma unidade de intenções, ampliando sempre mais os horizontes para a evangelização. Para a Igreja na Europa, de fato, o encontro com a Igreja da África é sempre um momento de graça por causa da esperança e da alegria com as quais as comunidades eclesiais africanas vivem e comunicam a fé, como pude constantar durante minhas viagens apostólicas. Por outro lado, é belo ver como a Igreja na África, mesmo vivendo em meio a tantas dificuldades e com a necessidade de paz e reconciliação, é disponível a partilhar a sua fé.

Nas relações entre a Igreja na África e a Igreja na Europa, seja vosso cuidado tornar presente a fundamental ligação entre a fé a caridade, porque estas iluminam-se reciprocamente na verdade delas. A caridade favorece a abertura ao encontro com o homem de hoje, na sua realidade concreta, para levar a ele Cristo e o seu amor para cada pessoa e para cada família, especialmente para aqueles mais pobres e sozinhos.
“Caritas Christi urget nos” (Cor 5,14): é de fato o amor de Cristo que preenche os corações e impulsiona a evangelizar. O divino Mestre,  hoje, como naquele tempo, envia os seus discípulos pelas estradas do mundo para proclamar a sua mensagem de salvação a todos os povos da terra (Carta Apostólica Porta Fidei, 7).

Os desafios de hoje que haveis diante de vós, caros Irmãos, são empenhativos. Penso, em primeiro lugar, à indiferença religiosa, que leva muitas pessoas a viver como se Deus não existisse ou a contentar-se com uma religiosidade vaga, incapaz de unir-se com a questão da verdade e o dever da coerência. Hoje, sobretudo na Europa, mas também em algumas partes da África, se sente o peso do ambiente secularizado e geralmente hostil à fé cristã. Outro desafio do Evangelho é o hedonismo, que contribuiu em penetrar a crise dos valores na vida cotidiana, na estrutura da família, no próprio modo de interpretar o sentido da existência. Sintoma de uma situação de grave mal estar social é também a propagação de fenômenos como a pornografia e a prostituição. Vós sois bem conscientes destes desafios, que provocam a vossa consciência pastoral e o vosso sentido de responsabilidade. Mas isso não deve deserncorajar-vos, mas deve constituir ocasião para renovar o empenho e a esperança, a esperança que nasce da consciência que a noite avançou, mas o dia está próximo (Rm 13,12), porque Cristo ressuscitado sempre está conosco. Nas sociedades da África e da Europa estão presentes não poucos forças boas, muitas das quais estão à frente das paroquias e se distinguem pelo empenho de santificação pessoal e de apostolado. Desejo que, com a vossa ajuda, estas possam se tornar sempre mais céulas vivas e vitais da nova evangelização.

A família esteja ao centro das vossas atenções de pastores: a mesma, a igreja doméstica, é também a mais sólida garantia para a renovação da sociedade . Na família, que guarda tradições, costumes, ritos entranhados de fé, se encontra o terreno mais apto para o florecer das vocações. A mentalidade consumista de hoje pode ter repercussões negativas sobre o surgir e sobre o cuidado para com as vocações; com isso, faz-se necessário prestar particular atenção com a promoção das vocações sacerdotais e as de especial consagração. A família é também o fundamento formativo da juventude. A Europa e a África tem necessidade de jovens generosos, que saibam tomar nas mãos o próprio futuro, e todas as instituições devem ter presente que estes jovens guardam o futuro e que é importante se fazer todo o possível para que o caminho deles não seja marcado pela incerteza e pelo escuro. Queridos irmãos, seguis com especial atenção o crescimento humano e espiritual deles, enconrajando-os também nas iniciativas de volutariado que podem ter valor educativo.

Na formação das novas gerações assume um papel importante a dimensão cultural. Vos conheceis bem o quanto a Igreja estima e promove toda autêntica forma de cultura, a qual oferece a riqueza da Palavra de Deus e da graça que brota do Mistério Pascal de Cristo. A Igreja respeita toda descoberta da verdade, porque toda a verdade vem de Deus, mas sabe que o olhar da fé fixado sobre Cristo abre a mente e o coração do homem à verdade primeira, que é Deus. Assim a cultura nutrida pela fé leva a uma verdadeira humanização, enquanto as falsas culturas terminam por conduzir à desumanização: na Europa e na África vimos tristes exemplos. A cultura deve ser uma constante preocupação que entra na vossa ação pastoral, tendo presente que a luz do Evangelho se insere no tecido cultural elevando-o e fazendo-o fecundar as riquezas.

Queridos amigos, o vosso Simpósio ofereceu a ocasião de refletir sobre os problemas da Igreja nos dois Continentes. Certo, eles não faltam e são relevantes; mas por outro lado, são também a prova que a Igreja é viva, está em crescimento, e não tem medo de cumprir sua missao evangelizadora. Por isto ela tem necessidade de oração e do empenho de todos os fiéis; de fato a evangelização é parte integrante da vocação de todos os batizados, que é a vocação à santidade. Os cristãos que têm uma fé viva e estão abertos à ação do Espírito Santo se tornam testemunhas com a palavra e a vida do Evangelho de Cristo. Aos pastores, entretando, é confiada uma particular responsabilidade. Portanto, a vossa santidade pessoal deve resplandecer em benefício daqueles que foram confiados ao vosso cuidado pastoral e aos quais deveis servir. A vossa vida de oração de irrigará o interior do vosso apostolado. Um bispo deve ser apaixonado por Cristo. A autoridade moral e a autonomia que sustentam o exercício do vosso poder jurídico poderão ter eficácia somente pela santidade da vossa vida (Exort. Ap. Africae Munus, 100).

Confio os vossos propósitos espirituais e os vossos projetos pastorai à intercessão de Maria, estrela da evangelização, enquanto de coração concedo uma especial benção apostólica a vocês, às Conferências Episcopais da Africa e da Europa e a todos os vossos sacerdotes e fiéis.

 

 

 

 

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