Empenho da população é fundamental para evitar novos casos de dengue, zika e chikungunya
Kelen Galvan
Da redação
O calor e as chuvas que já começam nesta época do ano exigem cuidados redobrados para evitar a multiplicação do mosquito Aedes Aegypti, principal transmissor da dengue, zika e chikungunya. Isso porque as condições facilitam a reprodutividade do mosquito.
Embora as campanhas de conscientização aconteçam durante todo o ano, elas se intensificam nesta época, pois acabar com novos focos do mosquito é fator fundamental para eliminar novos surtos ou epidemias destas doenças.
“Como todas as espécies, os mosquitos vão se adaptando. E hoje já tem descrito e identificado por pesquisadores que os mosquitos podem se reproduzir, colocar seus ovos, até mesmo numa tampinha de garrafa, se ali tiver água”, alerta a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Maria Cristina Ferreira Lemos.
A responsável explica que a população precisa cuidar do seu entorno, no ambiente onde vive, e que o ideal é que as pessoas olhem pelo menos uma vez por semana a área externa de suas residências e cuidem se tiverem plantas dentro da água.
“Quem mora em uma área maior, numa casa, num sítio ou em um lugar que tenha quintal, é preciso olhar pelo menos uma vez por semana o que está exposto à chuva, garrafas viradas pra cima, vasos de plantas que não esteja utilizando e não tenha furo para escoar a água, para identificar locais que podem reter a água onde o mosquito fêmea possa pousar e por seus ovos. Incluindo reservatório de água para animais, que também já está descrito que está muito frequente encontrar focos de mosquito”.
Zika
Em dados divulgados pelo Ministério da Saúde em maio deste ano, a região centro-oeste teve a maior taxa de incidência de casos de Zika, com 113,4 casos por 100 mil habitantes, e o estado do Rio de Janeiro teve maior número de prováveis casos da doença, com 25.930 notificações.
Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde do Rio, esse número é apenas uma parcela das pessoas que provavelmente foram infectadas pela zika.
“Temos um número de pessoas que manifestaram os sintomas, mas na literatura está descrito que 70 a 80% das pessoas podem adoecer sem apresentar nenhum sintoma. E os cientistas e pesquisadores estão estudando isso para estimar quanto da população já pode ter ficado doente, até mesmo para sabermos se ainda tem muita gente suscetível, que possa adoecer numa nova onda”, explica.
Ela destaca ainda que a zika é uma doença nova, há muito o que se conhecer sobre ela, e que as pessoas precisam procurar o sistema de saúde para notificar a ocorrência. “A partir disso, é feito o monitoramento semanal desses casos, para saber identificar exatamente o momento em que a doença volta a crescer ou se ela está se estabilizando”, orienta.
Cristina Lemos explica que o comportamento das doenças é acompanhado ao longo do tempo. Com isso, observou-se que a dengue já passou por vários períodos com grande número de casos e a Zika foi muito frequente no ano passado, com um número muito expressivo, contudo desde maio as notificações da doença diminuíram.
Para ela, esse fator indica que pode haver uma diminuição nos casos de Zika em 2017. Entretanto, há risco de uma epidemia de Chikungunya, por ser um vírus novo.
Chikungunya
Em agosto deste ano, o subsecretário de Vigilância Epidemiológica em Saúde do Rio fez um alerta de possível epidemia de chikungunya no verão de 2017. Para Cristina Lemos, há indícios de que isso possa sim acontecer no país.
“O risco existe realmente, pelo comportamento da doença, ao longo do tempo, e pelo que já foi descrito na literatura internacional, é possível que pelas condições (poucas pessoas já tiveram a doença e ser um vírus recém-chegado aqui no país) isso possa acontecer. Não há como garantir que vá acontecer, mas há referências e indícios que pode acontecer essa epidemia”, alerta.
Cristina explica que epidemia é um número muito elevado de casos, do esperado para a época, e para que ela aconteça são necessários vários fatores, como ter pessoas que nunca ficaram doentes e ter o vírus circulando.
Por isso, o cuidado com a proliferação do mosquito transmissor é necessário durante todo o ano, não apenas nesta época do calor.
“O mosquito existe e se reproduz o ano todo. E se reproduz nas mesmas condições (…) Por isso a gente insiste nas campanhas de conscientização da população, que precisa ser o ano inteiro”.