O presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, recebeu ontem, 24, a saudação do núncio apostólico no país, Dom Antonini Orlando.
Dom Orlando presenteou Lugo com uma caneta-tinteiro e o felicitou por seu histórico triunfo nas eleições de domingo. A vitória acabou com 61 anos de governo do Partido Colorado.
Entretanto, o núncio preferiu não se pronunciar acerca dos temas tratados no encontro e anunciou que será divulgado um comunicado nos próximos dias com a postura da Santa Sé em relação à situação de Lugo.
"O Vaticano tem uma postura sobre o caso de Fernando Lugo, e a mesma será divulgada em breve por meio de um comunicado", disse Dom Orlando a jornalistas depois do encontro.
A eleição de Lugo criou uma situação inédita para a Igreja. Ele é verbita e bispo emérito da diocese de San Pedro e desde 2006 está suspenso "a divinis", ou seja, Lugo não pode celebrar missa nem ministrar os sacramentos.
Ainda sobre o presidente eleito do Paraguai, a agência missionária "Misna" divulgou nesta sexta-feira uma entrevista exclusiva com Fernando Lugo.
Respondendo a uma pergunta sobre como conjugar a identidade de missionário verbita com aquela de um expoente político, ele afirma: "É muito difícil cancelar o vestígio verbita do meu coração. É difícil cancelar a formação, o trabalho pastoral verbita e o lema episcopal 'E o Verbo se fez carne', que me levaram a me ocupar dos mais desfavorecidos em uma diocese como San Pedro, com uma população composta em sua maioria por camponeses. Mudei de atividade, mas procuro realizar aquilo que o Papa Pio XI dizia quando afirmava que a atividade política é a expressão mais sublime da caridade".
No Paraguai, afirma Fernando Lugo, as soluções aos problemas nacionais passam, infelizmente, pelo âmbito político: "Quando fui bispo de San Pedro por oito anos, fizemos de tudo, mas obtivemos pouco sucesso, porque os problemas sociais estavam relacionados à ausência de vontade política".