AUDIÊNCIA GERAL

Papa: “Só nos mantemos em pé avançando, num impulso de caridade”

Francisco apresentou o testemunho da serva de Deus Madeleine Delbrêl, que aprendeu que o equilíbrio do cristão vem do colocar-se em movimento

Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco cumprimenta fiéis reunidos na Praça São Pedro / Foto: REUTERS/Guglielmo Mangiapane

Na Audiência Geral desta quarta-feira, 8, o Papa Francisco seguiu com o ciclo de reflexões sobre o zelo apostólico. Desta vez, o testemunho apresentado aos fiéis na Praça São Pedro foi o da venerável serva de Deus Madeleine Delbrêl.

Ela nasceu na França, em 1904, e morreu em 1964. “Foi assistente social, escritora e mística, e viveu por mais de trinta anos na periferia pobre e operária de Paris”, destacou o Pontífice. Ele também contou que Madeleine teve sua adolescência vivida no agnosticismo, mas, aos 20 anos, após ouvir o testemunho de alguns amigos, ela conheceu a Deus.

Saindo em busca d’Ele, a jovem deu voz a uma sede profunda que sentia dentro dela, expressou o Santo Padre. Assim, ela chegou à compreensão de que o “vazio existencial” sentido dentro de si, angustiando-a, na verdade era Deus que a procurava.

Em relação a esse encontro com o Senhor, Francisco declarou que “uma vez conhecida a Palavra de Deus, não temos o direito de não a receber; uma vez recebida, não temos o direito de não a deixar encarnar em nós, uma vez encarnada em nós, não temos o direito de a guardar para nós: a partir desse momento pertencemos àqueles que a esperam”.

Espiritualidade da bicicleta

Após esta experiência, Madeleine passou a “desenvolver uma opção de vida inteiramente entregue a Deus, no coração da Igreja e no coração do mundo”. Ela se aproximou e começou a servir as “pessoas nas ruas”, partilhando a fraternidade.

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Em uma poema em que se dirige a Jesus, a francesa exprimiu que “para estar contigo no Teu caminho, é preciso ir, mesmo quando a nossa preguiça nos implora para ficar. Tu nos escolheste para permanecermos num estranho equilíbrio, um equilíbrio que pode ser estabelecido e mantido só em movimento, só num impulso. Um pouco como uma bicicleta, que não se segura sem girar […] Só nos mantemos em pé avançando, movendo-nos, num impulso de caridade”.

A esta reflexão, o Papa chamou de “espiritualidade da bicicleta”, na qual é somente quando se está na pista, a caminho, que se vive o equilíbrio da fé. Ele comentou ainda que Madeleine “tinha o coração sempre em saída, e se deixa desafiar pelo grito dos pobres. Ela sentia que o Deus Vivo do Evangelho deveria arder dentro de nós até que levemos o seu nome àqueles que ainda não o tenham encontrado”. Para o Pontífice, a jovem, voltando-se para as convulsões do mundo e para o grito dos pobres, sentia-se chamada a “viver integralmente e ao pé da letra o amor de Jesus”.

“Evangelizando somos evangelizados”

O Pontífice também pontuou um outro ensinamento deixado pela jovem, de que “evangelizando somos evangelizados”. Ele explicou que, “olhando para este testemunho do Evangelho, também nós aprendemos que em cada situação e circunstância pessoal ou social da nossa vida, o Senhor está presente e nos chama a viver o nosso tempo, a partilhar a vida dos outros, a misturar-nos nas alegrias e tristezas do mundo”.

Mesmo os ambientes secularizados, pontuou o Santo Padre, ajudam na conversão daqueles que já se converteram, porque o contato com os não-crentes provoca os que creem a rever continuamente o seu modo de crer e a redescobrir a fé na sua essencialidade. Por fim, Francisco concluiu pedindo a intercessão de Madeleine Delbrêl, para que “nos ensine a viver esta fé ‘em movimento’, por assim dizer, esta fé fecunda de que cada ato de fé se torne um ato de caridade no anúncio do Evangelho”.

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