A Visita Apostólica do Vaticano à Igreja na Irlanda começa nesta sexta-feira, 12, e deve acabar "preferencialmente antes da Páscoa de 2011", indica um comunicado divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

Os visitadores nomeados pelo Papa verificarão "se existem relações recíprocas entre os diversos membros da Igreja local, os seminários e as comunidades religiosas para sustentá-las no caminho de profunda renovação espiritual que já está sendo percorrido pela Igreja na Irlanda", aponta o texto.

A nota de imprensa complementa:

"Uma vez finalizada a Visita, após ter estudado todo o material apresentado pelos Visitadores e oferecido diretrizes para a renovação espiritual das arquidioceses, os seminários e as Casas religiosas, a Santa Sé dará a conhecer um amplo compêndio com os resultados da Visita".

A visita, anunciada em maio deste ano, é motivada especialmente por dois relatórios governamentais divulgados nos últimos meses. As comissões do governo irlandês investigaram os casos de pedofilia e abusos sexuais cometidos por religiosos ou instituições gerenciadas pela Igreja.

"É um sinal do desejo do Santo Padre, como sucessor de Pedro, de oferecer sua solicitude pastoral à Igreja na Irlanda. Os visitadores prestarão particular atenção às vítimas de abusos e a suas famílias, e encontrarão e escutarão a diferentes pessoas, incluindo autoridades eclesiásticas, fiéis leigos e aqueles que estão envolvidos na tarefa crucial de proteger as crianças", já informava a Sala de Imprensa da Santa Sé em um comunicado do dia 7 de outubro.

"Não será uma investigação sobre os casos individuais de abuso, nem um processo para julgar os acontecimentos do passado. Os Visitadores terão que identificar os problemas específicos que podem requerer uma ajuda por parte da Santa Sé", precisa o comunicado desta sexta-feira.

A atividade das autoridades judiciárias não sofrerá alteração devido à Visita Apostólica, que também não pretende substituir a autoridade legítima dos bispos locais ou dos superiores religiosos, "que mantêm a própria responsabilidade na gestão dos casos de abuso", indica o texto.

"Dada a natureza delicada do tema e o respeito às pessoas envolvidas, os Visitadores manterão uma grande discrição e não concederão entrevistas durante a primeira etapa da Visita", acrescenta-se.

Arquidioceses, seminários e casas religiosas

Os Visitadores das arquidioceses estarão dispostos a se encontrar com quem tenha sido ferido pelos abusos, principalmente as vítimas e suas famílias. "Serão recebidos da mesma forma paternal com que o Santo Padre recebeu e escutou em várias ocasiões os que sofreram o terrível crime de abuso", salienta a nota vaticana.

O endereço da Nunciatura Apostólica estará à disposição dos interessados em escrever aos Visitadores e queira assegurar a confidencialidade das declarações.

Recomenda-se também que cada arquidiocese, "tornando próprios os sentimentos de penitência expressados pelo Santo Padre em sua Carta, organize uma celebração penitencial ou algum encontro similar, na presença do Visitador, com a aprovação do Ordinário do lugar".

Já o Visitador apostólico dos seminários irlandeses examinará todos os aspectos da formação sacerdotal e terá como principal tarefa prestar ajuda durante os colóquios individuais com os seminaristas.

"Durante o exame de cada instituição, o Visitador seguirá as diretrizes estabelecidas pelos documentos da Santa Sé e da Igreja na Irlanda sobre a formação sacerdotal e a proteção dos menores".

Por sua vez, os Visitadores Apostólicos dos Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica com Casas na Irlanda terão como principal meta, nessa primeira fase da visita, responder a um questionário para recolher informação sobre a "implicação dos Institutos nos casos de abusos, a resposta oferecida às vítimas, e o cumprimento, por parte de tais Institutos, dos protocolos que figuram em Safeguarding Children: Standards and Guidance Document for the Catholic Church in Ireland".

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