Os analfabetos funcionais são uma realidade preocupante que têm afetado as empresas, com o crescente número de mão de obra de universitários com déficit na alfabetização
Kelen Galvan
Da redação
Nesta sexta-feira, 13, o Brasil celebra o Dia Nacional da Alfabetização. Embora o número de analfabetos tenha diminuído nos últimos quinze anos, uma realidade assombra milhares de jovens no país, o analfabetismo funcional.
São pessoas alfabetizadas, mas que, embora reconheçam letras e números, não compreendem textos simples, nem conseguem realizar operações matemáticas mais complexas.
De acordo com o Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF), a alfabetização pode ser classificada em quatro níveis: analfabetos, alfabetizados em nível rudimentar (aqueles que conseguem ler e compreender apenas títulos de textos e frases curtas e têm dificuldades com a compreensão de números grandes e operações aritméticas básicas), os alfabetizados em nível básico (conseguem ler textos curtos, mas não conseguem tirar uma conclusão sobre o mesmo; também realizam as operações matemáticas básicas, porém têm dificuldades com as complexas), e por fim, os alfabetizados em nível pleno (têm pleno domínio da leitura, escrita e das operações matemáticas).
Ao contrário do que se pensa, a analfabetização funcional não está ligada diretamente à baixa escolaridade. Segundo o último relatório do INAF, de 2012, 38% dos jovens universitários têm dificuldade na interpretação de textos e/ou elaboração de cálculos.
Analfabetos funcionais no mercado de trabalho
Esses números também refletem no mercado de trabalho. A analista de Recrutamento e Seleção Sênior, Josiane Aparecida da Silva, afirma que os analfabetos funcionais estão presentes de forma geral em todas as empresas. “Reflexo, também, da qualidade do ensino no nosso país”.
De acordo com ela, o impacto maior em relação ao desempenho no trabalho é referente às pessoas que têm formação superior ou técnica, porém, no cotidiano, não conseguem compreender e interpretar, de forma adequada, regras, procedimentos, normas, leis e instruções de trabalho. “Consequentemente, apresentam algumas dificuldades, como redigir um e-mail, limitando e prejudicando a eficiência e eficácia da comunicação”, exemplifica.
A analista destaca que, com a diversidade de campos de atuação em uma empresa é possível direcionar as pessoas para as funções compatíveis com seu nível de aprendizagem. Porém, existem os desafios.
“A maior dificuldade hoje na contratação se dá devido ao fato de que determinadas funções exigem um nível de formação em termos de títulos/currículo, que inclusive são requeridos na CBO (Classificação Brasileira de Ocupações), mas na prática as habilidades e competências das pessoas não são compatíveis com o seu nível de escolarização. E por outro lado, nos deparamos com candidatos que possuem as habilidades e competências necessárias para o cargo, porém, não possuem o título/comprovante de escolaridade exigidos”, explica Josiane.
Investir na capacitação
Para melhorar o desempenho dos profissionais já contratados pela empresa, mas que apresentam esse déficit de aprendizagem, Josiane explica que o caminho é investir na “qualificação”, com a indicação de locais e procedimentos necessários para que estes retomem seus estudos.
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