Um novo modelo econômico baseado na Doutrina Social da Igreja: este é o caminho, segundo o Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam), para alcançar o desenvolvimento integral dos povos da América Latina.
Num artigo publicado pelo jornal vaticano, L'Osservatore Romano, o Presidente do Departamento de Justiça e Solidariedade do Celam, o Arcebispo peruano Dom Pedro Ricardo Barreto Jimeno, afirma que a Igreja continua a criticar o sistema econômico dominante, que, segundo ele, ainda é formado por um entrelaçamento de interesses que penaliza largas faixas da população da America Latina, acentuando as desigualdades sociais e a pobreza.
Em especial, Dom Barreto Jimeno denuncia a condição nas periferias das grandes cidades, ainda sem os serviços de base indispensáveis, como água e energia elétrica. "Um fato inadmissível para um continente de grandes recursos naturais", afirma.
O Arcebispo, falando não somente do seu país, evidencia um paradoxo: não obstante a generalizada crise internacional, o ano que se inicia deixa entrever um leve melhoramento econômico e financeiro na América Latina. "Mas este crescimento, questiona Dom Barreto Jimeno, é um crescimento de todos e para todos, ou uma parte da população devem continuar a lutar por sua sobrevivência?".
"Uma visão e uma práxis da economia ainda profundamente arraigada e caracterizada por interesses pessoais e corporativos contradizem a busca obrigatória do bem comum", analisa.
Segundo o Arcebispo, para vencer, ou pelo menos atenuar, as desigualdades sociais e a pobreza na América Latina, é preciso difundir a riqueza, recuperando o valor social e a dimensão ética da economia; são necessários projetos de desenvolvimento sustentável que incluam os excluídos da sociedade. Ou seja, um novo modelo econômico baseado na Doutrina Social da Igreja.