Vida de santidade

Nhá Chica pode ser a primeira santa nascida no Brasil

Depois do religioso Frei Galvão, a Igreja pode reconhecer, numa mulher do povo, a primeira Santa Brasileira: Nhá Chica

Nestes tempos em que a mídia tem tocado muito no assunto da canonização de Frei Galvão, filho de Guaratinguetá (SP), faz-se importante situar os leitores sobre um outro processo de Beatificação que corre adiantado no Vaticano. Depois do nosso primeiro santo efetivamente brasileiro, podemos esperar que se cumpra o desejo do saudoso Papa João Paulo II, quando mencionou que o "Brasil precisa de santos, muitos santos"! A expectativa, agora, é pelo reconhecimento da vida de santidade de uma mulher leiga, humilde, filha e neta de escravas, que levou uma vida monástica na pequena Baependi-MG, do séc. XIX.

Quem foi Nhá Chica
Francisca de Paula de Jesus não sabia ler nem escrever, mas deixou suas mais importantes palavras publicadas em livro. A obra Caxambu escrita por Dr. Henrique Monat foi lançada em 1894, poucos meses antes da morte de Nhá Chica. Um respeitado médico foi quem primeiro fez registrar o que a comunidade de todo o sul de Minas Gerais já considerava milagre. Talvez fosse este o prenúncio de que seria mesmo necessária, no futuro, a comprovação científica para o que a alma de toda gente simples da região já compreendia tão bem.

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Com a intenção de conhecer e anotar, em entrevista, informações sobre quem era aquela que tantos já diziam "curar" de doenças ou prever, com acerto, o futuro, Dr. Monat saiu de Caxambu para uma visita à casinha simples do alto da colina, na vizinha Baependi.

A ausência de escolaridade era uma condição comum às mulheres de seu tempo. Ainda mais, descendente de escrava e órfã tão criança, como foi o caso da pequena Francisca. Incomum para aqueles tempos, no entanto, era o fato de uma mulher tão simples aconselhar pessoas de cargos importantes na sociedade até mesmo sobre posições políticas. O conhecimento para os sábios conselhos, ela mesma informou: "É porque eu oro com fé […] Não sou sybilla, nem nunca fiz milagres: eu rezo a Nossa Senhora, que me ouve e me responde; é por isso que posso responder com acerto, quando me consultam, e affirmar o que digo".

A grande importância deste registro histórico é, sem dúvida, a narrativa das ações de Nhá Chica e seu modo de vida, por um profissional das ciências que não teria sido agraciado com um conselho ou uma predição, tornando sua escrita o mais imparcial possível; e, também, o fato de ser a única reprodução exata das falas de Nhá Chica.

Em 1894, a vida de santidade de Nhá Chica inspirou Dr. Monat a encerrar o capítulo que dedica à mãe dos pobres, com a feliz consideração: “Há quem já anteveja sua beatificação e ulterior canonização. Santa Francisca de Baependy! E por que não? Porque é pouco versada em política, em astronomia, em metrificação? Outros santos, menos milagrosos, foram mais pobres de espírito. Santa Francisca de Baependy, ora pro nobis! Amen”.

Como está o processo
Pois sim, Dr Monat, estamos nós agora, 113 anos depois de seu livro publicado, também contando os dias para o anúncio oficial do Papa Bento XVI sobre a Beatificação da Serva de Deus, Nhá Chica. Os trabalhos da Comissão Histórica de Beatificação foram concluídos em 1998 e, desde então, toda comunidade sul mineira aguarda com ansiedade o reconhecimento da Vida de Virtudes e Santidade desta leiga extraordinária. O milagre selecionado por Irmã Célia Cadorin (a postuladora da Causa de Fei Galvão e Madre Paulina, é vice-postuladora da Causa de Beatificação de Nhá Chica) e sua equipe, já foi aceito pela Comissão de Médicos do Vaticano – faltando agora ser apreciado pela Comissão dos Teólogos e, posteriormente, pelo próprio Papa.

O milagre estudado se refere a um problema congênito muito grave no coração de uma professora aposentada de Caxambu – MG, que só poderia ser resolvido com uma cirurgia. Diante da cura, sem que a paciente Ana Lúcia Meirelles Leite fosse operada, os vários médicos que a examinaram em diferentes centros especializados de Minas e São Paulo, reconheceram que a ciência não poderia explicar o que houve. O fato se deu em 1995 e, desde então, Ana Lúcia faz exames regulares comprovando que o problema jamais voltou.

Informações sobre Nhá Chica
Quem quiser informações sobre os relatos de fé e milagres por intercessão de Nhá Chica; e também conhecer todas obras sociais desenvolvidas pela Associação Beneficente Nhá Chica, em Baependi (MG), pode acessar o site www.nhachica.org.br. No site, o internauta também se cadastra junto ao Projeto Mãos Amigas para ajudar centenas de meninas carentes da região e passa a receber, mensalmente, o jornal Nhá Chica Notícias do Santuário.
Outras informações pelo e-mail jornalnhachica@uol.com.br

Serviços
Conheça a Associação Beneficente Nhá Chica e visite o Memorial Nhá Chica, aberto diariamente de 8h00 às 17h00 à Rua da Conceição, 165 no Centro de Baependi – MG. As missas no Santuário da Conceição (Igreja de Nhá Chica) são às quartas-feiras às 19h00 e aos domingos em dois horários: às 9h00 e às 11h00. Sua romaria pode ser agendada pelo tel (35) 3343-1077.


*Fafate Costa é a jornalista responsável pela Comunicação Institucional da Associação Beneficente Nhá Chica, em Baependi (MG). Contatos: jornalnhachica@uol.com.br (35) 9142-2598.

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