Há pouco mais de dois meses para a Beatificação do Papa João Paulo II, começam a multiplicar-se os eventos de natureza eclesial e cultural ao redor do mundo com o objetivo de preparar para a cerimônia.
Nesta sexta-feira, 25, o postulador da Causa de Beatificação de Karol Wojtyla (nome de batismo do Papa polonês), padre Slawomir Oder, participou da Conferência "O segredo e a essência da santidade de João Paulo II", junto ao Ateneu Pontifício Regina Apostolorum, em Roma. O encontro foi promovido pelo Centro de Estudos João Paulo II, estrutura do Ateneu que recolhe publicações e escritos do e sobre o futuro Beato.
"Aquilo que caracteriza, no entanto, a [santidade da] figura de João Paulo II, como emerge das cartas do processo de Beatificação, são essencialmente duas dimensões. A sua dimensão de homem de oração, de homem de Deus, e a dimensão da sua ânsia apostólica, o seu ser missionário de Cristo. De fato, urgia nele aquela caridade de Cristo que o incentivava a levar o Senhor a todos os lugares", explica o postulador.
A seguir, confira uma entrevista de padre Oder à Rádio Vaticano, na qual ele fala sobre os preparativos para o acontecimento e a experiência com João Paulo II:
Padre Slawomir Oder – Não há dúvidas de que, antes de tudo em nível humano, trata-se de uma grande emoção. Para mim, a Causa de Beatificação de João Paulo II foi, sem dúvida, uma aventura espiritual que assinalou a minha pessoa e constitui um marco na minha vida. Ter, portanto, a consciência de ter podido contribuir com a realização desta realidade extraordinária, de termos chegado ao ponto em que chegamos, me dá um sentido de satisfação, de alegria frente ao Senhor.
Rádio Vaticano – Seguramente, há muitos aspectos importantes deste processo para a Causa de Beatificação. Se o senhor tivesse que citar aquilo que mais lhe marcou nestes anos…
Padre Oder – Seguramente a sua espiritualidade, o seu modo de rezar, o seu modo de ser. Da figura de João Paulo II atrai, sem dúvidas, a profundidade da sua vida espiritual. Uma expressão que o define muito bem é "homem de Deus", "homem de oração". E isso é um aspecto que levarei comigo no coração, um tesouro para mim, para o meu sacerdócio. Além disso, o processo é feito também por encontros com pessoas que escrevem os testemunhos. Nesse caso, aquilo que me marcou foi a proximidade deste grande homem de Deus – este grande místico, podemos dizer – da vida de tantas pessoas. Ele entrou nos corações, nas nossas famílias, e ali permaneceu. O afeto que se percebe dos testemunhos que ainda chegam à sede da postulação faz compreender que Papa Wojtyla é uma pessoa viva nos nossos corações, nos nossos sentimentos.
RV – Chegamos ao tema da Conferência no Regina Apostolorum, um tema com um título já muito ambicioso: "O segredo e a essência da santidade de João Paulo II". É obviamente muito difícil responder a essa pergunta. Mas qual foi a essência desse testemunho de santidade?
Padre Oder – Efetivamente, restituir com uma frase – ainda que com uma conferência – um quadro completo desse personagem é impossível. Aquilo que caracteriza, no entanto, a figura de João Paulo II, como emerge das cartas do processo de Beatificação, são essencialmente duas dimensões. A sua dimensão de homem de oração, de homem de Deus, e a dimensão da sua ânsia apostólica, o seu ser missionário de Cristo. De fato, urgia nele aquela caridade de Cristo que o incentivava a levar o Senhor a todos os lugares. O ponto comum desses dois aspectos é o seu amor por Cristo. Ele amou o Senhor porque se sentiu profundamente amado por Ele, por isso não podia fazer outra coisa senão responder com essa profundiade de vida espiritual e com essa abertura do seu coração ao mudo.
RV – Quais frutos se poderão colher desta Beatificação de primeiro de maio?
Padre Oder – Penso no seguinte: nos anos deste processo, tive a nítida sensação de que quem o fez foi, na realidade, o Senhor: é Ele que dita os seus tempos, o seu modo de agir, muitas vezes surpreendente. Por isso, estou convencido de que o Senhor, através da bondade da mensagem de João Paulo II, semeará nos corações de tantas pessoas muitos frutos espirituais. Mas aquilo que seguramente será um elemento comum, como eu espero e desejo, é o suscitar a esperança, a renovada esperança de que João Paulo II foi justamente chamado a ser testemunha, e ele o é. É a esperança que o mundo não dá, mas a dá somente a amizade com o Senhor, com Cristo.