Queridos irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo, queridos jovens e queridas jovens que hoje aqui vos reunistes para acolher, no sinal da cruz, o próprio Jesus, que vem ao nosso encontro, ao seu encontro, e no sinal do ícone da Virgem Maria, Sua mãe e nossa mãe, acolher mais uma vez a visita de Nossa Senhora.
Quero saudar de modo particular o senhor Núncio Apostólico, representando o Papa Bento XVI, que entrega os sinais da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em nome do Santo Padre. Saúdo também o Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB. Quero saudar a Dom Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo, a Dom Orani, Arcebispo do Rio de Janeiro, que está aqui para acolher a cruz, mas depois vai receber a todos nós no Rio de Janeiro, em julho de 2013. Com ele, saúdo a Dom Eduardo, Bispo Auxiliar de Campo Grande e presidente da Comissão da CNBB para a Juventude.
Saúdo também os demais irmãos bispos e arcebispos, bem como as autoridades presentes ou representadas. O senhor ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto carvalho, representando a presidente Dilma Rousseff; o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e as demais autoridades do Executivo, Legislativo, Judiciário, aos sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas.
Queridos jovens, irmãos e irmãs aqui presentes, e também os que nos acompanham em todo o Brasil e no mundo pelos meios de comunicação, TV, rádio e internet. Queridos irmãos e irmãs, nós nos gloriamos na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. N'Ele está a nossa vida e Ressurreição. Foi Ele quem nos salvou e libertou. No salmo responsorial desta Missa, há pouco, cantamos que "das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças".
Por que nos gloriamos da Cruz de Cristo? E de quais obras não devemos nos esquecer? Para nós, a cruz sempre é a pessoa do próprio Jesus, Filho de Deus, que se fez homem e nela morreu por amor a nós, para alcançarmos misericórdia, perdão e vida. Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por meio d'Ele.
A Cruz lembra que Deus tanto amou o mundo a ponto de entregar seu filho único, para que não pereça quem nele crê, mas tenha a vida eterna. Lembra ainda que Jesus, como filho de Deus, esvaziou-se de sua glória para vir a nós. Fez-se humilde e solidário à humanidade e colocou-se ao lado de cada homem, especialmente ao lado do que mais sofre e parece não valer mais nada aos olhos do mundo.
Cristo quer confortá-lo em suas angústias. Ele foi ao encontro dos últimos, fazendo-se servo, e por todos entregou-se na Cruz, para resgatar e restaurar a dignidade e esperança humanas. A Cruz lembra o amor maior, que entrega a vida pelos que ama. Jesus o fez por todos nós. Por toda a pessoa neste mundo, também por aqueles que não o conhecem ou rejeitam seu amor. Por isso, cantamos com toda a fé: "Bendito e louvado seja o lenho sagrado da cruz de Cristo".
A Cruz lembra que Jesus, nela morte por causa dos pecados da humanidade, triunfou sobre o pecado e a morte e hoje está presente, dando vida e esperança ao homem. Por isso, na Cruz, também está a esperança a todos que estão prostrados sob o peso de todos os males. Ali está o sentido para o mistério da dor e das cruzes de toda a humanidade.
Nos gloriamos da Cruz do Senhor porque, olhando para ela, enxergamos aquele que nos amou mais que todos. Por isso fomos assinalados com a Cruz no nosso Batismo, no início da vida cristã, e também colocamos a cruz em igrejas, nas nossas casas, nos lugares de vida e trabalho, como sinal de pertença a Ele, a Jesus. Por isso, traçamos sobre nossa fronte, e em nossos filhos, o santo sinal da Cruz, e trazemos conosco a cruz sobre o coração, como testemunho de nossa pertença a Cristo e nosso amor por Ele.
Queridos jovens, hoje temos a alegria e o privilégio de acolher, aqui em São Paulo, em nome de todo o Brasil, a Cruz Peregrina da JMJ, que o Beato João Paulo II entregou aos jovens em 1984, para levá-la ao mundo como sinal de Jesus e, no seu entorno, reunissem os jovens e comunidades todas em preparação à JMJ. Ele recomendou que os jovens anunciassem que só na Cruz há esperança de redenção e vida. Em 2003, entregou também o ícone de Nossa Senhora, para que acompanhasse a Cruz Peregrina. Sim, porque junto da Cruz está sempre a Mãe de Jesus, e onde estão reunidos os irmãos de Jesus em seu nome, lá também está presente sua Mãe e nossa Mãe.
Acolhamos, pois, em todas as partes do Brasil esta cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora, como se fosse a visita do próprio Jesus e de Sua Mãe, que neles são lembrados. Que nesta JMJ no Rio de Janeiro, em 2013, Jesus Missionário e Nossa Senhora da Visitação possam ir ao encontro dos jovens em centenas de comunidades e cidades do país e capitais dos países do Conesul.
A Igreja anuncia o Evangelho e Maria nos dirá: "Fazei tudo o que Jesus vos disser". Somos muito gratos ao Papa Bento XVI por ter escolhido o Brasil e a cidade do Rio de Janeiro como sede da JMJ 2013. Até lá, temos um tempo cheio das graças de Deus, um tempo favorável à evangelização e para envolver os jovens na vida e na missão da Igreja. Levemos muitos outros a Cristo, como fizeram os Apóstolos e tantos antes de nós. Assim, poderemos atraí-los a Si e manifestar-se a eles como Salvador, esperança e vida.
Sejamos discípulos e missionários e contagiemos os outros com entusiasmo, alegria e firmeza da fé. o Papa já nos deu o lema da JMJ 2013 – “Ide e façais discípulos em todos os povos!”. Anunciemos, portanto, Jesus Cristo aos outros jovens no Brasil e ajudemo-los a encontrar o Salvador. Para toda a Igreja no Brasil, este é o tempo favorável para promover a nova evangelização e transmitir o patrimônio da fé às novas gerações.
Sejamos sensíveis e atentos às tantas pessoas que carregam vida afora a pesada cruz. Na JMJ em Madri, em agosto passado, o Papa recomendou aos jovens a não passar indiferentes diante do sofrimento do próximo. Em cada um é Jesus que continua a carregar o peso da Cruz. Há muitos doentes, pobres, vítimas de injustiças e violências, jovens dependentes químicos que esperam nossa solidariedade.
Sejamos como o Cirineu, e tornemos mais leve a cruz dos irmãos. Como Verônica, que confortou Jesus no caminho do Calvário. Como Maria, Sua Mãe, o apóstolo João e tantas mulheres que, nada podendo fazer para tirar Jesus da Cruz, estavam ao seu lado, partilhando a dor com Ele. O que não pode acontecer é ficarmos indiferentes com a dor do próximo, em quem Jesus continua a sofrer.
Oxalá a peregrinação da Cruz por todo o Brasil deixe atrás de si não marcas do sangue, violência e indiferença, mas rastro de generosa solidariedade e renovado amor ao próximo. O Brasil está recebendo um carinho muito especial de Deus com este período de preparação para a JMJ 2013. Que seja um tempo de encontros marcantes com Cristo e descoberta da herança apostólica, guardada, vivida e transmitida pela Igreja de geração em geração e que, hoje, vai passando às mãos de vocês, caríssimos jovens.
Bem-vindo em meio a nós, Jesus Cristo Missionário. Bem-vinda a nós, Nossa Senhora da Visitação. Os jovens do Brasil vos acolhem de braços abertos!
Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo