Encontro dos Voluntários Católicos dos Países Europeus
Sala Clementina
Sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Queridos Irmãos no Episcopado,
Queridos Amigos,
Sou grato pela oportunidade de cumprimentar-vos enquanto estais reunidos sob os auspícios do Pontifício Conselho Cor Unum neste Ano Europeu do Voluntariado. Deixai-me começar agradecendo ao Cardeal Robert Sarah pelas amáveis palavras que me dirigiu em vosso nome. Também gostaria de expressar minha profunda gratidão a vós, e, por extensão, aos milhões de voluntários católicos que contribuem, regular e generosamente, com a missão caritativa da Igreja em todo o mundo. No tempo presente, marcado pela crise e incerteza, vosso compromisso é uma razão de confiança, uma vez que mostra que a bondade existe e é crescente em nosso meio. A fé de todos os católicos é certamente reforçada quando eles veem o bem que está sendo feito em nome de Cristo (cf. Fl, 6).
Para os cristãos, o trabalho voluntário não é apenas uma expressão de boa vontade. É baseado em uma experiência pessoal com Cristo. Ele foi o primeiro a servir a Humanidade, ele livremente deu sua vida para o bem de todos. Esse dom não foi baseado em nossos méritos. A partir disso, aprendemos que Deus dá a nós a Si mesmo. Mais do que isso: Deus Caritas Est – Deus é amor, para partilhar uma frase da Primeira Carta de São João (4, 8) que empreguei no título de minha primeira Carta Encíclica. A experiência do amor generoso de Deus desafia-nos e liberta-nos para adotar a mesma atitude com os nossos irmãos e irmãs: "Recebestes de graça, de graça dai" (Mt 10, 8). Experimentamos isso especialmente na Eucaristia, quando o Filho de Deus, no partir do pão, reúne a dimensão vertical de Seu dom divino com a dimensão horizontal de serviço aos nossos irmãos e irmãs.
A graça de Cristo ajuda-nos a descobrir dentro de nós mesmos o desejo humano pela solidariedade e uma vocação fundamental para o amor. Sua graça aperfeiçoa, fortalece e eleva essa vocação, e capacita-nos a servir os outros sem esperar retorno, satisfação ou qualquer recompensa. Aqui vemos algo da grandeza de nossa vocação humana: servir aos outros com a generosidade e liberdade que caracterizam o próprio Deus. Nós também nos tornamos instrumentos visíveis de Seu amor em um mundo que ainda anseia profundamente por esse amor em meio à pobreza, solidão, marginalização e ignorância que vemos ao nosso redor.
Certamente, o trabalho voluntário católico não pode responder a todas essas necessidades, mas não nos desencorajemos. Também não devemos nos deixar seduzir por ideologias que querem mudar o mundo de acordo com uma visão puramente humana. O pouco que nós conseguimos fazer para aliviar as necessidades humanas pode ser visto como uma boa semente que irá crescer e produzir muito fruto; é um sinal da presença de Cristo e de amor que, como a árvore do Evangelho, cresce para dar abrigo, proteção e força para todos os que necessitam.
Esta é a natureza do testemunho que vocês, com toda a humildade e convicção, oferecem à sociedade civil. Embora seja dever do poder público reconhecer e apreciar essa contribuição sem distorcê-la, vosso papel como cristãos é tomar parte ativa na vida da sociedade, visando torná-la cada vez mais humana, cada vez mais marcada pela liberdade autêntica, justiça e solidariedade.
Nosso encontro de hoje acontece na memória litúrgica de São Martinho de Tours. Muitas vezes retratado partilhando seu manto com um pobre homem, Martinho tornou-se um modelo de caridade em toda a Europa e mesmo do mundo todo. Hoje em dia, o trabalho voluntário tornou-se um serviço de caridade reconhecido universalmente como um elemento de nossa cultura moderna. No entanto, suas origens podem ainda ser vistas na particular preocupação cristã de proteger, sem discriminação, a dignidade da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus. Se essas raízes espirituais são negadas ou obscurecidas e os critérios de nossa colaboração tornam-se puramente utilitários, aquilo que é o mais distintivo no serviço que prestamos corre o risco de se perder, em detrimento da sociedade como um todo.
Queridos amigos, gostaria de concluir incentivando os jovens a descobrir no trabalho voluntário uma forma de crescer no amor oblativo, que dá um profundo sentido à vida. Os jovens reagem prontamente ao chamado do amor. Ajudemo-los a ouvir a Cristo, que faz Seu chamado ser sentido nos corações e atrai para junto de si. Não devemos ter medo de colocá-los diante de um desafio radical e de mudança de vida, ajudando-os a aprender que nossos corações são feitos para amar e ser amados. É no dom de si que chegamos a viver a vida em toda sua plenitude.
Com esses sentimentos, renovo a minha gratidão a todos vós e a todos aqueles a quem representais. Peço a Deus que olhe pelas vossas muitas obras de serviço e vos torne cada vez mais fecundos espiritualmente, para o bem da Igreja e de todo o mundo. A vós e a vossos colegas, de bom grado concedo a minha Bênção Apostólica.