O cristão está sempre em vigilância, como um sentinela, disse o Papa na Missa de hoje
Da Redação, com Rádio Vaticano
Somente Cristo crucificado salvará dos demônios que fazem “deslizar lentamente para a mundanidade”, destacou o Papa Francisco durante sua homilia na Missa celebrada nesta sexta-feira, 13, na Casa Santa Marta.
A homilia foi inspirada no Evangelho de Lucas, em que Jesus diz: “Mas se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus”.
O Pontífice exortou ao exame de consciência e às obras de caridade, “aquelas que custam”, mas que “nos levarão a ser mais atentos” e vigilantes para que não entrem “astutos” personagens, ou seja, os demônios.
O Senhor, explicou o Papa, pede que os homens sejam vigilantes para não caír em tentação. Por isto, o cristão está sempre em vigilância, está atento, como um sentinela.
O Evangelho fala da luta entre Jesus e o demônio e de alguns que disseram que Cristo tinha “a permissão de Belzebú” para expulsá-lo. Jesus não conta uma parábola, observou o Papa, mas diz uma verdade: quando o espírito impuro sai do homem, vagueia por lugares desertos buscando um repouso e, não encontrando, decide retornar para a casa de onde saiu, onde habita o homem “livre”.
Então o demônio decide trazer consigo “outros sete espíritos piores do que ele”, de forma que também a condição daquele homem fique pior do que antes. Precisamente a palavra “pior”, evidenciou o Santo Padre, tem tanta força nesta passagem, porque os demônios entram “na surdina”.
“Começam a fazer parte da vida. Também com as suas ideias e as suas inspirações, ajudam aquele homem a viver melhor… e entram na vida do homem, entram em seu coração e por dentro começam a mudar este homem, mas tranquilamente, sem fazer barulho. É diferente, este modo é diferente daquele da possessão diabólica que é forte: esta é uma possessão diabólica um pouco “de salão”, digamos assim. E isto é o que o diabo faz lentamente, em nossa vida, para mudar os critérios, para levar-nos à mundanidade. Se mimetiza em nosso modo de agir, e nós dificilmente nos damos conta. E assim, aquele homem, liberto de um demônio, torna-se um homem prisioneiro, um homem oprimido pela mundanidade. E isto é aquilo que o diabo quer, a mundanidade”.
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A mundanidade, por outro lado, é “um passo adiante na ‘possessão’ do demônio”, acrescentou Francisco. É um “encantamento”, é a “sedução”. Porque é o “pai da sedução”. O Papa explicou que, quando o demônio entra tão suavemente, educadamente e toma posse das atitudes, os valores vão do serviço a Deus à mundanidade. Assim, os cristãos se tornam “cristãos mornos, cristãos mundanos” com uma “mistura” – que o Papa chama de “salada de frutas” – entre o espírito do mundo e o espírito de Deus. Tudo isso afasta de Deus, ressaltou.
Francisco respondeu então à questão do que fazer para “não cair” e para sair de tal situação, reafirmando o tema da vigilância. “Vigiar significa entender o que acontece no meu coração, significa parar um pouco e examinar a minha vida. Sou cristão? Eu educo mais ou menos bem os meus filhos? Minha vida é cristã ou é mundana? E como posso entender isso? A mesma receita de Paulo: olhar para Cristo crucificado. A mundanidade só vê onde está e se destrói diante da cruz do Senhor. E este é o propósito do Crucifixo em nossa frente: não é um ornamento; é exatamente o que nos salva desses encantamentos, dessas seduções que nos levam à mundanidade”.
O Pontífice convidou os fiéis a se perguntarem se olham para o Cristo crucificado, se fazem a Via Sacra para ver o preço da salvação, não só dos pecados, mas também da mundanidade.
“Então, como eu disse, o exame de consciência, para ver o que ocorre. Mas sempre diante do Cristo crucificado. A oração. E depois, fará bem fazer-se uma fratura, não nos ossos: uma fratura nas atitudes confortáveis: as obras de caridade. Estou confortável, mas vou fazer isso, que me custa. Visitar uma pessoa doente, ajudar alguém que precisa… não sei, uma obra de caridade. E isso rompe a harmonia que procura fazer esse demônio, esses sete demônios com o chefe, para fazer a mundanidade espiritual”.