Em entrevista à Canção Nova, Dom Dimas Lara Barbosa, secretário geral da CNBB, explica o objetivo comum das Campanhas da Fraternidade, propostas a cada ano pela Igreja do Brasil: uma melhor vivência da Quaresma e da Páscoa. Dom Dimas destaca ainda que a escolha do tema deste ano "Fraternidade e Segurança Pública", surgiu diante da necessidade de uma reflexão aprofundada sobre como combater a violênica e promover uma cultura de paz.
noticias.cancaonova.com – Qual o objetivo da CNBB em propor este tema neste ano?
Dom Dimas – Toda Campanha da Fraternidade tem como objetivo levar o povo a uma melhor vivência da Quaresma, com preparação para uma vivência mais intensa da Páscoa, esse é o objetivo básico de todas as CF. A cada ano, os temas são escolhidos a partir de iniciativas das próprias bases da Igreja, daqueles que estão com a "mão na massa". São avaliados numa assembléia do Conselho Episcopal de Pastoral juntamente com os delegados regionais. Nos reunimos em Brasília, quando avaliamos a campanha anterior e já escolhemos o tema de dois anos depois. Havia mais de 20 propostas, mas as pastorais Carcerária, da Juventude e da Criança, se aliaram em torno do problema da segurança pública. Os próprios jovens que pleiteavam uma CF sobre a juventude perceberam que as principais vítimas da insegurança são os jovens. Se você visitar os presídios, verá que a imensa maioria da população carcerária é constituída de jovens. O mesmo se diga da criança e da mulher, pois as principais causas de violência contra elas acontecem em casa. Então, uma reflexão sobre a segurança pública, sobre a violência, sobre a indústria do medo e a responsabilidade de todos – não apenas do Estado -, de como combater a violência e promover uma cultura de paz, é o que leva a CNBB a propor esta CF.
noticias.cancaonova.com – A comunidade cristã tem o papel de promover esta segurança social?
Dom Dimas – Se tomarmos como exemplo concreto a violência contra a criança e a mulher que acontece dentro da própria casa, vemos que o anúncio do Evangelho às famílias é uma tarefa nossa, e terá repercussões na diminuição da violência. Se eu construo famílias onde o Evangelho é vivido, além do perdão e diálogo, esse tipo de violência já vai diminuindo. Naturalmente, a evangelização da família não vai levá-la a cuidar apenas dos próprios interesses ali do seu "micro mundinho", mas vai fazê-la sair e ir ao encontro da família maior, a Igreja. Nesse sentido, a nossa tarefa se coloca em diversos níveis: na conversão pessoal – "eu sou uma pessoa chamada a não ser geradora de violência"-, divulgar a reconciliação e o perdão, exercício da cidadania, iluminada pelo Evangelho e pelos valores cristãos, no sentido de exigir e lutar por políticas públicas que sejam realmente voltadas para o bem comum, tendo uma visão abrangente de pessoa humana que tem uma dignidade a ser preservada desde a concepção até a morte natural.
:. Dom Dimas prega sobre Campanha da Fraternidade em Kairós na Canção Nova, neste domingo
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