Estima-se que cerca de 90 mil já morreram por causa da fé em Jesus. Diante disso, Francisco recomenda à Igreja, oração e ajuda material
André Cunha
Da Redação
Os cristãos fazem parte do grupo que mais sofre perseguições em todo o mundo. Logo, o Papa Francisco recomendou que se reze por eles neste mês de março, para que experimentem o apoio de toda a Igreja na oração e através da ajuda material.
Segundo estimativa do Centro de Estudos Novas Religiões, cerca de 90 mil cristãos foram mortos devido à sua fé em 2016.
A perseguição acontece em diversos países como: Coreia do Norte, Somália, Iraque, Síria, Afeganistão, Sudão, Irã e Paquistão. Em lugares como a Coreia do Norte, há uma dificuldade em saber o que acontece por lá, devido ao regime socialista-comunista extremamente fechado. A Eritreia (África Oriental) é tratada como um outra Coreia do Norte, pela forma como lida com os cristãos.
Quem está longe destes lugares, não tem muito o que fazer a não ser rezar e/ou enviar alguma ajuda por meio de organizações. A oração, segundo o padre Éder Pires, da Comunidade Canção Nova, é um auxílio eficaz e tem o poder te sustentar espiritualmente quem está sofrendo com perseguições.
“Se tomarmos consciência do que está acontecendo, dobrarmos os joelhos e pedirmos, a graça de Deus vai se manifestar. Assim é a Igreja: não apenas terrena, mas sobretudo, espiritual. É em virtude desse suporte espiritual que nós temos, com a comunhão dos santos, que clamamos pelos perseguidos. A intercessão tem sua eficácia e, por isso, nós devemos interceder para que eles não percam a fé, para que permaneçam com Cristo, mesmo sofrendo em sua carne”, disse o padre.
Já a ajuda material chega aos lugares de conflitos por meio organismos como a AIS (Ajuda a Igreja que Sofre), da Igreja Católica. De acordo com Rodrigo Arantes, que trabalha no setor de comunicação da AIS, o organismo atua diretamente com quem ainda permanece nos locais de perseguição, ou porque optaram por permanecer ou porque foram obrigados.
O tripé da AIS é este: informação, oração e a ajuda. “Acreditamos que quando informamos estamos dando subsídio para as pessoas rezarem; aqueles que rezam não conseguem ficar indiferentes, querem ajudar de alguma forma. Esta ajuda não é necessariamente para os refugiados que chegam a outros países, mas para aqueles que querem permanecer ou os que não podem sair dos locais onde ocorre a perseguição”, explica.
Atualmente, mais de 1800 famílias recebem moradia; 13 mil, cestas básicas, em diversas partes do mundo, mas principalmente no Iraque, na região autônoma do Curdistão, que é mais segura, o que torna possível também oferecer escola para as crianças, remédios, atendimento médico e projetos que dão esperança.
Esperança em forma concreta
Rodrigo explica que estes projetos são divididos em cinco pontos:
1º) Ajudar os líderes, e os líderes podem ajudar os outros
2º) Fazer as crianças rirem novamente, ao menos em festas como Páscoa e Natal, porque isso alimenta nelas a esperança e ajuda na cura dos traumas.
3º) Permitir que as crianças frequentem as escolas. “Nós percebemos que nos períodos de guerra chegavam muita ajuda de alimento, remédio mas nada que oferecesse educação, nem esperança para as crianças. Então, é como se tivesse formando a próxima geração para a guerra, e não é isso que eles querem, querem a paz”, explica Rodrigo.
4º) Dar moradia
5º) Trazer de volta a segurança, e isso é, sobretudo, “feito com o que está ao nosso alcance: a oração pela paz”.
A religião da esperança
Rodrigo afirma que, apesar de ser o mais perseguido, o grupo dos cristãos também é o que mais dá esperança, “porque consegue ver o sofrimento à luz da fé”. “O cristianismo não cresce amparado pelos poderes do mundo, mas pela atração que Cristo exerce nas pessoas em cada momento da história. Os cristãos não são o único grupo perseguido, existem outras minorias, então eles acabam sendo uma esperança para os outros, de conseguir ter alegria apesar da perseguição”.
“Existem aqueles que precisam fugir, mas há aqueles optam por permanecer e servir de esperança para os outros. Parece que quanto mais sofrem, mais a fé é fortalecida. Realmente, fazem a experiência de cruz! O cristianismo sempre vai nascer de um coração perfurado, e o cristão perseguido ele tem justamente isso, um coração perfurado, e é aí que a gente vê toda a Divindade”, afirmou.
“Esperança inquebrantável”
Perguntado se é realmente possível ter esperança em lugares assim, quando se está rodeado de morte e dor, Rodrigo Arantes testemunha que sim, “existe esperança”.
“Nosso padre responsável da AIS no Oriente Médio voltou recentemente de Nínive. Ele visitou e disse que existe esperança. As pessoas querem voltar para a região. Um problema que estão encontrando é a presença de alguns grupos extremistas que não querem os cristãos de volta; outras pessoas que tinham casa, mas agora não a têm mais. Tanto que estamos fazendo um levantamento profissional do que precisa ser reconstruído não só dentro do que nos podemos fazer mas para que também outras ONGs possam ajudar. Eles pediram casas para mais 5 mil famílias que estão querendo voltar”, contou.
“Então existe essa esperança. Eles não perdem a fé! A esperança deles é algo inquebrantável, de modo geral. O que vemos nos testemunhos que chegam, é que eles têm uma fé inabalável”, afirmou.
Todos os meses, o Papa recomenda que a Igreja reze por alguma intenção especial, que é divulgada anualmente pelo Apostolado da Oração, uma Rede Mundial de Oração do Papa, a serviço dos desafios da humanidade e da missão da Igreja.