O maior fator de desequilíbrio afetivo na vida de um padre é a falta de compreensão sobre a origem de sua vocação. Foi o que enfatizou, hoje, o arcebispo de Palmas (TO), Dom Alberto Taveira, para cerca de 150 sacerdotes na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP). Todos foram chamados a ter Jesus como modelo de vida casta.
O arcebispo não mediu palavras para dizer que a castidade é o estado de vida de Jesus e não de um "solteirão". Apontou ainda que o sacerdócio buscado por frustração ou fuga "mais cedo ou mais tarde" vai fazer com que a pessoa "se arrebente" e traga prejuízos para si e para a Igreja.
"Por que não nos casamos? Para ter mais tempo para trabalhar? Não é questão de horas de trabalho. Só tem sentido ser celibatário quando você sentiu no coração um chamado a ser como o seu Senhor. Só Ele tem direito de me pedir esse amor, senão me torno um solteirão", exortou.
Dom Alberto indicou também que o sacerdócio não pode fazer com que o padre seja efeminado. "Renunciamos o exercício genital da nossa sexualidade, mas não podemos renunciar a nossa sexualidade masculina que é o nosso dever-ser, a vontade de Deus para nós. O celibato é um carisma, um dom – e só como tal ele se sustenta", enfatizou.
Maiores perigos
Individualismo e isolamento foram tratados como os maiores perigos ao ministério sacerdotal. "Não é casto quem cria só a panelinha das pessoas que gostam dele. Nossa afetividade está desorganizada quando vivemos assim. Nós sabemos quando os exclusivismos estão sendo expressão de um individualismo que corrói nossa capacidade de amar", declarou.
Fazer "atos de amor" foi a solução apresentada para vencer estas tendências. Exemplo dado foi o atendimento àquelas pessoas que não são agradáveis.
Ser muito aplaudido também faz mal para a castidade, testemunhou o arcebispo falando dos riscos que viveu já no primeiro ano de seu sacerdócio, quando era muito elogiado na paróquia. "Nossa origem está no céu. Ou você busca o céu ou vai se apegar a qualquer coisa, a qualquer outro amor aqui na terra – e o pior deles é o amor a você mesmo. Sem uma vida consistente de oração é impossível uma afetividade equilibrada", disse.
Meios de comunicação
Para Dom Alberto, a imagem "horrorosa" que a mídia mostra dos padres é resultado de experiências negativas que muitas pessoas tiveram com aqueles que não vivem bem o sacerdócio. "Vocação é para ser vivida na radicalidade. Qualquer vocação vivida pela metade frustra. Ministério vivido com mais ou menos não é autêntico. Vai ser ridicularizado mais cedo ou mais tarde", apontou.
O arcebispo, que é designado pela CNBB como diretor espiritual da Renovação Carismática Católica (RCC) no Brasil, fez a primeira pregação do Encontro Nacional de Sacerdotes, dentro da programação do XXVI Congresso Nacional do movimento.
Os padres vão se reunir até a próxima sexta-feira, dia 27, em todas as tardes, das 14h30 às 17h30.
O bispo de Dourados (MS), Dom Redovino Rizzardo, que participa pela primeira vez de um congresso nacional da RCC, acompanhou a pregação.