O Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, Cardeal Leonardo Sandri, lamentou os confrontos que mataram ao menos 25 cristãos na cidade do Cairo, Egito, neste domingo, 9. Os manifestantes protestavam pela falta de segurança depois do atentado que atingiu uma igreja na província de Assuan na semana passada, quando foram recebidos com violência.
A origem dos disparos não está clara, já que testemunhas coptas acusaram os "baltaguiya" (pistoleiros) de atirarem nos manifestantes. Esta versão é contestada pela imprensa estatal, que garante que os religiosos abriram fogo contra os militares. Dezenas de feridos foram levados para diversos centros médicos, principalmente para o Hospital Copta.
“O que eles desejam é o direito à liberdade religiosa e o respeito aos seus direitos. Para todos nós isso é desolante, triste e angustiante. Unimo-nos à Igreja copta-ortodoxa, a todos nossos irmãos, às suas famílias, às vítimas desta violência sem sentido. Esperamos que o caminho para a paz seja encontrado”, disse o cardeal em entrevista à Rádio Vaticano, nesta segunda-feira, 10.
Segunda a agência de notícias Reuters, este foi o pior ato de violência visto no país desde a deposição do presidente Hosni Mubarak.
"Esta é uma crise enorme que pode acabar em conflito civil. Pode ter consequências graves", disse o possível candidato presidencial Amr Moussa em coletiva de imprensa sobre a violência, que teve a presença de políticos importantes. "É preciso formar um comitê imediatamente para investigar o assunto, com resultados imediatos”, completou.
Os cristãos, que formam 10% dos aproximadamente 80 milhões de egípcios, sofrem pelo clima de insegurança. Para Dom Sandri, a real democratização do país, a busca pelo diálogo e pela dignidade humana, o respeito à liberdade religiosa, contribuirão para que o Egito tenha uma sociedade que viva em paz, com a esperança de um futuro seguro para todos.
“Esperamos também que todo este movimento, iniciado em janeiro deste ano, traga frutos não de violência, de divisão, de assassinatos, de perseguições, mas de diálogo, a partir de um empenho comum para a edificação de um novo Egito com todos os componentes da sociedade, em particular, os copta-ortodoxos e a nossa pequena comunidade copta-católica”, salientou o prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais.