Brasil começa a “dar a meia volta” rumo ao crescimento, com tendência de queda nos preços e PIB positivo
Jéssica Marçal
Da Redação
Inflação, desemprego, crise financeira. O brasileiro sofreu em 2016 com a instabilidade econômica, mas em 2017 o país deve começar a dar sinais de melhora. O adeus à crise terá que esperar mais ou menos dois anos, já que a recuperação da economia se dá a passos largos, principalmente no que diz respeito à geração de empregos.
A inflação de 2016 fechou em 6,29%, abaixo do teto da meta estabelecida pelo Banco Central. Para 2017, o movimento deve ser de queda nos preços, o que na verdade já vem acontecendo, conforme explica o economista Gilberto Braga. “Os preços vêm baixando desde o final de 2016 e esse movimento permanece como previsão para 2017. Entretanto, isso ainda é de difícil percepção para boa parte da população na medida em que foram praticamente dois anos de inflação muito elevada”.
Embora alguns produtos estejam mais baratos – como é o caso do tomate, da batata inglesa, cebola e cenoura – há uma memória de que tudo custa caro, até porque o “conjunto da obra” continua apertado para o brasileiro e as pessoas ainda têm dificuldade para equilibrar a vida financeira. “De qualquer forma, a previsão para 2017 é mais otimista, de continuidade de queda nos preços de forma generalizada, o que representará a possibilidade de uma virada na economia a partir do segundo semestre”.
Quando a crise vai acabar?
Um cenário otimista já alivia um pouco a preocupação do brasileiro que passou aperto em 2016, mas a pergunta que não quer calar é quando essa crise vai acabar definitivamente. Gilberto diz que o Brasil faz a “meia volta” em 2017, ou seja, o país desceu, chegou ao vale, e agora começa a subir rumo a um pico.
“2017 já mostra uma virada de jogo, não recupera tudo que perdeu; pra recuperar, mais um ou dois anos pela frente. Portanto, em 2019 poderemos dizer que vamos zerar as perdas dos últimos anos. Mas 2017 já vai ser positivo, 2018 também e 2019 ainda mais positivo sendo que esse cenário de otimismo com relação aos próximos anos tem como pressuposto que o novo governo americano, de Donald Trump, não vai criar nenhuma grande situação internacional a ponto de travar o comércio entre as nações e as economias”.
PIB
Uma das formas de ver se o país vai bem ou mal financeiramente é analisar o PIB, Produto Interno Bruto, que é a soma de todas as riquezas produzidas pelo país. O PIB 2016 do Brasil ainda não foi contabilizado, mas já se sabe que ele vai ser negativo, diante do gargalo que o país enfrentou com a instabilidade político-financeira.
Para 2017, Gilberto diz que o esperado é um PIB pequeno, algo em torno de 0,5%, mas por ser positivo isso já é uma boa notícia. “O simples fato de deixarmos de encolher a economia e voltarmos a crescer já é um sinal de melhora e eu acho que isso é a grande notícia do ano que se iniciou agora”.
Desemprego
Um reflexo imediato da crise financeira no último ano foi o aumento do desemprego. No trimestre de setembro a novembro de 2016, por exemplo, atingiu-se a maior taxa desde 2012, sendo 12,1 milhões de pessoas desempregadas, o que mostra um aumento de 2,9 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre de 2015.
O presidente do Brasil, Michel Temer, está otimista com relação ao cenário para 2017. Em sua mensagem de fim de ano, ele afirmou aos jornalistas que a taxa de desemprego iria começar a cair a partir deste ano.
Gilberto explica que o desemprego é o último dos indicadores a reagir dentro da economia, ou seja, as empresas só recontratam ou criam novas vagas de trabalho quando estão seguras de que a economia está indo bem novamente. “Isso significa, em termos práticos, que somente no último trimestre de 2017 nós começaremos a ter um provável crescimento na geração de empregos”.
Taxa Selic
Com relação aos juros básicos da economia, a taxa Selic, a estimativa é de que fique em torno de 9,75% ao ano, segundo boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central (BC) feita com instituições financeiras. A Selic representa a taxa mínima que é utilizada como referência para o cálculo dos juros na venda dos títulos da dívida pública, ou seja, é o que o próprio governo adota como padrão para vender títulos no mercado e arrecadar dinheiro para equilibrar as finanças.
Uma queda da Selic representa uma melhora da situação financeira do governo e isso reflete positivamente na população. “As taxas decorrentes da taxa primária que são aquelas praticadas pelas empresas, pelos bancos, cartão de crédito, cheque especial, empréstimo pessoal, são maiores que aquela que o governo determina como partida. Quando a Selic cai, ela força todas as outras taxas de juros da economia a caírem no futuro”, explica Gilberto.
A consequência dessa queda, portanto, é a diminuição do custo do endividamento das pessoas, possibilidade da expansão do crédito e, futuramente, do consumo.