A economia brasileira teve de julho a setembro a menor expansão trimestral desde o início de 2009, em meio à retração da indústria e do agronegócio, embora o desempenho tenha vindo acima das previsões.
O Produto Interno Bruto (PIB) do período foi 0,5% superior ao do segundo trimestre e 6,75% maior do que o de igual período de 2009, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 9.
A mediana de previsões de instituições financeiras consultadas pela Reuters para a expansão trimestral era de 0,4% e avanço na comparação anual de 6,6%.
O crescimento foi puxado pelo setor de serviços, com avanço de 1%, enquanto a indústria teve retração de 1,3% e a atividade de agropecuária caiu 1,5%.
A desaceleração, já esperada, foi vista como positiva por economistas, à medida que os índices mostrando inflação em alta têm levantado questões sobre se a economia está excessivamente aquecida e teria que ser contida com um aumento do juro.
"É natural que agora a gente tenha uma acomodação. O ritmo em que a economia vinha não era sustentável", disse o estrategista-chefe do WestLB, Roberto Padovani.
Os dados chegam um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter decidido manter a taxa básica de juros em 10,75% ao ano, mas sinalizar que um aperto da política monetária pode vir no início de 2011. Isso após o BC já ter elevado na última sexta-feira, 3, os compulsórios para conter a expansão do crédito, apontado por alguns como um dos combustíveis para a inflação.
Pelos números do IBGE, o consumo das famílias, a exemplo do que vinha acontecendo nos últimos trimestres, foi um dos itens que mais contribuíram para a expansão do PIB, ao subir 1,6% ante o trimestre anterior, só atrás da formação bruta de capital fixo, uma medida do investimento, que teve alta de 3,9%.
Simultaneamente à postura mais cautelosa do BC, que deve ter no começo do ano Henrique Meirelles passando o comando para Alexandre Tombini, atual diretor de Normas do BC, o governo vem sinalizando que fará cortes no Orçamento de 2011, num sinal de que a equipe da presidente eleita Dilma Rousseff vai perseguir a manutenção do equilíbrio das contas fiscais.
De todo modo, a expectativa é de que a economia volte a acelerar no último quarto do ano, fazendo com que o PIB de 2010 se expanda por volta de 8%, segundo previu nesta manhã os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, a maior taxa da série histórica, iniciada em 1996.
Importações
Outro item que impediu o PIB de crescer mais no terceiro trimestre foram as importações, que tiveram expansão de 7,4% sobre o segundo trimestre. Segundo o IBGE, as compras no exterior bateram recorde na comparação com o terceiro trimestre de 2009, com salto de 40,9%.
"A alta da importação tem um efeito importante e foi um fator que sem dúvida diminuiu o PIB" disse o coordenador do IBGE, Roberto Olinto.
Segundo a consultoria LCA, além do câmbio valorizado, o forte diferencial de crescimento entre a demanda interna e a demanda externa contribuiu para isso.
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