Mais uma folha do calendário vai ser rasgada. Dois mil e nove está acabando e a virada do ano marca mais uma etapa na vida de muitos. O ano novo chega e com ele novas esperanças e sonhos. E para alcançá-los, muitos se planejam e estabelecem metas.
Traçar metas e colocá-las no papel é algo realizado pela jornalista Natália Jael há 10 anos. No último dia de cada ano, poucas horas antes da meia noite, ela escreve uma carta, com até 10 metas que pretende cumprir no próximo ano, e a guarda lacrada numa agenda.
No dia 31 de dezembro, Natália abre a última carta, analisa o que conseguiu alcançar, joga fora a folha e escreve outra com a avaliação do ano que passou. Em seguida, já coloca as metas do próximo ano e, assim, vem fazendo por muito tempo.
A jornalista iniciou o método quando tinha 14 anos, após ouvir a dica de uma apresentadora de televisão. Ela garante que consegue cumprir as metas em todos os anos e sabe que não pode listar coisas inatingíveis. “São metas geralmente profissionais e coisas psicológicas, como um lado que preciso trabalhar, que senti que não foi muito bem no ano. Sou um pessoa que tem conseguido cumprir bem as metas que coloco porque sei que coloco metas fáceis de serem atingidas, que sei que vou conseguir”, afirma.
Natália é um bom exemplo das orientações da psicóloga Ana Patrícia Bogado. Para a especialista, o desejo de qualquer pessoa de atingir seus objetivos deve vir acompanhado da vontade, compreendida como uma “força intencional“. Ou seja, a pessoa se compromete, através de suas atitudes e mudanças de comportamento em alcançar aquele desejo. “Eu penso que desejo sem vontade fica no plano da fantasia e não se concretiza. Mas quando eu atuo junto com a minha força de vontade, isso exige mudança nas minhas ações”, ressalta.
Além das técnicas de colocar as metas no papel, como a realizada por Natália, a psicóloga ressalta que, mais do que escrever, cada um deve perceber que o ano novo poder ser um tempo de renovação. Uma época de convite a mudanças, que também podem ser feitas em qualquer momento do ano quando se verifica a necessidade de realizar transformações na vida.
“Cada um precisa aprender a se consultar, a se observar e perguntar ‘O que eu preciso mudar na minha vida? Quais são os comportamentos que eu tenho repetido? O que causa sofrimento a mim e a outras pessoas?’ A partir, daí cada um vai traçar suas metas e ver que área da vida precisa de mudanças”, aconselha Ana Patrícia.
Como declara Natália Jael, o método poderia ser feito em qualquer época, mas na virada de ano tem um sabor especial: “O contexto de fim de ano impulsiona a gente a fazer”.
Mas o que fazer se as metas não forem cumpridas?
Já para a hoteleira Carolinne Araújo Andrades, rever o ano de 2009 pode não representar boas lembranças. A expectativa de uma promoção no trabalho aconteceu no fim de 2008. Com isso, iniciou 2009 com diversas metas. Entre elas, investir no apartamento e em um carro novo. Mas, infelizmente, a promoção no emprego não aconteceu durante o ano, o que ficou para janeiro de 2010.
Deste modo, contas foram feitas, ela e o marido iniciaram o pagamento das prestações do carro e o cartão de crédito subia a cada mês. “Queria ter ganhado mais em 2009 e não consegui. Aí fizemos algumas contas com o carro, no apartamento e de coisas que vão acontecendo no dia a dia, e não tínhamos uma poupança e nem nada guardado. E o cartão de crédito também virou uma bola de neve”, declara.
Outra expectativa de Carolinne era emagrecer, mas a tentativa foi interrompida quando descobriu um hipotireoidismo. “Em 2009, eu queria ter emagrecido. Não consegui porque estava em tratamento de tireóide. Mas agora que eu posso eu não consigo perder e eu não sei o porquê. Faço uma dieta, alguma atividade física, mas só perco um quilo e nãos os seis que me incomodam. E para eu ficar muito feliz, gostaria de perder dez, o que vou tentar em 2010”.
Para este e outros casos, a psicóloga aconselha: “Vale mesmo uma dose de paciência consigo mesmo, de aceitação dos limites e, ao mesmo tempo, perceber que ainda há tempo de conseguir aquilo que não consegui cumprir . Eu posso me reorganizar e me comprometer com estas metas”.
Ana Patrícia explica ainda que as metas não alcançadas podem ser adiadas, não no sentido de deixar de lado, mas de se convencer que não foi possível naquele momento e se comprometer em concretizar os planos daqui para frente. Neste processo de rever o que passou, atingir os objetivos ou superar dificuldades, a especialista salienta que pedir ajuda é algo fundamental.
Porém, afirma: “Ninguém faz mágica na vida de ninguém. Toda transformação só é possível quando há uma decisão interna. Quando olhamos para o ano que passou e vemos que, se não conseguimos fazer as mudanças propostas, a principal causa pode ter sido a falta de uma decisão interna”.
Por fim, a psicóloga destaca que esta época de fim e início de um novo ano é propícia para uma revisão de vida e de manter a esperança e olhar para o futuro, apesar do imediatismo e crise de valores da sociedade atual. “As pessoas não têm muita paciência de investir nas relações, no casamento, em si mesmas, na educação das crianças. Existe uma intolerância generalizada e um imediatismo imposto pela sociedade de consumo. Precisamos ter esperança e resgatar os valores de cada um”, conclui.
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